Capítulo 7

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Acordei e na mesa de cabeceira tinha um bilhete.

"Só volto amanhã, não saia até eu voltar e coma o que deixei na mesa".

Virei pro outro lado e dormi novamente. Acordei no fim da tarde e fui ver o que tinha pra comer e pra minha surpresa era uma canja muito gostosa. Depois de comer limpei tudo e fui ver algumas atividades que os professores passaram.

Meu corpo estava cheio de mordidas e marcas de chupões roxos. Ele chegou domingo bem tarde e logo cedo fui pra universidade já deixando seu café e almoço prontos.

Os dias se passaram e minha pele ainda tinha marcas em todos os lugares. Eu tinha acabado de tomar banho e me vestir quando Paulo e Pedro entraram em casa e Paulo me jogou na cama com uma cara de ódio.

- Tire a roupa, viado!

- Se... senhor, por... por favor isso não. - eu supliquei em lágrimas.

- Fique calma, bichinha. Serão só umas fotos dessa vez. - Pedro falou com deboche.

Eu permaneci abraçado as minhas pernas chorando. Até que senti um forte tapa no meu rosto e em seguida um flash.

- Caralho, Paulo! Olha que cara de puta ele fez, maravilha! Os velhos vão ficar doidos.

- Você vai tirar a roupa por bem ou por mal? - Paulo me perguntou já desafivelando seu cinto.

Eu comecei a tirar minha roupa enquanto Pedro dizia como eu tinha que fazer e ia tirando as fotos e minhas lágrimas rolavam pelo meu corpo.

- Isso bichinha! Quanto mais lágrimas mais tesão! - Pedro zombava.

Eu suplicava para parar, mas ele só mandava eu fazer poses obscenas e quando eu não obedecia Paulo me dava um golpe muito forte com o cinto.

- Agora fique de quatro com as pernas bem abertas, a cabeça na cama e a bunda bem empinada. - Pedro mandou.

Com muita vergonha obedeci, não aguentava mais apanhar. Mas junto com o último flash senti o cinto batendo entre minhas pernas me fazendo convulcionar de dor sobre a cama. E eles foram embora rindo.

Mais duas semanas se passaram e eu estava com muito medo do que eles fariam com aquelas fotos. Eles entravam e saiam sem falar nada e eu também não falava com medo.

Acordei com sede de madrugada e quando fui sair do quarto ouvi a voz de Paulo numa ligação.

- Porra, já falei que ele é cabaço, se brincar nunca nem viu um pau na vida, nem pai ele tem pra ensinar as coisas. E se na hora da prova eles não aceitarem é só arrumar outro comprador.

Meu coração disparou ao ouvir essa conversa. Eles iam me vender? O que eles iriam fazer comigo? Era de mim que eles estavam falando? Voltei pra cama perdido em meus pensamentos.

Faltava pouco mais de um mês pro meu aniversário de 20 anos e isso só me abatia ainda mais, não foi assim que planejei a minha vida. Como eu iria ser um bom advogado ou juiz me deixando intimidar dessa forma?

Eles estavam deixando eu comer um pouco mais e dormir também.  Até porque eles estavam saindo muito, mas eu sempre recebia uma das fotos que Pedro tirou de mim como lembrete pra não fazer nada estúpido,  como ele dizia.

Paulo voltou a ficar estranho e sempre dava um jeito de me machucar me fazendo cair e até mesmo me empurrando na parede onde quase sempre eu batia a cabeça. As humilhações e xingamentos voltaram com tudo, até que ele me deixou por 2 dias sem tomar banho e por isso não fui as aulas muito menos ao trabalho.

Quando ele chegou a noite eu supliquei por um banho insistentemente até que ele perdeu a paciência.

- O viadinho quer tomar um banho? Então venha!

Ele falou me puxando pelos cabelos, me jogou dentro do box e ligou o chuveiro bem fraquinho, só umas gotinhas pingavam. Eu tirei a roupa e tentei tomar banho mesmo assim, o que levou uma eternidade.

Eu já estava congelando, mas ainda tinha sabão em mim. Então resolvi sair e tirar o restante com a toalha, quando abri a porta do box ele me puxou e me bateu com o cinto até que me urinei e ele me jogou de volta no chão do box.

- Você não queria tomar banho? Durma aí agora, viado imundo!

Ele falou e saiu me deixando lá jogado no chão molhado cheio de vergões em todo o corpo. Lentamente pingos d'água caiam sobre mim e eu apaguei de tanto frio.

Acordei na cama todo embrulhado e sentindo frio enquanto meu corpo queimava e eu sabia que era febre. Fiquei quieto e podia ouvir a discussão dos dois na sala.

- Você é idiota, Paulo? Os velhos querem ele hoje, caralho! Como vamos levar ele doente desse jeito? Você fodeu tudo!

- Que porra! Ele me tira do sério.  A gente tá fodido, cara! - Paulo gritou.

- Eu vou inventar uma desculpa pra eles e amanhã a gente leva ele lá pra fazenda. Cuide pra que ele fique bom logo.

Pedro acabou de falar e ouvi a porta bater e logo a escuridão me tomou novamente.

Acordei com Paulo me chamando, sua cara era séria e logo senti o cheiro da canja.

- Se sente pra comer e tomar seus remédios.

Eu não tinha forças e meu corpo doía muito, logo uma lágrima escorreu pela minha bochecha. Vendo meu esforço ele me ajudou a sentar e me deu os comprimidos e depois a canja. Agora era diferente, ele me obrigava a comer.

Passei o dia dormindo e sendo acordado para comer e tomar remédio. E meus pensamentos giravam em torno de se eu ouvi mesmo aquilo ou se foi um pesadelo. Acordei de manhã ouvindo a conversa deles na porta do quarto.

- E aí ele melhorou?

- Acho que até a noite melhora.

- Olha lá cara, vamos sair 17h porque a fazenda é longe e temos que estar lá às 22h sem atraso.

- Relaxa, vai dar tudo certo.

Meu coração batia desesperado, eu tinha que fazer alguma coisa ou esse seria o meu fim de verdade. Fingir dormir até Paulo vir me chamar.

- Aonde dói?

- Tudo e minha garganta.

Falei e comecei a tossir muito e com uma cara de raiva ele saiu do quarto e logo voltou avisando que ia na farmácia comprar remédio pra garganta e pra tosse.

Assim que ele saiu vi como a minha chance de escapar. Vesti a primeira roupa que vi e saí do quarto andando com dificuldade pela dor no corpo e por meu pé está machucado.

Na sala vi o celular de Paulo e o que ele tinha me mostrado as montagens em cima da mesa. Peguei os dois coloquei na minha mochila junto com meu notebook, meus documentos e a pasta de outros documentos que eu tinha escondido no guarda-roupa e sai.

Quando cheguei na rua não sei de onde tirei forças, mas corri o mais rápido que pude cortando caminho por becos que eu esperava não encontrar ele, pois eram contrários a direção da farmácia.

Eu já estava sem fôlego, meu tornozelo e costelas estavam no limite e quando fui atravessar a avenida tudo escureceu.


O amor que me resgatouOnde histórias criam vida. Descubra agora