Capitulo 28: A Morte que não se Distanciava

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Enfim, era hora de voltar à estrada. Depois daquilo, o sono não chegava mais, eu não conseguia sequer fechar os olhos, tomada pelo terror daquele instante em que vi o meu amigo levar um tiro na cabeça, pior, quando Cesar se perdeu no meio de tantos infectados que estavam sobre ele.

Nós éramos a força policial mais forte do mundo (talvez a única organizada), mas também éramos humanos, e diferente dos outros, eu não poderia ser morta por uma mordida. Lutaria, enfrentaria até mesmo o diabo para cumprir a minha missão.

— Vamos prosseguir, já temos luz.

Eu me levantei quando Owen bateu em meu joelho, e olhei por trás do sofá onde estava Ric, puxei seu pulso, desatei o bracelete que ele usava e o tomei para mim, antes de lágrimas preencherem os meus olhos novamente quando o liguei e informações de saúde dele surgiram.

Saímos logo em seguida dando os primeiros tiros do dia para tirar os Infectados de perto do carro que estava virado para frente pronto para pegarmos a estrada de volta. Entramos no carro, que a cada instante, a cada quilômetro parecia estar mais vazio, e a sensação esmagava o meu peito com uma dor insuportável, pois a partir dali, Trina ia na janela, eu ia na outra e Owen ia sozinho na frente.

— Conseguimos falar com a central agora? Eu queria reforços, precisamos de reforços imediatamente! — me atiro sobre Trina, encarando-a como uma louca desesperada.

Trina conferiu o seu bracelete ao meu pedido, mas um par de bipes foi suficiente para fazê-la resmungar e revirar os olhos.

— Sem sinal, estamos longe demais das torres de comunicação.

— Central, código de localização 04, alguém na escuta?! — aproximo a boca do alto-falante tentando usar o meu.

O código 01 é para o norte, 02 sul, 03 leste e 04 para oeste para onde estávamos indo se olharmos na bússola ou apenas imaginar um mapa na mente do traçado que estamos fazendo indo para Nova Jersey.

— Central? — tentei uma segunda vez e não consegui obter nenhuma resposta. — Que droga.

— Calma, Maggie — Owen me olha sobre o retrovisor.

Mas eu cruzo os braços e pernas e olho para o lado de fora, emburrada, inquieta... com medo, cercada, mesmo que com tanto espaço.

* * *

Por mais alguns instantes, Trina e eu tentamos descansar um pouco mais. Lentamente, os sonhos se grudavam na minha mente de novo, como se eles pudessem vir e permanecer, mas a realidade era que o terror nunca acabaria, nem quando me permiti sossegar e praticamente apagar por ter ficado horas sem dormir nem mesmo alguns minutos.

Quando acordei, olhei para os lados e as coisas já haviam mudado, nós estávamos numa espécie de interestadual com milhares de carros abandonados, um campo à esquerda que parecia ter sido aberto por um asteroide pelo espaço desmatado que tinha, torres de telefonia pareciam gigantes diante de nós. Owen estava ao meu lado direito em repouso. Eu bocejo e limpo os olhos.

— Onde estamos? — a voz sonolenta era horrível, me estiquei por inteiro.

— Saindo da 23 de Nova Iorque e entrando em Jersey pelo leste.

Estávamos saindo dos limites da estrada solitária para o começo da cidade, talvez uma parte tradicional, mas algo estava errado. Tudo, absolutamente tudo estava destruído, aparentemente não como resultado do primeiro apocalipse, mas por uma ação que parecia ter ocorrido ontem ou a menos de uma semana. As casas e prédios desabavam sobre seu próprio peso, as ruas com corpos tanto de infectados como de pessoas humanas carbonizados, carros pegando fogo e a estrada queimada.

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