Capitulo 25: O Vácuo do Coração

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— Aproximadamente dois dias depois.

Muita coisa aconteceu em dois dias, desde o simples fato de que não há mais nada para beber, com exceção de vinho seco, até o fato de que a chuva ácida ainda caia, e para piorar o telhado fazia barulho e estava se desmanchando aos poucos. Antes a chuva fazia bem a qualquer ser vivo por ser uma das principais fontes de vida na terra, porém agora era o nosso pior pesadelo. Tudo podia ser superado de certa forma, menos uma chuva cheia de radiação. Nossa comida era racionada e fazíamos o possível para economizar em qualquer coisa. Havia também poucos palitos de fósforo sobrando, o que significava que quando acabasse, também não haveria mais calor para nos aquecer.

Admito que o medo e a adrenalina disputavam o pódio pelo meu corpo rosado a todo o momento em que pequenos grupos passavam por nós, responsáveis por barrar a aproximação deles.

Trina era cautelosa ao dar um tiro de sniper através da janela no quarto de casal para abater ameaças. A cada instante ela parava para que conversássemos, mas eu já nem queria mais fazer isso devido os pensamentos ruins que me dominavam.

— Como eu gostaria de estar em Miami Beach agora; areia branquinha, uns playboyzinhos lisinhos para eu espiar por baixo do óculos de sol.

Ela carrega uma bala.

— Vá lá e vai encontrar diversas pessoas com biquínis e sungas, mas que talvez não estejam tão gatos quanto você imagina.

Conferi as minhas reservas de munição.

— Estou ficando sem munição.

— Pede mais para o Owen lá embaixo, aproveita e peg... — um barulho a interrompeu e a jogou para trás pelo susto, sua arma caiu do outro lado.

E eu, por instinto, quase gritei, sentindo o coração explodir.

Um raio atingiu um carro a alguns metros de distância.

O nosso carro!

— NÃOOO! — ele estava em frangalhos, assim como a rua e os infectados atingidos. — E agora, como vamos sair daqui?! — ajudei ela a se levantar.

E assim que olhei pela janela, vi que tudo ficaria ainda pior quando uma centena de infectados estava vindo do leste e oeste, ouvia grunhidos pavorosos e passos se aproximando rapidamente em manadas.

— Pessoal! Precisamos sair daqui, o lugar não é mais seguro! — eu sai berrado enquanto descíamos correndo pela escada, os homens já estavam ocupados atirando sem parar nos mutantes que apenas se aglomeravam mais e mais.

Ric recarregou e atirou com sua escopeta, dando uma abertura para sairmos.

— Vamos, soldado! — Owen gritou, antes que pegássemos nossas mochilas e armas e saímos derrubando aquelas coisas na frente da porta.

Owen dava apenas uma batida para derrubar os monstros e despedaça-los no meio enquanto abria caminho.

Mas que caminho?

Tirei minhas katanas das costas e sai decapitando-os em golpes precisos, mas isso não ajudava em quase nada, todos olhamos para os lados sem saber para onde iríamos e então fomos para a esquerda onde havia menos infectado em aglomeração, limpando o caminho.

Na saída nós corríamos o quanto dava, chutando e derrubando-os. Trina recolheu sua sniper caída no chão e já deu uma coronhada em um que se aproximava. Meu coração disparou pela boca e no momento eu quase acreditei que podia correr a quinhentos quilômetros por hora.

Então algo que me fez esbugalhar os olhos e paralisar no instante em que olhei para trás.

— Cesar! — eu gritei, desesperada quando no momento vi um homem com uma aparência horripilante; o crânio aberto, a pele esverdeada com algumas partes azuis em que estava inchado, os olhos vermelhos e um braço que era maior e mais forte que o outro o pegando pelas costas e o puxando para trás.

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