Capítulo 1

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Meu nome é Brian, em 2 meses completo 19 anos, estou no terceiro período de direito e amanhã começam minhas aulas. Estou super animado apesar do frio. Há um ano me mudei do interior para a capital para realizar meu sonho de um dia ser juiz.

Moro sozinho num apartamento de dois quartos bem aconchegante próximo da universidade. Não fiz nenhum amigo, pois tenho receio de acontecer a mesma coisa do ensino médio. Eu sofria muito bulling por causa da minha aparência.

Eu sou baixinho 1,56 mt, ruivo, com sardas nas bochechas, nariz, ombros e tórax, olhos verdes como esmeraldas, muito branco, com bumbum grande e coxas grossas apesar de ser magro. E também tenho os mamilos salientes como os de uma mocinha pra completar o quadro, mas uso uma camiseta que comprime pra ninguém perceber.

Sou um excelente aluno, já que não preciso trabalhar, pois minha mãe me manda uma boa mesada, mas sou bem econômico e ainda tenho uma boa reserva que fiz nesse ano que passou. A mamãe não vem muito me ver, pois desde que o papai morreu ela teve que assumir os negócios da nossa fazenda, mas nos falamos todos os dias.

Eu sempre quis ser veterinário para ajudar o papai na fazenda, mas ele faleceu faz 5 anos, vítima de um acidente de carro causado pelo filho bêbado de um político da região que comprou o juiz e nós perdemos a causa, ele foi inocentado e toda a culpa recaiu sobre meu pai. Por isso resolvi mudar meu foco. Se depender de mim ninguém mais vai passar a dor e a vergonha que nós passamos.

O despertador tocou e logo me levantei para o meu primeiro dia de aula, o frio tá pior que ontem e tenho que me cuidar pra não ficar resfriado. Tomo meu café e sigo todo empacotado dentro do meu sobretudo, com o cachecol que minha vó fez pra mim enrolado até meu nariz e na cabeça tenho meu gorro que esconde uma parte dos meus cachos alaranjados. De fora só tenho mesmo meus olhos.

Apesar do bulling que sofri na escola e de alguns comentários que ainda ouço na universidade eu tenho orgulho de ser como sou, pois tirando a cara de bebê e a altura, eu me pareço muito com meu pai. E também o fato de que com a minha idade meu pai já estava casado com minha mãe e eu nunca sequer beijei uma garota.

Correu tudo normal com as aulas e depois eu fui para um Café próximo que desde que cheguei aqui me encantei pelos lanches e chás oferecidos, e principalmente pelo ambiente calmo que me permite estudar. As vezes eu prefiro estudar aqui a ficar sozinho em casa e também por não precisar cozinhar, não sou muito bom nisso. Raramente vou ao cinema, prefiro assistir minhas séries em casa ou fazer cursos extracurriculares que os professores indicam.

Minha vida é bem calma, basicamente só estudo, sem amigos, sem baladas ou namorada. As vezes ajudo a senhora do andar de baixo com as compras, pois ela mora sozinha, depois ela sempre me oferece um chocolate quente com bolo ou biscoitos que eu não recuso. Ela que faz e sempre me dá alguns pra trazer pra casa depois e isso me lembra da minha vozinha e as nossas conversas também.

Um mês já se passou desde que minhas aulas começaram e na semana passada quando estava saindo do Café um homem que devia ter uns 35 anos ou mais se bateu comigo quase me derrubando e nem me pediu desculpas, apenas resmungou algo que não entendi e seguiu seu caminho. E hoje depois que fiz minhas pesquisas quando já estava me levantando para pagar a conta no Café, ele aparece e coloca o copo do meu chá preferido diante de mim.

- Isso é para me desculpar pelo outro dia, eu estava muito nervoso, fui estúpido e mal educado com você, pequeno.

Eu chorei e não sabia o que dizer, agora que reparei como ele é grande e bonito. Um moreno que deve ter 1,85 mt, com olhos e cabelos castanhos, barba por fazer e um corpo forte.

- Não precisava se preocupar comigo.

- Claro que precisa, pequeno. Eu te machuquei? Ah, meu nome é Paulo, posso sentar um pouco com você?

- Pode sim, Paulo. Eu já estava de saída, mas podemos conversar um pouco se você quiser. E eu me chamo Brian.

- Brian, que nome lindo!

Nós ficamos conversando e ele me contou que naquele dia ele estava preocupado e com pressa, pois a mãe dele tinha se sentido mal e foi internada mais uma vez. Ela está fazendo tratamento contra algum tipo de câncer e ele é filho único e solteiro.

Quando percebi já tinha escurecido e ele fez questão de me acompanhar até a frente do meu prédio, pois disse que era perigoso um garoto lindo como eu andar sozinho a noite, esperou até que eu entrasse e acenou pra mim. Ninguém nunca fez isso comigo e eu tenho certeza de que estava vermelho como um tomate.

Depois deste dia, nos encontrávamos no Café todos os fins de tarde e depois ele me deixava em casa. No dia do meu aniversário ele me surpreendeu com um bolo e um lindo ursinho de pelúcia que eu amei e o convidei para subir pela primeira vez. Ele confessou que tinha visto na minha carteira de estudante.

Na próxima semana não nos vimos, pois a mãe dele piorou e ele teve que acompanhá-la nos dias que ficou internada, mas ele me ligava sempre antes de dormir. Até que na sexta a noite, já era bem tarde quando meu interfone tocou, e era ele com uma voz embargada perguntando se poderia subir um pouco e com um pouco de receio eu liberei a sua entrada. Não temos porteiro.

Esperei com a porta aberta, mas ainda com a trava de segurança. Quando ele saiu do elevador a sua cara era de dor e suas lágrimas escorriam por suas bochechas.

Assim que abri a porta ele se atirou sobre mim chorando e quase fomos ao chão.

- Eu estou sozinho agora! Ela se foi!

- Calma, Paulo. O que houve?

Levei ele pro sofá e fui pegar um copo com água pra ele. E depois de se acalmar um pouco, com seu olhar de dor, ele me disse que a mãe dele tinha falecido. Depois ele voltou a chorar até adormecer em meu colo. Eu peguei um edredom e o cobri, pois estava muito frio e fui pro meu quarto, tranquei a porta e demorei um pouco pra dormir, afinal tinha um quase estranho na minha sala.

O amor que me resgatouOnde histórias criam vida. Descubra agora