CAPÍTULO: 07

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HANNA

Tudo estava perfeito: o sexo, as palavras que me davam esperança de uma vida melhor, uma esperança de poder sair desse maldito lugar e poder me vingar dos meus supostos pais. Eu estava no meu quarto, meu coração estava acelerado como nunca ficou antes, eu estava perdida em meus demônios.

Estava pensando como seria minha vida estando ao lado de Rafael, um homem tão importante para este país, e eu sou só eu, não tenho nenhuma relevância. No México, quem comanda é o sistema, a máfia. Eles traficam humanos para prostituição ou vendas de órgãos no mercado negro. Todos os dias chegam mais meninas aqui, entre 12 e 13 anos, sem poder se defender.

À mercê do mesmo monstro que destruiu tudo de bom que havia em mim, vendo todos os dias esse sofrimento, quase fiquei louca, me dava ódio, nojo dessa vida. Esse lugar é o próprio inferno e pelo que vejo o presidente não sabe nem metade do que acontece aqui, se ele soubesse, será que fecharia esse lugar e prenderia o Héllio?

Eu não sei o certo, só sei que estou cansada dessa vida de entregar ao meu corpo obrigada e eles usarem e abusarem de mim como se eu não fosse nada, se eu pudesse mataria cada homem nojento que entra aqui com as minhas próprias mãos, mas nem isso estou podendo fazer no momento, tenho que manter a minha calma e assim Héllio não vai impedir Rafael de me tirar daqui.

Perdida nos meus pensamentos, ouço batidas na porta do meu quarto. Nesse momento, o coração disparou de medo e angústia. Suspirei, tremendo, ao ouvir a voz.

— Amiga, abre a porta aí para mim, por favor, sou eu, a Pilar.

Nesse momento, respirei aliviada, abri a porta e deparei com Pilar, com os olhos cheios de lágrimas. Ela me olhou, entrou no quarto, fechei a porta e ela me abraçou, chorando.

— Pilar, o que houve? Por que está assim?

— Hanna, eu estou perdida.

— Por que está me falando isso?

— Marcelo, aquele empresário veio ter sexo comigo, e ele acabou esquecendo da camisinha. Eu também não lembrei, e aí ele gozou dentro de mim.

— Ei, não chores amiga, é só tomar a pílula do dia seguinte.

— Essas pílulas não funcionam em mim, lembra que já engravidei uma vez e tomei essas pílulas e não funcionou, e eu só não tenho filho porque o Héllio me espancou e eu perdi o meu filho.

Nesse momento, eu entendi o medo dela. Pilar já tinha perdido um filho por culpa do Héllio. Suspirei, abraçando ela e falei:

— Fique calma, se você engravidar daquele homem, ele vai te tirar daqui.

— Ele não gostou da ideia de ter um filho com uma prostituta e simplesmente se afastou, bebeu todas e falou que eu não ia manipulá-lo.

— Que babaca ele que não usou proteção, agora está fazendo de louco. Não se preocupe amiga, quando Rafael vier aqui, eu vou falar com ele para te tirar daqui e você não vai perder outro filho.

Ela suspirou, secando suas lágrimas, e falou.

— Espero que eu não engravide dele, aquele homem é estranho demais. Não quero homens assim em minha vida.

— Achei que vocês estavam se dando bem.

— Eu também pensei, mas acho que ele é bipolar, Hanna. Sério, ele mudou de repente.

— Não pense nisso, vamos pensar positivo.

— Você tem razão.

Nessa hora, alguém bateu na porta, meu coração se acelerou, novamente o medo e a angústia estavam em meu peito, e eu ouvi a voz.

— Anda, Hanna, abre a porra da porta se não quiser morrer.

Suspirei com medo e falei.

— Pilar, eu vou abrir e você tem que sair, se você estiver grávida não pode sofrer nas mãos desse homem.

— Tá, mas e você?

— Eu já estou acostumada, só reze por mim.

Abrir a porta e Héllio entrou olhando para mim e para Pilar e falou.

— Anda, Pilar, cai fora, meu papo é com a Hanna.

Ela suspirou irritada e saiu, assim que ela saiu. Héllio fechou a porta e ficou me olhando e falou.

— Você está linda esta noite.

Ele se aproximou de mim segurando meu queixo em suas mãos e falou.

— Sabe que logo vai embora, né?

Respirei fundo e falei.

— Sei sim.

Ele sorriu e falou:

— Você vai com o presidente, pois não posso correr o perigo dele sempre estar aqui e descobrir tudo. Mas já vou avisando, se você contar tudo que sabe a ele, irei mandar matá-lo e você.

Meus olhos se encheram de lágrimas, o medo de perder Rafael. Mesmo não tendo tanta convivência com ele, ele não merecia morrer por minha causa. Suspirei e falei.

— Não irei falar nada, não se preocupe.

Ele se aproximou mais, agarrando a minha cintura de forma firme e falou.

— Sabe que você sempre foi a minha preferida. Seu olhar, sua boca, seu corpo, tudo em você é perfeito, mas tive que te vender. Sabe como são os negócios, né?

Nessa hora, meu corpo tremeu. Como assim, ele me comprou? Isso não pode ser, ele não faria isso. Será que ele está envolvido nisso? Não acho que não, meu Deus do céu, mais uma vez fui vendida. Quando serei livre de verdade?


Ele me olhou com desejo e falou meio irritado.

— Só não te fodo aqui mesmo porque já não pertence, mas anda na linha Hanna, pois eu sempre estarei de olho.

Falando isso, ele abriu a porta e se retirou do quarto. Ali me sentei na cama, chorando. A amargura tomou meu coração, aquele cretino me comprou. Ele é tão ruim quanto todos aqui dentro. Não se compra uma pessoa com raiva e ódio. Peguei um canivete e comecei a me mutilar. Eu queria morrer para não viver tudo isso.

A vida está sendo muito cruel comigo, mas eu não vou baixar a minha cabeça. Simplesmente farei esse presidente ficar louco por mim, ele se apaixonar e me dar tudo em minhas mãos. Assim, largarei ele sem dar explicações, porque tudo que já vivi me fez ver que não devo confiar no homem.

E isso é um fato, serei a pior mulher que esse presidente já conheceu, ele vai chorar tanto e se arrepender por ter me comprado como se eu fosse um objeto, esse cretino maldito. Irritada, tomei um banho, coloquei minha camisola e fui tentar dormir, mas meus pensamentos estavam em mim, e nem saberia como colocar minha vida nos trilhos, eu simplesmente não sei como.

CONTÍNUA.......


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