Capítulo 17

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Estava tudo fluindo muito bem, meu pai deu de presente ao Brian um lindo escritório super moderno que quando ele viu seu nome Brian Keller numa placa dourada em sua porta ele não conteve as lágrimas. E ele estava se saindo muito bem.

Hoje ele veio me visitar no trabalho e aproveitar para fazer algumas consultas de praxe. Enquanto a gente conversava chegou uma denúncia de exploração sexual infantil num orfanato e todos ficamos indignados.

Logo começamos os levantamentos sobre o diretor, funcionários e pessoas que fazem doações para esta instituição. E enquanto nós organizávamos Brian sugeriu que nós fôssemos lá fingindo ser um casal interessado em adotar uma criança para sondar o local.

Todos gostaram da ideia menos eu que não queria expor meu menino a nenhum tipo de risco, mas ele estava irredutível e tive que ceder. Todos foram fazer seu trabalho para que pudéssemos partir para a ação.

Havia muitas coisas sem explicação sobre aquele lugar e nós conseguimos com Alan os mandados que precisávamos para seguir com a investigação. E com todo o levantamento feito chegou o grande dia da visita.

Eu e o Brian entraríamos com câmeras e escutas e assim que fosse identificada qualquer suspeita nós daríamos o sinal e o local seria invadido e as crianças levadas para um local seguro.

Eu estava nervoso, mas meu menino estava tranquilo, ele queria muito ajudar e assim fomos para o tal orfanato numa cidadezinha vizinha e muito pobre e hoje estava muito frio.

O local estava em péssimas condições, de longe já se podia notar, era um predio antigo sem nenhuma manutenção. Fomos recebidos pelo Diretor um homem de quase 60 anos moreno, alto e sisudo. Ele nos mostrou alguns dormitórios das criançasque eram separadas por sexo e por idade, a cozinha, a sala de recreação e depois pediu a uma moça chamada Ana pra reunir as crianças no pátio para que pudéssemos observá-las.

Eles saíram conversando sobre as condições precárias do lugar e eu fiquei para trás quando ouvi o que parecia um miadinho baixinho e fui na direção do som. Entrei em um corredor e no final tinha uma escada que levava a um porão.

O local era escuro e fedia a mofo e sujeira. Acendi a lanterna do celular e vi um berço no canto, meu coração acelerou. Quando me aproximei vi a coisa mais linda desse mundo, um bebezinho branco como a neve de bochechas sardentas como as minhas, cabelos loirinhos e seus olhos eram impressionantes; um era verde como o meu e o outro âmbar como o de Magnus.

Ele parecia incomodado com algo, mas não conseguia chorar, então o peguei no colo. Apesar de estar com um macacão de manga comprida ele estava gelado e assim que o peguei ele se aninhou em meus braços esfregando seu rosto em mim como se buscasse meu mamilo.

Ele estava com fome, e num momento de angústia eu abri a minha blusa por baixo do sobretudo e logo ele alcançou meu mamilo que doeu nas primeiras sugadas fortes, mas depois a sensação era maravilhosa e eu chorei. Esse era meu filho.

Cheguei no pátio e aos poucos as crianças foram aparecendo e o diretor ia apontando e dizendo seus nomes e idade. Até que a Ana chamou por ele e entraram no prédio.

Senti meu sobretudo ser puxado e quando olhei para baixo era um lindo menininho com os cabelos castanhos cacheados como os do Brian, sua pele era morena clara como a minha e seus olhos castanhos eram tristes e isso cortou meu coração. Ele estendeu os bracinhos e eu o peguei, leve como uma pena.

- Qual o seu nome, pequeno?

- Levi.

- Quantos aninhos você tem?

- Assim oh! - ele me mostrou 3 dedinhos magrinhos.

Eu olhei bem pro seu rosto e ele é lindo, mas enquanto eu o observava percebi que seus olhos se enchiam de lágrimas.

- O que foi, Levi? Porque você está chorando?

- Você vai machucar o Levi e depois devolver eu também?

- Como assim machucar você, meu amor?

- Não pode falar.

- Pode sim, confie em mim! O que fizeram com você, bebê?

- O moço feio mexeu no pintinho do Levi e no bumbum também e doeu. Eu não quer brincar mais disso.

- E você não vai meu amor!

Eu fervia de ódio e podia ouvir a respiração pesada da colega na escuta. E só pedir para ficarem a postos. Procurei o Brian e não o vi, então liguei pra ele que logo atendeu.

- Amor, tô no porão no fim do corredor a esquerda. - ele falou assim que atendeu e desligou.

Meu coração estava acelerado, sua voz estava chorosa. Sem pensar fui ao seu encontro e me deparo com a cena mais linda ao entrar naquele lugar imundo. Meu Neném estava amamentando um bebê.

- Oi. - falei baixinho me ajoelhando na sua frente.

- Amor, olha nosso filho! - suas lágrimas desciam e quando ele abriu o sobretudo pude ver um bebê que tinha os nossos olhos.

O bebê me olhou e sorriu com sua língua envolvendo o mamilo do Brian e isso aqueceu meu coração e eu beijei sua testa.

- Então nós vamos ter dois filhos, esse é o Levi. - falei sorrindo.

Meu coração estava em festa, agora nós temos dois filhos lindos e enquanto estávamos envoltos na nossa bolha de amor o diretor entrou no porão.

- Vocês não podem vir aqui. - ele falou alto.

Quando esse homem falou meu bebê se estremeceu em meu peito e se agarrou em minha camisa. E minha raiva só aumentou.

- Nós já fomos em muitos orfanatos e aqui nós encontramos não apenas um, mas dois filhos. - falei me levantando com o bebê ainda mamando escondido sob meu sobretudo.

- Esse bebê não pode ser adotado. - ele falou temeroso.

- Porque não? - falei baixo e calmo, não queria assustar o bebê.

- É que tem um casal interessado nele. - respondeu vacilando.

Eu não estava gostando do rumo dessa conversa, Levi estava tremendo em meu colo, então resolvi seguir com o plano.

- Diretor, vamos voltar lá pra cima. Por favor, reúna as crianças e os funcionários que nos queremos agradecer e anunciar nossa contribuição para esta instituição que acolheu nossos filhos.

Já falei conduzindo Brian escada acima e ele nos seguiu. Ele estava visivelmente abalado, mas pediu a Ana para chamar as crianças e os funcionários como eu pedi e logo eles foram chegando e eu fui direcionando eles da forma mais segura pro que ia acontecer.

Eu olhava como Levi estava apegado ao Magnus, pareciam mesmo pai e filho. Enquanto as crianças entravam notei um rapazinho um pouco maior que os outros e com o semblante muito triste. Ele era moreno claro, muito magro, com o cabelo preto curtinho, seus olhos tem um tom de azul cinzento perfeito.

Os nossos olhos se cruzaram e meu peito ardeu.

O amor que me resgatouOnde histórias criam vida. Descubra agora