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Assim que Takemichi desceu da moto correu até Shinichiro que estava sentado na barreira da ponte, sabia que ele não se jogaria, apenas era um ponto que ele gostava de ir quando estava triste

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Assim que Takemichi desceu da moto correu até Shinichiro que estava sentado na barreira da ponte, sabia que ele não se jogaria, apenas era um ponto que ele gostava de ir quando estava triste. O abraçou por trás, agarrando do tronco e os braços em um abraço de urso, sentiu uma lagrima cair em seu braço e o apertou ainda mais.

O Hanagaki deixou o silencio continuar pelo tempo que Shinichiro quisesse, sabendo que o sano precisava disso. Aguardou sem se mover, sem diminuir sua presença ou sua intensidade, demonstrando que ele estava ali o apoiando. Detestava ver Shinichiro chorando, principalmente quando ele era tão silencioso com sua dor, sempre era.

— Eu matei meu melhor amigo — A voz do mais velho estava rouca e saiu baixa — Eu pensei que não ia precisar, pensei que ele entenderia e aceitaria. Mas ele realmente achou que eu faria outra vez, que passaria a mão na cabeça dele e faria o que ele quer. E ele quase falou meu nome.

— É por isso que eu não queria que você participasse Shiro, porque as vezes precisamos fazer coisas em nome da yakuza, dessa família, coisas que eu não poderia pedir para você. Não quero.

— Mas eu quis.

— Não gosto de te ver assim Shiro, não quero te ver triste. Eu já tive que matar alguém importante, não desejo isso para você também.

— Eu poderia não ter feito isso. Poderia não o matar, apenas silenciá-lo e mantê-lo ao meu lado. Mas eu sabia o que aconteceria. Se eu tivesse o deixado vivo então ele acharia para sempre que pode passar por cima de mim. De nós. E outros, os outros que estão na Brahman, pensariam o mesmo. Não serei o responsável por um sindicato problemático.

— Eu lidaria com isso, se você quisesse.

— É minha responsabilidade monstrinho. São meus amigos, são meus homens e foram minhas ações que levaram Brahman ao que são hoje. Se eu não tivesse desejado ter a maior gangue de Kanto na minha adolescência o tio Masaru não teria me apoiado, eu não teria os contatos, Takeomi não teria acesso a nossos aliados. Brahman hoje seria apenas uma gangue, sem ligação conosco.

— Seus desejos não têm nada a ver com os desejos dos outros. O que Takeomi fez não está ligado a você. Você o conhecia melhor do que qualquer um Shiro, sabe que a ambição sempre foi a maior característica dele. Se não fosse por você seria por outros, seria pior.

— Se eu não tivesse os levado para esse caminho eu poderia cuidar, conseguiria que eles nunca chegassem a pessoas perigosas. Mas eu fui o perigo a eles. E olha onde estamos? Atirei no meu melhor amigo e em sua irmã que era como uma filha para Waka e Benkei, na frente deles. E ainda sai como se não tivesse acontecido!

— Meu amor, você não tem culpa alguma. Está entendendo? Nenhum mesmo. Eu que permiti que você fosse até Brahman, principalmente sozinho. Eu, que sabia o que poderia acontecer. Joguei essa responsabilidade toda para você mesmo tendo outras pessoas que poderiam fazer o serviço. Então se quiser culpar alguém, estou aqui para isso.

— Não é assim que funciona — Shinichiro balançou a cabeça e saiu do abraço de Takemichi o puxando para se sentar ao seu lado — A culpa é toda e inteiramente minha. Mas eu quis assim. Eu decidi minhas ações. E eu sei exatamente o que me espera e o que esperam de mim, mas se quero ficar ao seu lado então terei de suportar. Vou suportar.

— Você sabe que não precisa né? Com a bonten você não precisará fazer nada, absolutamente nada. Pode nunca mais matar, nunca mais fazer nada além de estar na oficina, trabalhando com o que gosta.

— Eu gosto de você. Eu amo você. Eu quero estar ao seu lado, trabalhar ao seu lado. Se é na máfia comandando o submundo do Japão que você está, então é isso que eu vou fazer.

[...]

— Eu acho que isso é bem escroto — Shinichiro comentou antes de apoiar a cabeça no volante.

— Eles não sabem que foi você que o matou — Takemichi deu de ombros se virou do banco do passageiro para olhar o noivo — E não é momento, mas caso eu me esqueça você fica um grande gostoso de terno.

— Waka e Benkei sabem. E eu sei — O mais velho gemeu desgostoso.

Estavam a uma hora e meia dentro do carro porque o sano não sabia se devia ou não aparecer no enterro dos Akashi. Seria um grande hipócrita entrar quando ele foi o responsável pelo evento, mesmo que Wakasa tenha lhe mandado os detalhes de local e horário para que ele comparecesse.

— E os dois estão aqui. Haru também.

— Os dois estão cuidando de tudo, Haruchiyo é irmão deles. E nenhum dos três que colocou uma bala no corpo do melhor amigo e sua irmã.

— Foi eu que atravessei uma katana no pescoço do vô e mesmo assim eu compareci ao funeral. Eu estava triste e em luto, mesmo que eu fosse o responsável. O mesmo caso se aplica a você, pode e deve entrar, como qualquer outro.

— Você matou o tio por uma ordem, que inclusive é a tradição mais assustadora dos Hanagakis — Shinichiro estremeceu — Mas não é o mesmo caso aqui.

— É sim. Se foi pela família, então é uma ordem. Independente de você ter escolhido ou não atirar, ainda era uma ordem que resolvesse — Takemichi agarrou o rosto de Shinichiro o puxando para ficar próxima ao seu — Meu amor, é seu melhor amigo que morreu. Você está triste. Você chorou. Você acha que sequer merece se despedir e isso é o suficiente para mostrar que merece sim.

— Eu...

— Você está triste. Você chorou. Você merece se despedir. Pode não estar arrependido, pode dizer que faria de novo, mas isso não quer dizer que faz isso sem sentir. Então você sairá desse carro, entrará lá. Falará com Waka e Benkei, que precisam de você nesse momento tanto quanto você deles. Vai se despedir do seu amigo. Dirá a Haru que estará ao lado dele para o apoiar já que é sua responsabilidade por ter o tirado sua família. E eu estarei ao seu lado o tempo todo. A cada segundo. E se você achar que não conseguirá fazer isso, tudo bem, sairemos. Mas não ouse dizer que você não merece ou que é escroto comparecer no funeral.

— Eu já disse que te amo hoje monstrinho? Obrigado por estar comigo.

— Shiro, você é um dos meus melhores amigos. É meu noivo. É minha família. É quem eu amo. Jamais deixaria você sozinho quando mais precisa de mim.

— Vamos. Eles devem estar me esperando.

Takemichi sorriu e acariciou a bochecha de Shinichiro, deixando um beijo no lugar antes de se afastar. Conhecia Takeomi a muito tempo, mas não estava ligando para a morte dele por si, sim por Shinichiro, que carregava um olhar pesado e triste. Uma ferida se abriu e ela jamais sumiria, mas ele faria questão de ajudar a cicatrizar tão rápido quanto conseguisse.

 Uma ferida se abriu e ela jamais sumiria, mas ele faria questão de ajudar a cicatrizar tão rápido quanto conseguisse

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