Capitulo 33: O coração do mundo

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Acho que posso me mover sozinha.

Theo afaga meus cabelos enquanto eu mergulho nas minhas tristezas e incertezas, tentando ao mínimo concentrar as minhas forças para prosseguir e ir até lá em cima pegar a cura e trazê-la intacta até nós.

— Que dia.

— Tudo isso é duro demais para aceitar, Theo... mas eu ainda não me dei por vencida, só Deus sabe pelo o que passamos de lá até aqui, de todas as merdas que precisamos vencer para chegar no dia de hoje. E pensando bem... — me viro sobre seus braços, olho-o com um sorriso. — Acho que já estou melhor.

Ele conferiu o ferimento no meu pescoço, talvez fosse menos grave do que acredito que seja, afinal, não havia sangrado o suficiente para ter uma hemorragia.

Joudith se aproximou de nós junto a Clyde e acocorou próximo a mim, apertou minha mão fortemente.

— Você está mesmo bem?

— Melhor... acho que já posso ir.

— Eu vou com você, somos imunes a infecção — Clyde cruzou os braços enquanto me olhava com certa expectativa, estava determinado e não tinha medo de nada aparentemente.

Theo me beijou antes de nos separarmos.

— Ok, vocês dois podem ir, os outros também já se dispuseram. Leve esse cartão e insiram no identificador da porta 2756. No comando de voz reproduza o áudio desse gravador e... se prepare para o que irá encontrar. A Cifra está num frasco cilíndrico transparente, levitado por uma máquina gravitacional. O cilindro tem uma cor azul clara, só precisamos que traga ele inteiro. Essa é a parte mais importante do projeto, o resto a gente refaz — peguei o cartão e concordei com a cabeça.

Posso pegar, posso atravessar toda a base, posso vencer qualquer obstáculo.

Eu posso! Nós podemos!

Subimos a escada externa em completo silêncio e olhamos para o lado de dentro através das portas que estavam fechadas, seladas com um trinco que emite feixes de laser verde.

— Os sistemas de contingência se ativaram de dentro para fora, o que quer dizer que as medidas cercaram várias pessoas lá dentro e por isso estamos impedidos de acessar de forma tradicional. Se violarmos o perímetro, todos os sinais sonoros vão disparar e os últimos anexos vão se fechar... essa pode ser a única forma de sairmos, uma vantagem — orientou Eleazar. — Precisamos de acesso aos computadores, para isso temos que limpar o Coração.

Pela primeira vez em muito tempo eu me via nervosa e com um pouco de receito, visto que teria de matar os trabalhadores, as pessoas de bem que lutaram pela nossa sobrevivência até o último instante.

Mas era necessário.

Eleazar deu o sinal e dois Defenders — Ambos brancos e musculosos que lembravam o Owen, atiraram contra a blindagem da porta que já estava frágil, então Clyde e eu a chutamos para dentro duas vezes antes de ele investir com o corpo e quebrá-la. Os lasers tinham sensores nas paredes laterais, mas ao atirarmos neles, eles apagaram.

Não havia muitos infectados, mas todos eles prestaram atenção em nós, e um a um, os homens derrubaram eles com coronhadas e tiros nas pernas e braços apenas para nos dar tempo e não precisar matá-los.

Seguimos correndo ao passar pela porta principal, Eleazar ainda não tinha desativado os alarmes, por isso saímos dando coronhadas em todos os infectados que apareciam. Um barulho alto e contínuo ultrapassava o som da sirene, eram gemidos e batidas de pessoas nas portas, algumas já estavam se desprendendo dos batentes.

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