Capítulo 6

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Eu estava caminhando para o trabalho e pensando no inferno que a minha vida tinha se transformado, as ameaças, as surras, as humilhações, as faxinas diárias, a privação do sono e do alimento e principalmente o medo constante de ser violado. Eu sentia falta da paz que era a minha vida antes, e hoje vivo chorando e me escondendo ainda mais das pessoas.

Fiz um pequeno lanche assim que cheguei, pois em casa eu comia muito pouco, quase nada mesmo. E agora eu só fazia isso muito antes de voltar pra casa pra ele não perceber, pois uma vez estava quase desmaiando de fome e lanchei quando saí do trabalho e ele me deu um soco no estômago quando percebeu que comi sem sua autorização que me faz vomitar tudo assim que entrei na sala.

O outro homem, que descobri se chamar Pedro, tem vindo pouco aqui. Sei que eles saem toda noite para jogar, beber e não sei mais o quê, o que até prefiro que eles me deixem só. Mas tenho notado Paulo nervoso.

Eu estava no chão do quarto fazendo umas pesquisas de uns processos quando ele entrou e ficou parado na minha frente. Com medo, logo parei o que estava fazendo, tirei o notebook do colo e me ajoelhei.

- Precisa de alguma coisa, senhor? - perguntei num fio de voz.

- Preciso de todo o dinheiro que você tiver, e não me venha com ninharia.

- Mas senhor, e as despesas?

- Que se foda, se vire com as despesas! Eu quero o dinheiro!

Ele não me bateu, mas dava pra ver o quanto ele estava se controlando. Não quis arriscar e fui trocar de roupa para ir sacar o dinheiro. Quando estava saindo do quarto ouvi ele no telefone com alguém.

- Eu vou ganhar hoje e fazer dinheiro pra pagar esse filho da puta... já falei que não quero me envolver com esse tipo de gente, Pedro! Que porra... se isso for acontecer será a nossa última alternativa.

Ele desligou a chamada passando as mãos no rosto de nervoso e eu logo avisei que estava indo sacar o dinheiro. Ele estava envolvido com algo ruim e poderia se envolver em algo pior ainda e isso me deu mais medo.

Saquei o dinheiro e quando entrei no prédio encontrei com a vó Margarida, do andar de baixo, que estava chegando de viagem.

- Que saudade, minha criança! Mas o que houve? Você está tão magrinho e abatido.

- As coisas da universidade, vó e agora também estou trabalhando com um juiz e isso tá me tomando muito tempo. Também senti sua falta.

Ela me puxou para um abraço e tive que me conter para não chorar. Ajudei ela com as malas e logo fui pra casa com a desculpa de que ela tinha que descansar da viagem.

Entrei em casa e logo entreguei o dinheiro pra ele que sorriu e foi pro quarto, em pouco tempo ele passou por mim todo arrumado.

- Reze pra que eu tenha sorte hoje, se não quem vai se ferrar é você, viadinho.

Ele foi embora e eu chorei até dormir como faço todas as noites. Acordei sendo jogado no chão sendo chutado e pisado. Paulo estava furioso e gritava coisas que eu não entendia, ele estava transtornado e Pedro tentava acalmar ele.

- Calma, porra! Você quer estragar tudo? Se você aleijar o viadinho acabou nossa chance, idiota!

Paulo me olhou com raiva e saiu do quarto, enquanto eu me arrastei pro banheiro e chorei muito. Não tinha mais lugar para hematomas no meu corpo, minhas costelas estavam me matando. Mancando fui na cozinha e tomei remédio pra dor e voltei pro quarto, mas não consegui dormir mais.

Duas semanas se passaram e minhas aulas começaram, era o quinto período e eu não conseguia acompanhar as aulas, pois passava a noite fazendo faxinha e lavando roupa, e as vezes não conseguia ir de tão cansado e fraco e assim era com o trabalho também.

Sempre dizia que estava doente e pela minha cara era fácil fazê-los acreditar. Pedro começou a vir mais aqui pra casa depois daquele dia, mas eu me sentia pior com ele aqui. Sempre que ele passava por mim ele apalpava meu bumbum e tentava me beijar.

Eu sempre escapava e ele ficava rindo. Até que um dia cheguei do trabalho e ele estava sozinho e bebendo. Eu fui direto pra cozinha sem falar nada, fiz o jantar e fui pro quarto. Eu tremia de medo, pois ele não parava de beber e ficou me encarando o tempo todo e eu nem tinha como fechar a porta do quarto.

Eu estava encolhido no chão do quarto quando vi Pedro entrar com um sorriso demoníaco me chamando.

- Bichinha, venha aqui!

Eu não me mexi e pela primeira vez eu queria o Paulo aqui. Ele agarrou meu braço, me jogou em cima da cama e caiu por cima de mim chupando meu pescoço e se esfregando em mim, enquanto eu me debatia e chorava.

Ele rasgou minha camisa fazendo os botões voarem pelo quarto, rasgou minha camiseta e começou a chupar e morder forte meus mamilos e isso doía muito.

- Esses seus peitinhos me deixam doido, putinha! - ele falava enlouquecido.

Ele tirou minha calça junto com minha cueca, abriu as minhas pernas me segurando pelo quadril e começou a chupar meu membro e meus testículos com força, parecia que iria engulí-los, ele mordia a parte interior de minhas coxas até quase ferir. Eu chorava e tentava me libertar dele sem sucesso. Até que fui lançado ao chão junto com ele e vi Paulo puxar ele enquanto socava o seu rosto.

Eu corri pro banheiro e fiquei embaixo da água fria até que perdi a noção do tempo. Depois Paulo entrou no banheiro, me enrolou na toalha e me levou pro quarto. Eu soluçava que meu corpo estremecia e em silêncio ele me enchugou, me vestiu e me deixou na minha antiga cama embrulhado no edredom como um charuto e eu apaguei.



O amor que me resgatouOnde histórias criam vida. Descubra agora