126 - Nossa Sentença

118 16 19
                                    

🎸

❤ P.O.V JEON JUNGKOOK ❤

Nos últimos dias, minha vida tem sido um turbilhão de compromissos, planejar um casamento em tão pouco tempo estava nos deixando louco, e a medida que a data se aproximava, a lista de tarefas parecia triplicar, interminável. Eu estava dormindo na casa dos Jones, mas toda madrugada eu dava um jeitinho de fugir para dormir no antigo quarto da SN, era meu único momento de paz na minha nova vida, era quando eu me sentia perto dela, mesmo que sem estar ou ter notícias da vocalista. Eu parecia aqueles fãs obcecados, tudo que continha DOP e SN na mesma frase, eu arrumava um jeito de assistir, agora aquela era minha única maneira de saber se ela estava bem, pois nem as ligações do Ashton ela atendia mais, eu só não sabia se era para não ficar sabendo de mim ou por estar muito ocupado, bom, as duas opções acabavam por me torturar igual, eu estava sem a garota, sem minha família, sem minha vida, eu não tinha mais nada, até minha força vital estava sendo sugada por AJ.

Meus dias eram preenchidos por reuniões, degustações, provas de terno, envio de convites em mãos, escolha de tecidos, decorações, cortinas, arranjos, aulas de valsa e até qual champanhe seria servido. O tempo voava a músicas para a cerimônia, ainda que nada que eu opinasse parecesse ser relevante para quem estava bancando o casamento perfeito. Mal tinha tempo para respirar, quanto mais para sofrer de um coração partido.

Mas sempre conseguia olhar para aquele anel de noivado em diamante vermelho e lapidado em formado de coração, me perguntando se tudo aquilo valeria a pena no final, e desejar que fosse ela ali, todas aquelas escolhas seriam tão mais divertidas se fosse com ela.

Deitado sobre aquela cama cujo o cheiro de seu perfume parecia já fazer parte dos lençóis, eu apenas brincava com a luz suave do abajur contra a pedraria, criando uma arte legal sobre a mesa de cabiceira, enquanto eu me perguntava como isso tudo aconteceu tão rápido, como a minha vida havia se destruído em instantes e em como eu havia perdido totalmente o controle dela. Em reflexões melancólicas, eu só sabia chorar até que eu pegasse no sono, sentindo o cansaço em meus ossos e mente, eu estava aos cacos.

Acordando todos os dias com o coração acelerado, era como se eu não descansasse, a cada dia mais exausto, mais esgotado, ter que fingir ser um casal feliz estava me matando por dentro, eu já não sabia o que era estar vivo, meu corpo era como um zumbi vagando sem alma pelos cantos dessa casa, apenas existindo e fazendo o que me era mandado, cumprindo ordens e mais ordens, sofrendo assédios e mais assédios, torturas e mais torturas, ameaças e mais ameaças, a aquela altura do campeonato nem a minha própria sombra eu reconhecia mais. Era um inferno sem fim, me fazia pensar que a data de validade só seria quando eu enfim morresse.

O casamento estava chegando, e eu mal tinha tempo para pensar em nada disso, como eu disse os monstros que agora viviam dentro de mim, me devoraram cada vez mais e eu tinha medo de nunca mais conseguir recuperar o antigo Jungkok, mas toda vez que eu me lembrava do porquê eu estava fazendo tudo aquilo, as preocupações desapareciam, e assim, eu continuava, um passo de cada vez, sem pensar no amanhã ou no inferno a minha volta onde a cara segundo eu me afundava mais.

-O que é isso? - Perguntei ao ver Adrien acompanhado de Ronald jogar um bloco de papéis sobre a mesa onde escolhiamos os últimos detalhes do almoço de ensaio que estava perto.

-O contrato de casamento de vocês - Disse o homem com seu terno preto como sempre impecável, e seus olhos escuros pareciam penetrar minha alma - Acho melhor assinarem - Completo puxando um pouco o blazer para mostrar a arma em sua cintura, com um sorriso sádico nos lábios - Não vão querer que eu os leve para um passei novamente, não é?

Ashley com medo apenas assentiu, e sem sequer ler, assinou, parecia disposta a tudo para que eu não voltasse a apanhar, mal sabia ela que aquelas surras havia se tornado constantes e nem era o que mais me machucava.

Respirando fundo, eu peguei a caneta, olhando para o contrato que estava sobre a mesa, diferente dela, lendo cada cláusula com cuidado, não que eu não fosse assinar, eu não tinha muita escolha, mas queria ter ciência de tudo que eu seria obrigado a fazer a partir do momento em que eu dissesse sim naquele altar.

-Vocês vão ter uma nova chance - Adrien disse - O contrato vem acompanhado de uma casa, conforto e segurança. Eu posso oferecer tudo isso. Mas, em troca, vocês vão ter que cooperar comigo e com tudo o que eu exigir que façam.

Eu sabia o que isso significava. Tráfico de drogas, extorsão, assassinato e tudo de mais horrível que aquela máfia fazia. Teríamos que ser não só cúmplices de todos esses crimes, mas também orquestrantes. Engolindo seco eu percebi que a outra alternativa era a morte de todos aqueles que amávamos, incluindo nós dois.

-Vocês terão acesso a uma porcentagem da grana que será mensalmente investida na nova casa de vocês - Ele disse, apontando para a cláusula - Desviaremos o faturamento da grana para uma ilha fiscal em uma conta compartilhada no nome de vocês, com a quantia acordada, sem notas fiscais, sem provas, vai ser como se esse dinheiro não existisse e vocês poderão usar quando sentirem vontade. Vocês terão uma vida confortável, desde que cumpram com a parte de você, isso inclui ficar de boca calada, evitar escândalos, serem discretos com suas vidas pessoais, e por fim, netos.

-Como é? - Ashley o olhou boquiaberta.

-Você ouviu - Ele disse ríspido - O Jungkook vai fazer a parte dele, e você vai ser a esposa perfeita, eu só preciso que me dê netos o quanto antes para que as pessoas não comecem a comentar, façam esse casamento ser real. A menos que prefira que eu o mande o seu noivo ter uma conversinha com Deus mais cedo.

-Não será necessário, nós lhe daremos netos, não é meu amor? - Perguntei com um sorriso convincente, deixando um beijo em seu rosto - Tentativas não vão nos faltar na lua de mel.

-Claro... - Ela corou sem graça.

-Mais alguma coisa? - Perguntei.

-Ah, nem adianta tentarem dar uma de espertinhos, há câmeras espalhadas por toda a casa, eu faço questão de controlar cada passo de vocês - Ele disse.

-Pelos meus eu posso fazer alguns sacrifícios - Falei.

-Não se preocupe, eu honro com a minha palavra, no contrato inclui queima de dados e desligamento da Yeji da operação, será como se ela nunca tivesse existido como nossa laranja, ai também consta restrição completa sobre Robbert Jeon, Ha-yun Jeon e SN Jones - Ele explicou e eu chequei, realmente, estava tudo ali.

-O que isso quer dizer?

-Nenhum de nós chegará perto ou praticará nada contra seus protegidos, eles são livres para ir e vir - Adrien disse - Desde que não ultrapassem a linha.

-Espero que cumpra com a sua palavra - Disse finalmente assinando.

-É bom fazer negócio com você - Ele disse sádico, nem parecia que eu estava sendo obrigado aquilo - Aqui as chaves da nova casa de vocês - O homem tirou a mesma do bolso, jogando sobre a mesa, ao mesmo tempo que pegava os papéis e entregava a Ronald - Vocês tem 24 horas após o casamento para sumirem dessa casa.

Estávamos encurralados, não havia saída.

-Bem-vindo à família, marginal - Ele sorriu revelando os dentes pouco amarelados, que me deram calafrio, ainda em mim que estávamos presos em uma teia de mentiras e traições, e agora não havia mais como voltar atrás.

Sem prolongar mais o assunto ele nos deixou sozinhos, alegando que ainda tínhamos muito o que organizar, dando ênfase no fato de que tudo tinha que ser o mais luxuoso que pudéssemos, pois esse casamento tinha que ser a notícia do século e referência para outras famílias da elite.

Naquele momento, sozinhos, nós nos olhamos, completamente em choque, havíamos acabado de assinar nossa sentença de morte, mesmo que ainda estivéssemos vivos. Aquela casa seria um refúgio, mas também uma prisão. Agora também fazíamos parte daquele esquema sujo, e caso esse casamento não acontecesse, seríamos dois jovens mortos, tudo precisava ser perfeito e sair como o planejado.

Faltavam seis dias para o casamento, em dois seria o nosso ensaio e as fotos, depois nossa despedida de solteiro (ela viajaria com as amigas para um spá e eu bom, eu tentaria não ir parar no manicômio nesse meio tempo) e no sábado, enfim, seríamos um casal, marido e mulher. Aquilo me causava ânsia.

🎸

O Amor Que Ela Me Roubou 🎸 Acordes e Demônios 🎸 +jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora