Eu que mando aqui

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— Debaixo da grande castanheira, você e eu — A voz alegre de Takemichi chegou antes dele na casa, ele cantava muito alto e embolado a cantiga infantil que todos da Toman reunidos na sala de Chifuyu conheciam.

— Vamos brincar alegremente, debaixo da grande castanheira! — Outra voz masculina o acompanhou em igual tom.

— Não, pera, como era aquela? — Takemichi questionou abrindo a porta da casa, foi direto a cozinha não olhando para a sala escura. A figura que o seguiu era Ran Haitani — Gatinho perdido, onde é sua casa? Perguntei sobre sua casa, mas você não entendeu. Perguntei sobre o seu nome, mas você não entendeu. Miau miau miau miau! Miau miau miau miau! O gatinho só chora, o policial cão agora está com problemas, Au au au au! Au au au au!

— Gatinho perdido, onde é sua casa? Perguntei ao corvo, mas ele não sabe. Perguntei aos pardais mas eles não sabem. Miau miau miau miau! Miau miau miau miau! O gatinho só chora, o policial cão está com problemas. Au au au au! Au au au au! — Takemichi fez olhos chorosos e imitou um gato, enquanto Ran colocou a língua para fora como um cachorro. Os dois riram.

— Eu tenho certeza de que eu tinha um resto de uísque por aqui, de quando o pai veio visitar — O Hanagaki resmungou, deixou um copo cair no chão — Opa.

— Au au!

— Miau caralho — Os dois riram novamente, dessa vez muito mais escandalosos quando Takemichi foi desviar dos cacos e teve que se segurar na bancada.

— Onde nós estamos mesmo? — Ran piscou com força.

— Não importa onde estamos, como conseguimos chegar aqui?

— Carona?

— A chave da moto ta aqui — Takemichi apontou para a bancada — Nos pilotamos?

— Deixa eu ver — Ran foi até a janela, mas a vista da cozinha era para a casa ao lado. Ficou olhando mesmo assim, perdido na vizinha que estava lavando louça — Mano, olha aquilo, ela é tão organizada lavando os pratos!

— Não corta a brisa com isso Ran — Takemichi reclamou, mas foi até ele para olhar — Será que ela separa os talheres e os lava um de cada vez ou tudo misturado só pelo que vai pegando mesmo?

— Eu nem lavo louça, Rinrin faz isso — Os dois ficaram em silencio — O Rindo caralho, ele tava comigo!

— Ficou doido, saímos só nos dois Ran!

— Ah é, você não é amigo do meu irmão — O Haitani se virou a Takemichi indignado — Você não é amigo do meu irmão! Por que você não é amigo do meu irmão?

— Chora! — O mais velho realmente lacrimejou e isso desesperou o mais novo — Não porra, não chora, eu não sei o que fazer quando você chora!

— Chora comigo! — Ran abraçou Takemichi, mas logo se afastou — Eca, você ainda tem um pouco de cérebro na sua roupa!

— Tenho não, deixei tudo nele, é só sangue que espirrou! — Takemichi se defendeu e puxou Ran novamente, os dois começaram a chorar juntos.

— Você não é amigo do meu irmãozinho! Meu anjinho não é amigo do meu melhor amigo!

— Rindou é muito chato comigo, ele acha que eu vou roubar seu irmãozão! — Ran parou de chorar com isso, abrindo um sorriso enorme e se afastando. Agarrou os ombros de Takemichi.

— Meu anjinho tem ciúme de mim? Isso é tão maneiro!

— Maluco, eu to vendo dois Ran? — Takemichi esfregou os olhos — Porque um Ran é mais baixo e tem cabelo loiro e olhos verdes?

— Ei, eu sou mais bonito, que copia barata é essa que não faz as coisas direito! — O Haitani se aproximou junto ao terceiro, levou um tapa quando tentou o tocar. Chifuyu arregalou os olhos ao finalmente ver Takemichi.

— Take? O que você estava fazendo?

— Essa voz não é do Ran. É do meu outro melhor amigo! Primo! Chi-chan! — Takemichi se aproximou com um pulo para o abraçar — Eu matei alguém! Foi tão bom e tão ruim, porque eu o queria vivo por mais tempo para sofrer! — O Hanagaki fechou a cara — Ele queria matar meu bruxo, mas ele é meu. Mesmo que ele não precise que eu o proteja eu jamais vou aceitar alguém querendo ferir minha família. Ele é meu. Meu.

— Somente um idiota tentaria matar Shinichiro Sano — Ran riu — O rei fraco. O promissor. O legado deixado por Mansaku Hanagaki para a Yakuza. O noivo de Tita de ataque. Se alguém fizer mal a ele o Japão mergulha em caos! Takemichi vai transformar esse lugar em um inferno no segundo que souber que algo aconteceu.

— Eu acho que a brisa passou para mim, porque eu to associando Shinichiro Sano com o bruxo, o noivo do Take — Chifuyu deu uma risada nervosa, incrédulo.

— Ele não sabia? — Ran se virou a Takemichi, mas o loiro estava olhando para as mãos com interesse.

— Olha, os óculos dele machucaram minha mão também — O segundo ergueu a mão para mostrar aos outros dois — Tá vendo, ta arranhado!

— Legal! — O Haitani prolongou a palavra — Vamos mostrar isso ao Izana? Ele vai gostar de ver!

— Ichan! — Takemichi pulou com animação — Ele deve estar com o Shiro agora! Eu quero ver meu bruxo!

— Ih, não então. Vai que ele fica puto porque te chapei? — Ran balançou a mão, se abraçou e balançou o corpo — Cruel. Ele vai ser cruel comigo Take!

— Mas eu quero ver meu bruxo! — Takemichi fez um biquinho e fungou, logo fez uma careta — Eu to com cheiro de sangue — Olhou para o corpo — Uh, eu pensei que tinha tirado o uniforme. E ei, cadê minha máscara?

— Ta comigo — Ran tranquilizou, a tirou do bolso do casaco e jogou na sala. Chifuyu arregalou os olhos de novo.

— Hm, Take, tenho que te falar uma coisa...

— Takemichy...

O Hanagaki arregalou os olhos, a sobriedade chegando com rapidez ao escutar a voz de Draken. Olhou para a sala no momento que luz foi acesa e a porta da frente bateu com força. Um filme esquecido passava na televisão enquanto Toman estava espalhada pelo cômodo. Sua máscara de Tita de ataque na mão do dragão. Correu para a porta a tempo de ver Mikey se afastando com velocidade na moto.

— Ran, avise Shiro.

— Avisa você — O Haitani se encolheu ao ter os olhos azuis em si.

— Eu tenho que resolver aqui, você avisa. Agora!

Ran se apressou em sacar o celular e sair da casa, não querendo ser alvo da raiva de Takemichi, seu superior, seu chefe. Abandonando-o com os mais novos. Se uma conversa ou uma chacina, as coisas não ficariam legais na residência.