Magnus já tinha colocado todos numa posição estratégica e iniciou o discurso ensaiado segurando forte a minha mão, ele estava muito tenso. Em poucos minutos a casa foi invadida por agentes federais por todos os lados sem dar chance de fuga para quem quer que fosse.
O combinado era que fôssemos levados junto com os suspeitos para não sermos identificados, mas os planos tinham sido alterados quando encontramos nossos filhos e eu não iria me separar deles.
Reagi assim que a agente tentou pegar meu bebê e ela ficou estática.
- Os meus filhos ficam comigo! - falei firme olhando pra Magnus que assentiu disfarçadamente.
Entre choro das crianças e protestos do diretor e funcionários pedi discretamente a um agente para chamar Ana para organizar as crianças enquanto atravessava a sala na direção do menino que me chamou a atenção. Ele permanecia sentado no chão apenas observando a movimentação com seus olhos tristes.
Estendi a mão para ele que meio desconfiado aceitou, logo Magnus se juntou a nós e fomos juntos até o carro da PF e nos acomodamos, enquanto as crianças eram conduzidas com cuidado por Ana até um microônibus e os outros foram em outro carro.
Passamos na sede da PF para fazer a identificação das crianças e outras providências que Magnus tinha que tomar, enquanto isso Levi e o bebê dormiam e eu aproveitei para conversar com o garoto.
- Qual o seu nome, querido?
- Eu não gosto do meu nome, queria me chamar Bernardo.
- Então esse será seu nome a partir de hoje, Bernardo.
- Eu posso mesmo? - seus olhos brilharam pela primeira vez.
- Pode sim, Bê! Quantos anos você tem?
- 13. - respondeu abaixando a cabeça e seu semblante ficou triste novamente.
- O que houve, Bê?
- Nada disso adianta, vão me mandar de novo pra um inferno pior do que onde eu estava.
- Você pode me contar o que acontecia naquele lugar?
O que ouvi daquela criança foi a coisa mais dura da minha vida. Ele foi entregue em outro orfanato assim que nasceu e aos 7 anos foi mandado para esse orfanato onde começaram os abusos. Tanto o diretor como outros homens abusavam dele e das outras crianças, a maioria das vezes eles eram levados para passar o final de semana na casa dos abusadores com a desculpa de ver se eles iriam se adaptar ou não e sempre eram devolvidos depois.
Eles sofriam abusos físicos, psicológicos e sexuais com a conivência e muitas vezes a participação do diretor. A dor em suas palavras era tão forte que eu chorei desesperadamente me abraçando a ele.
- Nunca mais ninguém vai tocar em você e nem te maltratar, se você quiser a partir de hoje nós seremos a sua família. - falei olhando em seus olhos que se iluminaram.
- Eu quero. - ele respondeu baixinho soluçando.
Ficamos abraçados até Magnus entrar na sala e sorrir nos olhando.
- Teremos 3 então? - ele perguntou já nos abraçando.
Eu só assenti com a cabeça lhe dando um sorriso de gratidão, ele me beijou e logo ele disse que teríamos que ir pro hospital, pois os meninos teriam que passar por uma perícia e ele preferia que Matheus fizesse isso.
Antes de sairmos Bernardo segurou minha mão e falou em meu ouvido que tinha um segredo pra me contar e eu fui pra uma sala ao lado com ele.
- Sabe talvez você desista de mim, mas eu preciso te contar uma coisa. Eu tenho uma doença que me faz sangrar pelo bumbum e por isso os abusos pararam ano passado. O diretor disse que eu sou nojento e defeituoso e por isso ele me isolou no porão. E só a pouco tempo ele deixou o bebê lá também não sei porquê.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O amor que me resgatou
Roman d'amourBrian um jovem de 18 anos estudante de direito, enganado e mantido refém de um homem mais velho sofrendo abusos e maus tratos até que se vê obrigado a escolher entre arriscar fugir ou ser vendido como um objeto sexual. Será que ele conseguirá sobrev...