O Jovem Mandarim

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O Jovem Mandarim escrevia para sua irmã. Parecia que o tempo tinha voado. Tanta coisa mudou durante os últimos anos. Ele mesmo custava a acreditar que tinha conseguido chegar aonde estava. Ele era respeitado por todos com quem convivia. Não tinha sido fácil. Cinco anos estudando sem outros interesses, além das boas lembranças que guardava e o andamento de seu projeto com Ming, do qual recebia notícias e ajudava a consolidar, através de sua posição na corte imperial. Passou com louvor no primeiro concurso que prestou aos vinte e um anos e, agora, com vinte e nove, ocupava uma posição de destaque. Tinha chegado à classe dos Grandes Mandarins.

Trigésimo Segundo Capítulo

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Trigésimo Segundo Capítulo

O Jovem Mandarim

Depois que chegou ao educandário, Yíng procurou se dedicar ao máximo aos estudos.
Sua beleza e discrição atraia a curiosidade dos outros alunos, em quase totalidade de origem nobre. Sua simplicidade se destacava entre os demais.
Alguns o evitaram, mas a maioria tentava se aproximar para saber mais sobre aquele jovem tão distinto dos outros alunos. Yíng tratou a todos com cordialidade.
Logo se destacou entre os professores, que admiravam a sua capacidade de apendizagem.
Ele fez amigos ajudando aqueles que tinham maior dificuldade. Não usou suas habilidades para competir com ninguém, a não ser com si mesmo. Assim foi ganhando respeito, ao longo dos anos. Sem falar de seus sentimentos íntimos com ninguém, era companheiro de todos, não contou a sua história pessoal, a não ser para falar de sua origem e da oportunidade que recebeu do Grande Mestre Ling.
Alguns acharam estranho, mas ninguém ousou externar a estranheza.
O rapaz se comportava de maneira que inibia qualquer questionamento.
Aqueles que se tornaram mais próximos dele eram gratos pela sua ajuda e concluíram que o apoio do Senhor Ling se devia ao mérito do jovem.
Além disso, era do conhecimento de todos que ter um vínculo com um Mandarim da classe mais alta traria grandes benefícios.
Yíng certamente alcançaria a primeira classe.
O que aconteceu antes do que imaginavam.
Suas provas eram impecáveis e sua maneira de ser inspirava confiança nos mais velhos.
Os nobres poderiam comprar cargos honorários, mas para obter a posição de forma vitalícia era preciso a excelência nos estudos.

Conforme prometeu a Ming, no primeiro ano Yíng escrevia para Zhenni e ela fazia chegar notícias aos pais e entregava a correspondência especial para Ming. Xun e Nana também ansiavam pela chegada de notícias.
Não era sempre que vinha correspondência da Corte. Levava entorno de um mês entre uma notícia e outra.
Não houve trégua nos estudos durante os dois primeiros anos.
Os alunos precisavam se adaptar à rotina exigida pelo colégio.
Esse era o primeiro teste para chegar ao concurso.
Mesmo pagando altos valores, ninguém permanecia no Educandário da Corte se não fizesse jus nos estudos.

Yíng mandava para Zhenni, além da correspondência habitual, seu boletim de desempenho, com uma nota de agradecimento, para ser entregue ao Grande Mestre.
Ele fazia isso com sinceridade, pois sabia que disso dependia o seu sucesso no projeto.

Ming respondia às cartas com mensagens, que escrevia diariamente ao amanhecer.
Ele manteve o horário de encontro da infância, como um talismã espiritual.
Era a sua forma de oração diária. Escrevia para Yíng antes de começar seu dia.

Com relação ao projeto dos dois, tudo caminhava bem.
Claro que haviam algumas dificuldades, mas eram contornadas com perseverança.
Ming contava com a ajuda de Xun e, estranhamente, Long fazia de tudo para colaborar.
No começo, Ming suspeitou da boa vontade do antigo rival.
Com o tempo teve que admitir que o outro estava sendo de grande ajuda. Além disso, ele se comoveu pela força que Long demonstrou ao enfrentar os resquícios deixados pelos ferimentos do incêndio.
Olhar para as mãos e o rosto marcados do Oficial, também, fazia Ming lembrar que ele propiciou que o fogo se alastrasse. Levava com ele essa culpa, mesmo que não confessasse.

Juntava à correspondência, que entregava a Zhenni, pois só ela enviava remessas para Yíng, relatórios sobre o projeto que idealizaram juntos.
Pedia opinião de Yíng e o deixava sempre a par das dificuldades e dos progressos. Continuava sendo o projeto dos dois.

Passado um ano da ida de Yíng, Ming ainda continuava resistente à aproximação com sua esposa.
Ela, por sua vez, não criava nenhum tipo de problema quanto a isso.
O rapaz não era grosseiro, muito ao contrário. A tratava com respeito e procurava atender a todas as suas necessidades pessoais.
Sabia que era difícil conviver em um lugar estranho.
Nana e Zhenni cuidavam para que a moça se sentisse melhor. Davam a ela toda a atenção que podiam, não apenas em sentido formal, e foi crescendo uma boa amizade entre as três.

Como todos somos espíritos imortais, chegamos e partimos deste Mundo levando e trazendo almas afins, em encontros programados para abrandar as dores e reforçar os laços de amor.
Nós costumamos tentar desfazer os nós, mas eles são necessários.
Um laço sem nó se desfaz facilmente, tudo é questão de perspectiva.

Xun reconheceu na esposa de Ming o seu amor do passado.
Não se revoltou contra o destino. Sabia que o amigo vivia o mesmo dilema.
Resolveu aproveitar ao máximo a oportunidade de estar ao seu lado, naquela vida.
Finalmente ele entendia as coisas de que Yíng lhe falava.
Outras vidas.
Outras moradas.
Não era fácil.
Queria poder declarar seu amor, mas jamais seria traidor dos seus ideias, respeitava os ancestrais e faria de tudo para preservar sua dignidade e a de sua família.
Não ousou contar a ninguém.
Quem sabe um dia poderia desabafar com Yíng.

Naquele dia, Nana amanheceu cansada. Levantou com dificuldade e quando chegou à área de serviço, para dar as orientações do dia, já encontrou Zhenni dividindo algumas tarefas entre os empregados. Ela recebeu a chegada de Nana com preocupação.
Havia dois dias que a Velha Senhora parecia mais lenta em sua forma de agir. Embora insistisse que estava tudo bem, Zhenni resolveu fazer o máximo para que Nana descansasse um pouco mais. Porém lá estava ela buscando trabalho.
Zhenni notou que Nana estava ofegante e mais pálida do que no dia anterior. Fez com que ela sentasse e pediu para chamar o Dr. Yang, mesmo contra a vontade de Nana. Acompanhou a amiga de volta a seu quarto e fez com que ela se deitasse novamente. O médico chegou logo depois e a examinou com todo o cuidado. Sua expressão ficou séria.
Deu um elixir à Nana e recomendou repouso absoluto.

Yang conhecia Nana de longa data. Sabia das suas questões de saúde e também da dedicação ao trabalho. Ficou emocionado ao constatar que seu coração estava muito fraco. Ela respirava com dificuldade. Precisava descansar, mas não havia muito mais o que fazer além de deixá-la o mais confortável possível. Recomendou a Zhenni que não a deixasse sozinha e que o chamasse novamente se percebesse que a falta de ar aumentara.
Ele poderia, ao menos, tentar aliviar a situação.
Saiu do quarto e foi procurar pelos patrões. Eles a amavam. Mereciam a oportunidade de se despedirem.

 Mereciam a oportunidade de se despedirem

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💞💞💞 Fim do Capítulo 💞💞💞


Que exemplo lindo de vida.

Hora de se emocionar

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