— Tempos depois, ano: ???? d.C - Localização desconhecida.
Quem sou eu? Qual é o meu propósito?
Afundei nos meus pensamentos enquanto a escuridão me engoliu e nada parecia existir em questão de alguns segundos, mas eu insisto pensar em como tudo isso é possível, como posso estar consciente mesmo que minha mente minta para mim e me faça acreditar que estou dentro de um limbo mental onde consigo sentir que estou pensando consciente, mas tudo está tão escuro, frio e solitário. É a morte. Eu me perco dentro de mim mesma, como se tudo, toda existência fosse apenas uma coisa temporária que nossa mente cria, exatamente como os momentos antes de você acordar após uma boa noite de sono, um turbilhão de sensações incompreensíveis combinadas com os múltiplos pensamentos me fazem parar de pensar por alguns segundos, mas parar... aonde?
Balancei a cabeça para o lado, dor no lado esquerdo me tomava como um pulsar lento do meu coração, tentei mover meus braços, mas senti algo diferente, algo restringindo e limitando meus movimentos como se estivesse debaixo da água, onde tudo fica realmente mais devagar e podemos respirar por apenas alguns segundos ou até minutos dependendo da pessoa. Tudo era estranho, como se nada existisse através dos meus olhos que não enxergam na escuridão, não consigo abri-los por alguns segundos.
Até que por fim os abri devagar sem saber que estavam fechados, indo da escuridão a luz. Ela me cegou por alguns instantes, somente quando o borrão se transformou em uma imagem mais fluida é que pude enxergar algo. Era uma luz amarelo-esverdeada, em todo meu redor, parecia que estava dentro de um vidro fino, sentia a restrição por todo meu corpo. Do lado de fora havia três pessoas me olhando, me analisando minuciosamente, como se eu fosse uma espécie rara para estudo. Até que olhei para baixo, confusa. Percebi que estava mesmo em um vidro, em uma espécie de tubo, um cilindro gigante, cheio de água! Eu estava flutuando sobre ele, a sensação de aperto nesse negócio começou a me perturbar como se fosse claustrofobia, apertei meu pescoço sentindo o ar desaparecer dos meus pulmões, mesmo que eu sinta o ar correndo ao meu redor.
Onde estou?
Assim que soltei meu pescoço, notei que uma espécie de tubo de ar tapava minha boca criando pequenos grunhidos de respiração, outros cinco tubos finos transparentes apertavam um pouco meus pulsos, meus movimentos pareciam se cortar com a pressão esmagadora da água sobre meu corpo. Eu não quero estar aqui, não sei onde estou. Comecei a me debater, voltando ao estado claustrofóbico pelo pouco espaço. Aquelas pessoas se agitaram e começaram a correr até computadores gigantes que rondavam o tubo.
Então de cima eu vi algo acontecendo; a água estava baixando, o frio começando a me tomar como se eu não tivesse qualquer proteção contra ele.
Estou nua!
A água lentamente passou pelos meus cabelos, deixando uma sensação de frescor gélido. Quando o fluxo desapareceu num ralo do piso de metal gelado, meus pés tocaram o chão congelante de metal e minha primeira reação foi a de cobrir meu corpo após desabar com uma câimbra, minha respiração aumentava muito rapidamente e já me faltava ar dentro do tubo de vidro.
Então finalmente ele começou a subir devagar e eu me deparei com uma espécie de centro ou laboratório avançado, é o que me diz o turvar da minha visão e os chiados no meu ouvido. Minhas pernas não me sustentam de pé, eu desabo no piso de metal do tubo como uma pedra. Ao meu redor havia uma sala grande, semelhante a um laboratório muito silencioso e pouco iluminado que rebatia qualquer som que eu pouco ouvia, rangidos de máquinas perpetuavam por segundos enquanto eu tentava me concentrar no que via, tremia a ponto de bater um dente no outro. Ainda existiam tubos de ar passando pelo chão e pelo teto com luzes brancas bem fracas, após o tubo havia três degraus para baixo e depois cinco para cima elevando a sala e dando a pensar que estou num lugar abaixo do chão, e por todo lugar existiam computadores que nada mais eram do que telas verdes futuristas onde diversos números e coisas incompreensíveis passavam.
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Projeto Maggie
HorrorO Virus Maltad transformou homens em criaturas-infectadas quando, na esperança de encontrar uma solução para a sua rápida disseminação e alta taxa de contágio, a humanidade criou um desastre biológico que mutou o seu próprio DNA. Em uma sociedade en...