Capítulo 4

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Os dias se passaram tranquilos, eu estava amando meu estágio, era uma experiência incrível e o juiz que eu auxiliava era muito bom. Minha mãe e minha vó estavam super orgulhosas de mim e isso me deixava feliz.

Paulo ainda não tinha conseguido um emprego e desde o episódio do banheiro as vezes eu pegava ele me olhando com uma cara estranha, mas logo ele abria aquele lindo sorriso e ficava tudo bem.

Eu estava arrumado de terno e gravata e fiz um coque baixo prendendo meus cachos volumosos, hoje iria acessorar o juiz em minha primeira audiência e eu estava muito nervoso. Quando sai do quarto Paulo ficou me olhando e quando me despedi dele passando pela sala ele me acompanhou com o olhar.

- Sua bunda de mulher é muito grande pra essa roupa, você não acha?

Ouvir ele falar isso fez meu coração doer. Minha autoestima não era das melhores e ter um corpo feminino sendo um homem me deixava muito inseguro e eu procurava esconder isso o máximo que eu podia. E seu comentário me entristeceu.

Ele percebeu que me atingiu e logo levantou e me abraçou.

- Eu sou um imbecil, você é perfeito. Boa sorte! - ele falou calmo com um sorriso no rosto.

Me animei um pouco e fui para a audiência. Correu tudo bem e o juiz me elogiou e agradeceu pelo meu trabalho. Eu voltei pra casa muito feliz.

Quando estava me aproximando do meu prédio vi que Paulo estava conversando com um homem enorme igual a ele e antes que eu chegasse até eles o homem foi embora. Ele disse que era apenas um antigo colega do trabalho que veio trazer notícias de um emprego.

Os dias se passaram e eu vi esse homem outras vezes conversando com Paulo e sempre que eu me aproximava ele ia embora. Até que um dia eu cheguei e ele estava saindo do meu prédio rindo, acompanhado de Paulo.

Ele foi embora mais uma vez e Paulo me explicou que ele precisou usar o banheiro e me pediu desculpas por deixar ele subir, eu assenti e subimos juntos.

As vezes eu emprestava algum dinheiro a Paulo com a promessa dele me devolver quando começasse a trabalhar, porém hoje a quantia que ele pediu era um pouco alta comparada as outras vezes, mas como ele disse que era para um curso que facilitaria conseguir um emprego eu cedi.

Ele saia todas as noites para o curso e ele estava bem mais feliz, as vezes ele voltava chateado e dizia que era cansaço,  que estava velho pra estudar e eu tentava animá-lo.

Eu sabia que ele estava saindo com alguém, pois vi mancha de batom em suas roupas, mas isso era normal para um homem como ele.

Já estava no fim do semestre e do meu estágio, mas o juiz me convidou para continuar trabalhando com ele e eu aceitei, era uma grande oportunidade para mim. Cheguei em casa muito feliz e ansioso para compartilhar a novidade com o Paulo, pois de lá mesmo já tinha ligado pra contar a minha mãe e minha avó que ficaram muito felizes.

Cheguei em casa e Paulo estava sentado na sala tomando cerveja junto com aquele cara. Eu já senti algo estranho e tive medo. Ele havia me prometido que não ia mais beber.

- Você prometeu. - falei fraco olhando pra latinha em sua mão.

- É mais a partir de agora as coisas vão mudar, viadinho.

Meus olhos arregalaram pela forma como ele falou comigo e minha única reação foi tentar sair de casa, mas logo fui pego pelos cabelos e jogado no chão da sala.

- Cale a boca e escute o que eu vou falar. Quem manda aqui agora sou eu.

Sua voz tinha uma mistura de nojo e ódio que eu não sabia de onde vinha. Ele jogou um envelope na minha frente.

O amor que me resgatouOnde histórias criam vida. Descubra agora