O Amor Que Ela Me Roubou 🎸 Acordes e Demônios 🎸 +jjk

1 - Meu Ponto Fraco Veste Couro

🎸

♥ SN JONES ♥

Atrasada eu acelerava meu conversível pela Ocean Ave - Santa Monica, passando por entre os carros, costurando-os e recebendo diversas buzinas e xingamentos, com tudo que estava acontecendo na minha vida, chegar no horário nos ensaios e shows se tornara cada vez mais difícil, minha rotina estava uma loucura, com as gravações de algumas músicas novas, os estudos, meu trabalho de meio período na loja de discos, os ensaios, minha agenda estava milimetricamente contada, cada segundo importava e às vezes eram exatamente esses segundos que se excediam que me enrolavam toda. Com apenas 17 anos eu já levava uma vida adulta e corrida, não tendo meus pais para me ajudar, eu me virava como podia, sem reclamar, pois é aquele ditado, se você não nasceu herdeira de uma grande conta bancária ou com uma família que ao menos se importe com você, case-se com um velho rico ou vá a luta, bom, meu pai é o prefeito da cidade, mas ele está ocupado demais bajulando minha irmã gêmea e mal tem tempo de lembrar da minha existência e, até agora eu não achei nenhum velho rico para derrubar acidentalmente da escada, então, o que me restava era batalhar atrás do meu.

Naquela noite eu estacionei meu carro nos fundos da casa de shows como quase todas as noites, um bar rock em forma de pub onde eu sempre tocava com a minha banda, sim, meus amigos e eu tínhamos uma banda, no começo era só de brincadeira, uma banda de garagem, onde nos juntavamos para tirar um som quando no tédio, mas com o passar do tempo a coisa foi se tornando algo sério, foi quando gravamos nosso primeiro álbum. Lembro-me de fazer uma venda de garagem com peças esquecidas do meu closet para ajudar a pagar pelo menos com o custo das despesas da gravadora, pois meu pai não quis me ajudar com a minha parte, usando como justificativa que rock é coisa de marginal, e mesmo com o nosso padrinho musical Robb cedendo seu antigo estúdio de gravação no andar de cima da loja de disco que eu trabalhava, para o DOP tirar um som, nós jamais tiraríamos proveito disso e decidimos arcar com pelo menos os gatos que os equipamentos antigos consumiam.

Aquela era uma noite comum como qualquer outra que eu já estava acostumada, rock, música alta e álcool, nada fora da minha rotina e sinceramente, eu amava, era como se eu tivesse nascido para a vida na noite.

Adentrando o bar, eu fui recebida por um forte cheiro de cigarro e álcool, o mesmo que eu já estava acostumada a sentir, tendo em vista que tocávamos aqui cerca de três a quatro vezes por semana, há dois anos, já me sentia em casa e praticamente estava, tendo em vista que o local era do par de um dos meus melhores amigos. Passando entre as muitas pessoas ali presentes, com pressa eu cumprimentava rapidamente alguns amigos que sempre apareciam por ali, altos armários cheios de tatuagens com suas jaquetas de gangues e mulheres com seus cigarros curtindo a noite sem se preocuparem com o mundo lá fora ou com todos os problemas que vinham com ele, cujo os mesmos ficavam da porta para fora, ali era como uma zona de escape para muitos frequentadores, inclusive para mim.

-Tá uma gata hoje, Perséfone! - Senhor Kim disse, dono do bar, enquanto segurava em minha mão, me girando, o que me fez rir, eu adorava como o nome da banda havia virado um apelido para todos os integrantes.

-Só hoje? - O intimidei, rindo com o senhor que já estava acostumado com meu jeito.

-Engraçadinha.. Você está atrasada! - Ele me advertiu, ainda que suas broncas não fossem tão convincentes, até porquê ele era um doce - Os rapazes já estão se aprontando para subir no palco.

-Então deixe eu me apressar - Revirei os olhos, correndo até o bar que não ficava longe dali, afinal a casa de show não era tão grande, ainda que não fosse pequena, me debruçando sobre o balcão de madeira, eu me estiquei cutucando o barman que estava de costas preparando uma batida - Joe, guarda para mim? Por favorzinho? - Pedi-lhe entregando meu sobretudo que antes eu vestia para cobrir a roupa do show.