Capitulo 8: Um mundo em ruínas

5 1 0
                                    

Descemos pelo interior da torre usando os elevadores de carga até uma das saídas principais, da qual explicaram eles que provavelmente foi por onde os Mutantes conseguiram acesso a parte externa da torre. Foi nesse momento em que descobri que eles também escalavam paredes como cabritos-monteses; a secreção expelida por alguns deles era como uma cola e, apesar de não serem inteligentes, sabiam se grudar a superfícies impensáveis.

Não há muitos veículos que funcionem na Central, e os que funcionam servem para transportar coisas e pessoas em emergências por causa da oferta limitada de combustivel, por isso teríamos que andar alguns quilômetros a pé antes de encontrar um veículo novo e que tivesse um combustível que ainda não tivesse sido furtado por oportunistas.

Saquei uma faca e fiquei à espreita. Como aprendi no treinamento, não podemos descuidar de nada, ainda mais estando escuro e tudo em silêncio; as passadas deles são silenciosas, lentas, eles não te emboscam mas estão presentes onde menos esperamos.

— Qual a situação? — perguntou Joudith a frente.

— Limpo.

— Limpo.

— Limpo — alertei, jogando o cabelo por sobre a orelha.

Pulamos por cima de um caminhão tombado e continuamos andando devagar, Joudith viu um infectado e atirou apenas uma vez. Nossos passos são audíveis em meio a terra e ao asfalto quebrado, nossas botas eram o único barulho audível em meio a trilha que fazíamos, deixando um rastro luminoso pelo caminho. Cesar estava atrás de mim e eu atrás de Karl. Alessa assumiu uma atenção maior pedindo para pararmos e depois falou:

— Os disparos vão atrair hordas, precisamos agir com cautela.

Logo depois não só ela como todos nós começamos a disparar em mais um que apareceu na frente dela, alguns infectados emanavam cores fluorescentes rondadas por manchas de sangue pelo corpo, além de que muitos gritavam possivelmente com a dor lancinante de serem monstros.

Todos nós suspiramos ao perceber que estávamos cercados no "escuro". Cesar começou a disparar neles, Alessa tirou seu rifle e distribuiu coronhadas nos bichos com a ponta debaixo da armada, adaptada com uma espécie de baioneta.

Além das armas, os Defenders sempre carregavam as "Fieis"; sabres retrateis que levamos num suporte nas costas. Costuma ser leve e mais adequado que armas de fogo que emitem estampidos.

Pulei em cima deles e comecei a decapitá-los como podia, sangue colorido voava nas minhas roupas e impregnava como gosma de lesma. Joguei um para Cesar e ele atravessou a baioneta na sua cabeça.

Um dos infectados que parecia uma mulher com os cabelos longos tapando seus olhos e a pele numa cor azul escuro — Assim como grande parte dessas coisas —, puxou Cesar para perto dela só com a força dos cabelos, eu corri rapidamente até ele, mas tropecei em uma pedra e torci o tornozelo, por sorte consegui atingi-la na cabeça antes que mordesse Cesar, ele a largou com um grito de pavor e depois veio até mim.

— Você me salvou de novo, Megs!

— Estamos quites... depois de quinze anos.

Naquele dia estávamos na floresta quando um macaco me surpreendeu e quase me derrubou da cachoeira, mas Cesar o pegou a tempo e ainda me salvou da queda já que meus cabelos impediam minha visão na hora.

Os últimos Mutantes foram derrubados e nós estávamos bem. Joudith voltou a nós enquanto recarrega sua arma. Ela apontou a luz sobre seu rosto, se transformando em uma figura pálida.

— Todos bem?

— Acho que torci o tornozelo — gemo ao tentar movê-lo e não conseguir, já que estava latejando e paralisado, parecia o pulsar de um coração.

Projeto MaggieOnde histórias criam vida. Descubra agora