Capitulo 23: Botas limpas e prontas para a viagem

0 0 0
                                    

Ao entardecer do mesmo dia eu subi ao topo de fortaleza; estava calor, como se eu fosse um cogumelo dentro de uma estufa. Apesar de amar praia, não queria imaginar que aqueles raios UV poderiam me causar um câncer de pele terrível.

Então, ativo o meu escudo no bracelete, habilito a máscara e estou pronta para sair do lado de fora, me encostando nos gradis de metal enferrujado pelos efeito do tempo, olhando lá para baixo onde existem Infectados e Mutantes caminhando de um lado para o outro. Daqui de cima existe paz, não consigo ouvir os grunhidos.

Ou o urro que eles dão, me fazendo lembrar daquela cela escura onde havia uma centena, empoleirados como galinhas num abatedouro.

O ferrolho da porta de metal-corta chamas trás a presença inconveniente do meu amigo Clyde e do outro, o Cesar. Ambos começam com C, mas eu considero um cerca de 20% a menos que o outro no momento.

Ok, é legal que estejam se dando bem.

— Falei que ela só poderia estar tomando banho de radiação nessa hora.

Clyde riu, tocando-lhe o ombro.

— Podemos incomodar? — perguntou Clyde, me abraçando.

Eu me acomodei nos braços dele.

— Não tem jeito de eu escapar de vocês, então, sim.

— No que está pensando? — perguntou Cesar.

— No conflito entre as cidades. No que eu poderia fazer para não ter que repetir aquela imagem.

— Do que está falando?

— Aquele terrorista, o James, explodiu a Virgínia com um míssil nuclear, provavelmente roubado do arsenal dos Estados Unidos. Eu vi por uma pequena tela. Vi tudo sendo iluminado de branco. Tinha pessoas lá, Clyde, Cesar. Pessoas inocentes que não mereciam aquele destino terrível.

Olhei para o céu sem vida.

— Queria... levar uma mensagem de esperança.

— Com ditadores você não dialoga, Megs.

— Você passa o ferro — apostei, dando as costas para os dois e me fechando numa concha. — Eu só vejo duas saídas possíveis.

— Eu também — Cesar se adiantou. — Ou intervimos ou executamos eles.

— É — concordei. — A primeira é o que eu faria, a segunda é o que vocês fariam; causa e consequência.

Clyde acenou.

— Eu voto para você se tornar líder, é mais humana que Joudith.

— Você percebeu também? — me virei para eles.

— Ela não é tão ruim — cuspiu Cesar.

— Claro que não, você não tira os olhos da raba dela — revirei os olhos.

— Megs, qual é. Você nunca vai superar? Não vamos mais ser amigos pelo o que aconteceu no passado? Escuta: por quinze anos eu vi o seu corpo congelado em criogenio sem poder conversar, sem poder trocar ideia, sem poder contar o que conquistei, com quem fiquei, como eu estava me sentindo. Quando você acordou, tudo o que eu queria era voltar ao nosso tempo e caçar, pular nas árvores, nadar sem roupa no rio. O que eu preciso fazer para você me perdoar?

— Provar que daria sua vida para me proteger.

Ele ficou sem palavras, porém não sabia o que dizer depois, apenas que a presença dele estava me incomodando e Clyde era uma presença melhor do que a dele no momento.

Melhor, eu não queria era nenhum dos dois aqui!

Eu queria era um chocolate quente e paz!

* * *

Projeto MaggieOnde histórias criam vida. Descubra agora