Capitulo 14: Um difícil caminho

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Virei a chave, me acomodei no banco e sai pilotando desajeitadamente por ter experimentado aquilo tão poucas vezes, tão poucas vezes que o meu primo entregador de comidas havia me permitido dar uma volta pelo bairro Provavelmente ele estava morto agora, mas com certeza ficaria bastante orgulhoso por me ver ao menos conseguindo me manter em cima dela.

Devagar eu entrei numa avenida, parecia estar indo bem. Um vento pesado me jogava para o lado com violência então precisei baixar a viseira da minha máscara para enxergar o mínimo daquele horizonte morto e desconhecido. Era incrível sentir a liberdade, o vento nos meus cabelos, o silêncio que eram as ruas quase desertas, o vazio deixado pela população que existia e, claro, um clima quase agradável, nem quente e nem frio graças ao céu nublado.

Vi um infectado se aproximando e simplesmente o empurrei para o lado sem querer matá-lo

De repente um aperto faz a minha garganta fechar e eu quase caio, perdendo o equilíbrio na mão esquerda. Uma estranha sensação de calafrio que me deixa triste, uma sensação de ter feito algo de errado que eu tento superar rapidamente. Não havia feito nada de errado... ou fiz? Precisava eliminar os males do antigo mundo e começar com os ditadores era a melhor forma de recomeçar bem. Tantas e tantas oportunidades que essas pessoas devem ter tido de fazer o bem para outras; de alimentar, dar acolhida, fazer o bem e provavelmente não fizeram, do contrário, esnobaram e se mantiveram em suas casas de ouro.

Considere isso uma recompensa, as palavras do homem rebatem na minha cabeça e parecem duras demais para suportar. Ok, preciso parar de pensar nisso, eu o fiz certo sim, queria sobreviver, queria proteger aqueles entojados e por isso sacrifiquei um deles para ganharmos tempo.

Sacrifiquei uma pessoa viva... entreguei ele aos monstros, eu matei uma pessoa a sangue frio.

* * *

Ainda na volta eu vi uma rua secundária que dava onde eu morava, pois reconhecia muito bem os seus comércios humildes, a casa de vendas, o hospital grande e os outros estabelecimentos que funcionavam como em uma comunidade isolada

Tenho muitas boas histórias desse lugar que gostaria de guardar.

Mas estava tudo destruído, abandonado, tomado de mofo, cinzas, foi queimada e saqueada. Toda a minha história estava aterrada pelo pó, pela destruição e pelos efeitos do tempo. Ouço passos daquelas coisas se movimentando, pisando em vidro, o grunhido esganado inconfundível.

Olhei para o lado próximo de um ponto de táxi e ônibus, lá, a primeira coisa que vi e reconheci foi o antigo ônibus da escola em que estudei até pouco tempo e que me fez lembrar que os meus amigos(as) agora estão mortos ou são mortos-vivos comedores de tudo o que é vivo.

Até que passei próximo a minha rua da minha casa, minha vida antiga, não pude evitar olhá-la com lágrimas nos olhos. Ela estava abandonada, com os vidros quebrados, incendiada, as traças e com os telhados quebrados. Minha casa da árvore ainda estava lá, ou o que havia restado dela, com a árvore carbonizada e caindo aos pedaços.

Mas a minha distração com a casa tirou meu foco na rua, quando olhei para frente atropelei um Mutante que jorrou secreções em mim, outro pulou nas minhas costas e me derrubou como um papel no chão.

Todos eram vizinhos e pessoas próximas, incluindo o velho Joe da loja em que Cesar e eu vendiamos nossas caças. Eu comecei a me afastar e atirei apenas nos pés para retardá-los.

Quando de repente algo me agarra, derrubando minhas duas armas no chão. Eu tentei rodeá-lo, mas os cabelos longos me seguravam com força como videiras que me deixavam cada vez mais enrolada, até que um cheiro comum tomou meu olfato e eu pude olhar o rosto do infectado, apavorada.

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