Os celulares eram descartáveis e não tinha como rastrear, iríamos esperar alguma ligação para tentar descobrir alguma conexão. As conversas registradas eram nojentas, mas não identificava ninguém ou algum lugar.
Já tinha se passado três dias e ele não acordava. Eu conversava com sua mãe Katrina todos os dias e meu irmão também sem dar muitos detalhes para não preocupá-la ainda mais.
Essa noite ele ficou muito agitado e falava coisas que não dava pra entender. Eu sabia que era por causa do trauma e isso significava que em breve ele acordaria. Então coloquei ele no colo, ninei como um bebê e logo ele se acalmou. Deitei em sua cama e logo adormeci com ele em meu colo.
Acordei sem graça com a enfermeira Abigail me olhando e sorrindo. Então contei a ela o que aconteceu, ela administrou os remédios e saiu.
Fiz algumas ligações, meu pessoal confirmou a versão do acidente que o senhor deu, eu informei a ele e mandei fazer o serviço de reparo do carro dele. Depois fui no apartamento do Brian.
O apartamento estava quase vazio e o que sobrou estava tudo revirado, um monte de roupas e livros embolados pelo chão e muitas coisas quebradas. Colhemos algumas impressões digitais que eu espero que sirvam pra identificar o criminoso.
Arrumei as roupas e livros e o que sobrou não prestava mais e sai para conversar com os vizinhos e colher alguma informação útil. Pra nossa sorte encontrei D. Margarida que me contou muitas coisas sobre Brian e como ela o achou magro e abatido quando voltou de viagem. Ela também me mostrou a foto que tirou de dois homens em frente ao predio que ela achou suspeito e que os viu com Brian uma vez.
A foto não era muito boa, mas com os equipamentos certos poderia render algo. Logo enviei pra minha equipe fazer os procedimentos necessários. Antes de nos despedirmos ela me levou na garagem e me mostrou uma Ducati Diavel preta e dourada linda dizendo que era a paixão dele e eu não sei como ele sendo tão pequeno e frágil conseguia pilotar aquela moto.
Ele estava melhorando, mas não acordava, eu já estava uma pilha com isso. Hoje já era o sexto dia e nada dele abrir os olhos, mas toda noite eu acalmava ele e dormia com ele em meu colo.
Hoje acordei bem cedo e fui tomar banho, eu estava ansioso, com uma sensação estranha no peito, mas quando saí do banheiro tive a visão mais linda da minha vida. Ele estava sentado na maca me olhando com suas orbes verdes lindas e um biquinho se formando e logo começou a chorar.
Pov Brian
Eu queria abrir os olhos, mas não conseguia, era estranho, meu corpo parecia flutuar e longe eu ouvia o barulho de água. Forcei meus olhos a se abrirem e tudo que eu via era branco, o sol nascia pela janela e com muito esforço consegui me sentar.
Tinha fios em meu peito, gesso em meu braço esquerdo e no pé direito, um soro no braço direito e eu comecei a lembrar que eu fugi e enquanto vinham flashes em minha mente uma porta se abriu e um homem enorme com o peito cabeludo e os cabelos longos e molhados passou por ela.
Ele era lindo, mas logo me lembrei que eu tinha sido vendido e deveria ter sido ele que me comprou, então minhas lágrimas rolaram e eu entrei em pânico.
- Por favor, eu sei que o senhor me comprou, mas foi contra a minha vontade. Me deixe ir e eu vou te pagar... por favor não me faça mal...
Eu chorava descontroladamente e não entendia o que aquele homem falava até que ele se aproximou de mim e me abraçou e aquele cheiro parecia tão familiar, aquele abraço parecia o meu lugar, foi tão bom e logo eu me acalmei.
- Calma, neném! Você sofreu um acidente e a 6 dias nós estamos esperando você acordar, mas você está bem agora.
Ele falava alisando meus cabelos sem me soltar do seu aperto.
- E você quem é?
- Ah, perdão! Eu sou Magnus Albuquerque, delegado da PF.
Nessa hora meu celular tocou e logo ele pegou e atendeu e pude ver a minha mãe rindo e chorando.
- Olha quem acabou de acordar, Katrina!
- Meu bebê dorminhoco! Você quase me matou de susto, como está se sentindo?
Eu estava confuso e olhava de minha mãe na tela do celular para aquele homem enorme agarrado a mim. Como eles se conhecem?
- Calma, neném! O Magnus encontrou e cuidou de você nesses dias, me desculpa não ter ido ficar com você, mas como você sabe sua vó estava doente e piorou muito, mas agora já está bem melhor. E por isso não pude ir.
- Tudo bem, mãe. Eu te amo!
- Eu também te amo, bebê.
- Depois vocês conversamos mais, agora ele precisa ver o médico. Até mais Katrina.
Depois que ele desligou o celular nos encaramos por alguns segundos e eu senti minhas bochechas corarem.
- Eu vou chamar meu irmão pra te examinar e depois nós precisamos conversar, certo?
Nessa hora eu me lembrei do que tinha feito e das fotos, entrei em desespero pedindo meu notebook e ele me entregou. Tremendo entrei nos fóruns e redes sociais da universidade e não tinha nada. Pesquisei por meu nome e outras referências que podia usar e nada aparecia até que ele tirou o notebook do meu colo e me abraçou me puxando pro seu colo.
- Está tudo bem neném, nada aconteceu enquanto você dormia.
Ouvir sua voz grave e rouca me trouxe alívio e eu chorei em seu peito cabeludo até me acalmar. Logo tinha um médico que era o Matheus, irmão dele e a enfermeira Abigail que cuidou de mim nesse tempo.
Ele me examinou e fez alguns exames e como eu tenho pavor de agulhas Magnus me colocou no seu colo pra Abigail tirar meu sangue, eu quase morro de vergonha.
A pneumonia já estava controlada, só a anemia que ainda estava alta. E no fim do dia eu já poderia ter alta, mas ouvir isso me deu um desespero. Pra onde eu iria? E se eles estivessem me esperando? Eu estava perdido em meus pensamentos quando ouvi o Magnus me chamando.
- Neném, o que houve? Não chore, agora você está seguro. Vamos conversar um pouco?
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O amor que me resgatou
RomanceBrian um jovem de 18 anos estudante de direito, enganado e mantido refém de um homem mais velho sofrendo abusos e maus tratos até que se vê obrigado a escolher entre arriscar fugir ou ser vendido como um objeto sexual. Será que ele conseguirá sobrev...