Ao chegarmos à prisão macabra subterrânea, isso após passar mais uma vez por aquele bando de infectados famintos, estávamos próximos da cela, apenas nos olhando, um de um lado e um do outro, eu sem querer que ele me toque porém cambaleando por causa da injeção.
— Espero que você faça escolhas melhores do que o seu pai, Theo. Eu não posso mudar o mundo mais... mas sempre vou carregar esperança dentro de mim e dos meus genes.
Enfim, as lagrimas de um sofrimento emocional substituem as de fraqueza momentânea que a voz, que as palavras dele causavam em mim a cada vez que prolongavam nossa conversa. Às vezes eu choro sem um motivo, isso é normal de acontecer com qualquer adolescente que sofre no amor, mas o meu caso envolve amor e ódio, eu quero vencer uma pessoa e ele quer proteger uma pessoa.
Estou vulnerável demais para agir, principalmente quando acontece.
Theo invadiu a minha cela com um ódio intenso ao se aproximar de mim e simplesmente encontrou os meus lábios com os seus quando me grudou contra a parede as minhas costas e eu amoleci. Seus lábios doces roçando os meus devagar, durante o interminável silêncio da prisão quase vazia, meu corpo pressionado duramente contra as barras de metal e o seu corpo me completando, compactando o pouco espaço que eu tinha, voraz, forte, intenso.
Depois ele simplesmente me olhou, seus olhos vermelhos transparecendo algumas lágrimas que ele se esforçava para não derrubar de nenhuma maneira na minha frente.
— Vou fazer uma escolha, mas será por mim mesmo.
Ele começa a se afastar bem devagar, quase como se não quisesse faze-lo, leva seu calor de mim. Quando saiu, tudo no meu interior sacolejou quando arremessou as grades de metal contra o trinco.
Cruzei as pernas e encostei a cabeça na parede atrás de mim, não sei o que está havendo lá fora, mas sei e torço para que Joudith, Alessa e os outros me ajudem já que sou inútil sem armas, que não aprendeu a lutar, que sempre foi dependente de outros para me salvaguardar.
Os pensamentos começam a chegar, mais rápido do que consigo absorver, um deles é o fato de eu ser o Ômega, Joudith disse que era raro e nessa sociedade em que todos são em maioria ou Mutantes, ou Infectados ou betas e alguns Alphas, achava difícil que justamente eu, EU, pudesse ser a chave para a mudança desse futuro distópico do qual todos arriscamos o pouco em prol do que restou do que um dia foi a nossa sociedade.
Ela não devia ter mentido para mim. Ela não devia ter ocultado o que sou, seria muito melhor, se eu não precisasse pensar nessas coisas agora, nessa situação dura e triste em que estou.
* * *
Eu acordei com um susto.
Um susto típico daqueles que sentimos quando estamos dormindo e de repente pensamos que estamos caindo. No caso, eu dormi sentada, tombei para o lado. Minha perna estava travada e nem sequer conseguia levantá-la, assim como o resto do meu corpo que aparentava ter levado uma facada, o peso insustentável dos meus braços e da minha cabeça eram imensos, quase como se ambos pesassem uma tonelada.
Fechei e abri as mãos algumas vezes para fazer o sangue circular melhor, depois estirei as pernas e me espreguicei, olhei para fora da cela e me levantei, comecei a andar em círculos pensando no que fazer para sair daqui. Theo está com o pai agora e qualquer coisa não seria culpa dele. Comecei a procurar algo que me ajudasse na cela, mas assim que ouvi um barulho eu parei e me sentei.
Mas não era nada, apenas uma porta batendo, isso foi o suficiente para meu coração acelerar temporariamente.
Logo em seguida voltei a minha busca incessante por algo, qualquer coisa metálica iria me ajudar a forçar o cadeado do lado de fora. Tateei as coisas e procurei algo na privada, que estranhamente estava limpa e com uma agua clara. Olhei no chão procurando um prego ou algo pontiagudo.
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Projeto Maggie
HorrorO Virus Maltad transformou homens em criaturas-infectadas quando, na esperança de encontrar uma solução para a sua rápida disseminação e alta taxa de contágio, a humanidade criou um desastre biológico que mutou o seu próprio DNA. Em uma sociedade en...