Capitulo 38: Os Responsáveis

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O homem misterioso deu apenas um passo e é suficiente para que eu dê dois.

Eu me esgueirei para ficar com Theo.

— Você está bem?

Ele consente que sim, mesmo ferido no abdômen.

— Não deve ter memórias suficientes do seu pai, não é, Maggie?

Demétrius me força a olhar de volta para aquele homem.

Então eu engasguei com a própria saliva ao ouvi-lo dizer que aquilo era o meu pai, uma estranha sensação de peso me consome como um buraco negro, não sei o que dizer e muito menos como reagir. Não lembro de como o meu pai era, mas se fosse realmente ele, eu imediatamente sentiria algo, veria seu rosto ou qualquer coisa que lembrasse a ele. Por mais que os cabelos ruivos lembrasse algo de mim, aquele homem não parecia estar ligado a mim por sangue. Eu lembro da sua risada, do quão fofo ele foi naquela época ao revelar que o meu nome derivava de margaridas, e que fora aquela a flor que havia dado para a minha mãe no primeiro encontro deles.

Parei por um segundo e olhei para Demétrius me sentindo incomodada com o homem me olhando, esperando uma reação minha.

— N-não... não pode ser, é impossível, Demétrius.

— Tom Lorenzo... seu pai.

Eu me lembrei de algo: da inconfundível voz dele, a voz que vibrava no meu ouvido ao ouvi-lo cantar todas as manhãs quando ainda era bebê e também o nome... Tom Lorenzo, o nome do cientista naqueles registros do tablet.

Mas seu nome deveria ser Lorence.

LORENCE!

— Foi você... — minha respiração se torna difícil, meu equilíbrio já não é mais possível só com o pensamento de que meu pai estava envolvido na minha tortura enquanto criança. — Assistente do Demetrius! Você estava comigo e Clyde naquela prisão!

— Sim, Maggie, ele fez isso e tudo o m... — algo interrompe Demétrius.

O homem caiu no chão sem forças, enquanto que o meu olhar estava cruzado entre Theo ferido e Demétrius a frente da escada nos olhando, provavelmente armando algo.

Eu não quero ajudá-lo...

Eu vou até ele, já contradizendo o que queria imediatamente.

— Você é mesmo... o meu pai?

— Sou eu, minha rosa... — ele sorri, imediatamente me arrancando um suspiro por saber do meu apelido gentil de criança que ele mesmo havia dado. — Mas... tenho tanto o que explicar para você... vá... derrote Demétrius, salve o mundo primeiro.

— Ingrato — Demetrius balançou a cabeça.

— Demétrius... — afasto meus cabelos úmidos de suor, meus olhos baixos, a fraqueza tomando o meu corpo. — Pense que você já foi um homem bom, um homem da ciência que tinha ambições capazes de trazer benefícios para as pessoas, curá-las, você tentou curá-las dessa doença terrível porque viu humanidade nelas! Existia humanidade em você.

— Eu já lhes dei muitas oportunidades, garota, e em todas eu fui rechaçado, tentei consertar os meus próprios erros, mas o que eles fizeram? Me expulsaram, tentaram me matar. E Joudith e todos os que fizeram parte daquela bagunça de merda participaram. O governo nos tratou como lixo, queriam que agíssemos como Deus sendo que eles agiram como Diabo, então...

Ele não praguejou, mesmo que eu estendesse a mão para impedi-lo, estava no andar debaixo, longe o suficiente para que não pudesse evitar que usasse o toco da mão para acessar um controle nas suas telas projetáveis e acionar algo.

Projeto MaggieOnde histórias criam vida. Descubra agora