Capítulo 12

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Acordei de madrugada como todas as noites e pude ouvir uma pequena movimentação no quarto do Brian e bati de leve na porta que logo se abriu.

Ele estava no meio da cama no mesmo estado das outras noites, logo eu corri e o peguei no colo. Ele se aninhou em meu peito sem acordar e foi se acalmando.

- Nossa, eu já não sabia mais o que fazer. Isso nunca aconteceu antes. - falou Katrina preocupada.

- As vezes isso acontece, pode ser por causa do acidente, meu irmão falou. Eu vou levar ele.

Falei baixinho pra não acordá-lo e fui saindo para não ter que responder mais perguntas delas.

Eu estava envergonhado por minha mãe saber o que aconteceu de madrugada, mas ela não comentou nada e depois do almoço elas foram embora e tudo voltou a ser como antes.

Um mês se passou e pude tirar o gesso, agora eu só faria a fisioterapia na mão esquerda, minhas costelas também estavam curadas. Eu estava feliz por não depender mais tanto assim do Magnus e poder andar livremente pela casa.

No jardim conheci S. Juliano, esposo da Lila, ele também era muito amigável. Me ensinou sobre algumas flores e plantas que eu poderia usar para fazer chá.

Faltava pouco mais de um mês para as férias acabarem e eu estava me dedicando completamente aos estudos para cumprir tudo o que os professores tinham pedido e ainda tinha que fazer uma prova com todas as matérias. Mas eu não iria perder essa chance e atrasar minha formatura.

Magnus me ajudava muito, mesmo cansado do trabalho, ele sempre tirava um tempo pra saber se eu precisava de ajuda. E ele era um ótimo professor.

Como nós estávamos muito cansados com nossas atividades ele sugeriu que eu dormisse no quarto dele enquanto os pesadelos não parassem e com muita vergonha acabei aceitando, pois sabia que ele sempre acordava e tinha que me pegar no colo.

Nós dormíamos cada um do seu lado, mas eu sempre acordava envolvido em seus braços sobre seu peito. E era muito bom. Mas essa semana eu estava ansioso demais, o dia da prova estava chegando e eu não me sentia preparado, então ele resolveu fazer um treino oral comigo e disse que eu me saí muito bem e isso me tranquilizou.

Chegou o dia da prova e ele me acompanhou. Graças ao seu apoio eu estava mais calmo e consegui fazer a prova. Conversamos com o reitor na saída e eu agradeci pela oportunidade que ele me deu e prometi me esforçar bastante no próximo período.

Nós saímos da universidade e fomos andando até o Café que eu costumava frequentar e foi estranho, pois eu sentia que estava sendo observado, mesmo não tendo ninguém por perto. Fizemos nosso pedido e quando fomos embora vi um carro preto do outro lado da rua e um homem dentro que parecia o Pedro.

O terror tomou conta de mim, as lágrimas desciam sem controle, meus pulmões ardiam como brasa e antes que eu pudesse falar algo o carro arrastou e a escuridão me abraçou.

Acordei no hospital com Magnus sentado ao meu lado segurando a minha mão. Assim que abri os olhos ele sorriu e beijou minha testa.

- Está melhor, meu lindo?

Sua voz era calma, mas seus olhos demonstravam a sua preocupação.

- Ele estava lá. - foi o que eu consegui falar em meio às lágrimas.

- Calma, meu amor. Eu estou aqui com você.

Ele falou enquanto me segurava em seus braços, seu cheiro entrava em minhas narinas trazendo paz. E depois de alguns minutos Matheus entrou no quarto.

- Está tudo bem com você, pequeno! Seus exames estão normais, mas você deve manter uma alimentação saudável. E quando quiser já pode ir pra casa.

E assim nos despedimos e fomos pra casa. Ele me deixou com Lila na cozinha e foi pro escritório. Depois de um tempo eu fui encontrar com ele no escritório e pude ouvir parte de sua conversa no celular.

- Eu não quero saber, caralho! Enconte aquele desgraçado rápido. Veja as câmeras da localização que te mandei e da universidade, eu quero o couro desse infeliz.

Eu dei leves batidas na porta e entrei devagar. Ele me olhou com seus olhos avermelhados e desligou a ligação. Ele me suspendeu e eu envolvi minhas pernas em sua cintura, ele se sentou e enquanto me apertava colocou seu rosto na dobra do meu pescoço. Ele nunca tinha feito isso e eu fiz carinho em sua barba macia e em seus cabelos.

Depois de um tempo assim ele olhou em meus olhos e selou nossos lábios.

- Eu vou te proteger, meu lindo, Nunca mais ninguém vai te fazer mal e se algum idiota tentar vai se dar muito mal.

Só assenti com a cabeça, eu não podia imaginar que ele me beijou, meu coração estava eufórico e eu confuso. Ninguém nunca me beijou antes.

Os dias se passaram e eu fui aprovado com nota máxima, me matriculei para o próximo período e fomos conversar com o juiz pra combinar o dia que eu deveria voltar ao trabalho, mesmo Magnus preferindo que eu aguardasse aqueles bandidos serem presos, mas eu não queria atrasar mais minha vida por causa deles.

Dr. Alan me cumprimentou e combinou com Magnus como seria a minha volta e a minha segurança, deixando claro que eu nunca poderia ficar ou sair sozinho. Eles falavam como se eu nem estivesse presente e era até engraçado.

- Ar...ran... posso participar também? - perguntei baixinho.

- Oh, Brian! Claro que sim, desculpe‐nos. - Dr. Alan falou.

- Eu não quero dar trabalho a ninguém, isso vai ser um incômodo. Eu pareço uma criança que precisa de uma babá.

- Não é isso, meu lindo! Não sabemos a intenção desse cara e enquanto ele não for preso existe o risco.

Eu sabia do risco, mas me sentia constrangido, me sentia um peso. Eu estava trazendo a minha bagunça pra vida de outras pessoas que não tinham nada a ver com isso. Enquanto eu me perdia nos meus pensamentos senti ele segurando a minha mão.

- Não fique assim, nós vamos enfrentar isso juntos!

Eu assenti com a cabeça e depois de nos despedirmos fomos embora. Ele me levou num restaurante lindo para comemorarmos minha aprovação e a minha volta ao trabalho na próxima semana. E foi maravilhoso, conversamos e rimos muito, mas lá estava aquela sensação novamente.

- O que houve, Brian? - ele perguntou preocupado.

- Aquela sensação de novo de que tem alguém me observando. - falei choroso.

- Fique calmo e respire, eu estou aqui com você.

Ele fez uma ligação para o dono do restaurante, que era seu amigo, pedindo as imagens de todas as câmeras de dentro e de fora do restaurante e ele ficou de enviar ainda hoje. Ele também pediu reforço a sua equipe e pouco depois fomos embora e segundo eles ninguém nos seguiu.

O amor que me resgatouOnde histórias criam vida. Descubra agora