trouble's gonna follow where i go

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Notas iniciais:

Eu queria muito entregar esse capítulo hoje e acho que consegui, mesmo que aos quarenta e cinco do segundo tempo. Espero que esteja bom - não gostei tanto quanto esperava - e que tenha valido a pena esperar. Boa leitura, mil beijos!!!

***

Violet encarou Olivia com os olhos queimando de raiva e de tristeza.

Ela não queria brigar. Não valia a pena. Porque por mais que esperneasse e falasse todas as coisas que aquela adolescente mimada parada à sua frente merecia ouvir, a colega jamais entenderia. Nunca ia conseguir captar o real motivo pela chateação da loira de cabelos ondulados, nem a dor que ela estava sentindo no fundo de sua alma pelo peso das palavras proferidas como uma brincadeira.

Por mais que Violet falasse para qualquer uma daquelas meninas, nenhuma delas compreenderia, pelo simples fato de que ninguém ali tinha crescido sem uma mãe. Todas elas, sem exceção de nenhuma, conheciam o peso de uma figura materna em suas vidas, e podiam correr para os braços de suas mães quando as coisas se tornavam difíceis. Violet, não. Ela precisou se contentar, desde novinha, com o colo de uma pessoa aparentemente desconhecida, de alguém que jamais desejou lhe ter como uma filha de verdade. Desde os seus primeiros dias, ela foi uma sobrinha, e nunca uma filha.

Ainda assim, ainda que achasse que não havia sentindo em discutir, ela se viu falando, sua boca proferindo coisas que não queria. Talvez porque, quando estamos muito tristes ou muito decepcionados com alguma coisa, nossos corpos reagem de formas inimagináveis. Porque acabamos sendo tomados por ondas imediatas e quase inconscientes de ações que não cometeríamos em nossos estados normais.

Fosse como fosse, quando se deu por si, Violet olhou a sua colega de classe nos olhos e, com as pupilas dilatadas de raiva e um sentimento que ela desconhecia, gritou, irritada:

Qual é o seu problema, Olivia?

Como era esperado, Olivia não estava aguardando aquela reação. Ela provavelmente tinha esperanças de que a colega de classe se retrairia e a deixaria vencer aquela batalha estúpida do Ensino Médio. Ia tirar boas risadas do acontecimento e depois, bem em segredo, sentiria um pouco de remorso em sua cama por falar aquelas coisas horríveis para Vio. Afinal de contas, ela não desgostava de verdade da garota. Só a via como o alvo mais fraco, e era sempre bom ter alguém para tirar sarro. "Antes Violet do que eu", pensava, sozinha com a própria mente, quando o arrependimento vinha como um bandido sorrateiro.

Mas o confronto gerava uma reação, e Olivia não deixaria a fúria de Violet tirar o melhor daquele momento. Sendo assim, ela colocou as mãos na cintura e respondeu, com uma expressão sarcástica:

— Eu não sei qual é o meu problema, mas aparentemente você tem muitos. Caso contrário, a sua mãe famosa não teria escondido você do resto do mundo como se você uma aberração!

Violet sentiu as lágrimas crescendo em seus olhos, quando escutou, bem ao longe, uma repreensão vinda de uma de suas outras colegas. Aparentemente, as garotas estavam ficando cansadas daquele joguinho, o que significava que Liv havia passado dos limites estabelecidos para uma provocação saudável. Só que as palavras já estavam ali, soltas na sala de aula, mexendo em feridas que nem a adolescente atingida se lembrava que tinha.

Ela pensou em Taylor. Nas frases da mulher que um dia tinham soado tão reais e na forma como, ingenuamente, ela tinha acreditado na mãe e a acolhido. Acolhido suas dores e aceitado as suas desculpas.

Tinha sido tão burra. Como poderia ter se aberto tanto a uma pessoa que já tinha desistido dela no passado? Mais do que isso, uma pessoa que, ao colocar a própria carreira e a vida profissional em primeiro lugar, havia decidido mentir para a própria filha por tantos anos, vivendo como se ela fosse uma completa estranha?

seven (taylor swift)Onde histórias criam vida. Descubra agora