Capítulo 28

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Cuidar da rotina do Brian e das crianças dava mais trabalho do que ser delegado, mas eu estava feliz e realizado como nunca fui na vida e ter o apoio da nossa família era incrível.

Esses dias estava corrido por conta das audiências que Brian tinha, ele era perfeito, defendia sua causa como um leão. Ele era estratégico e assertivo, e eu amava vê-lo assim, mas também amo ter meu Neném manhoso em meus braços.

Hoje como ele iria ficar em seu escritório, eu o deixei com as pérolas e fui no supermercado com o Davi só pra comprar algumas poucas coisas, seria coisa rápida e depois nos encontraríamos no parque próximo do escritório.

...
Cheguei ao parque com as pérolas no carrinho triplo, elas já tinham mamado, então estavam dormindo tranquilas. Duas vezes na semana a gente vem aqui, pois Bê tem aula nesses dias até as 16:30h, então a gente busca ele juntos e depois vamos tomar sorvete.

Sentei no mesmo banco de sempre embaixo de uma imensa árvore com o carrinho a minha frente. Pétala acordou e peguei ela no colo, fiz carinho em suas bochechas e nariz e logo voltou a dormir. Senti mais uma vez seu cheirinho e a coloquei de volta em seu lugar enquanto tomava a vitamina de frutas que Magnus sempre traz pra mim.

Afastada de nós tinha uma garotinha com um paninho embrulhado em suas mãos, ela parecia escrever alguma coisa num caderno e as vezes olhava pra mim. Um tempo depois ela se levantou e caminhou em minha direção. Ela era menor do que eu, muito branca, seus cabelos lisinhos e longos, apesar de um pouco sujos, assim como suas vestes, eram quase brancos de tão loiros.

Ela parou próximo do carrinho e olhou as meninas dormindo e seus olhos encheram de lágrimas, mas ela não derramou nenhuma.

- Essa meninas são suas? - ela perguntou baixinho.

- Sim, são minhas! Essa é a Aurora, a Pétala e a Brisa. - apresentei apontando pra cada uma das meninas.

- Elas são lindas! Você tem leite para as 3? - falou envergonhada.

- Sim, pra elas e para mais dois gulosos que tenho também. - respondi sorrindo.

Ela me olhou com um pouco de espanto e sorriu, mas seu riso não chegou aos olhos. Ela parecia muito triste.

- Posso te pedir uma coisa?

- Claro, querida!

- Você pode segurar minha bebê por um momento enquanto vou ao banheiro do outro lado? É que ... não consigo fazer o que preciso... com ela no colo.

Sua voz era baixa e triste, e eu me surpreendi por aquele embrulho ser uma criança e ainda mais por ser dela, como a mesma falou. Ela depositou o pacotinho em meus braços, e eu pude ver uma bebezinha tão pequena e magrinha dormindo que meus olhos marejaram.

Quando olhei ao redor a menina não estava mais, havia uma pequena mochila rosa ao meu lado e mais nada. A pequena se mecheu um pouco e virou o rosto pro meu mamilo como se soubesse o que encontraria ali. Ela churumingou fraqinho sem abrir os olhos e eu sem pensar a coloquei pra mamar imediatamente.

Ela estava tão fraquinha que mal sugava e eu fui apertando meu mamilo pro leite sair e ela poder engolir. Meu peito estava apertado com aquela situação e a menina não voltava. Então percebi um papel dobrado em meio ao pano que envolvia a bebê.

"Me desculpe, Senhor!

Eu te escolhi para cuidar de minha bebê pelo seu olhar doce e amoroso. Não tenho como cuidar nem de mim e por amá-la muito prefiro entregá-la a alguém como o senhor que sei que vai amá-la como ela merece.
Apesar dela ser fruto da maldade do meu próprio pai contra mim quero que ela seja amada e feliz como eu nunca pude e nunca vou ser.
Ela tem 2 dias de nascida e ainda não tem nome, mas sei que o senhor escolherá o mais lindo pra ela.
Na mochila tem um caderno com mais informações.

O amor que me resgatouOnde histórias criam vida. Descubra agora