Ao ouvir a voz de Jessy, percebi que a sua voz ecoava no quarto, então abri os olhos e ela está ali olhando-me assustada, revirei meu quarto com minha vista pouquíssimo embaçada e então reparei que Caroline não havia feito nada comigo, não me sequestrara, não me beijara, nem nada, um pesadelo, mas porque um com aquela professora? Ainda estava com a voz de minha esposa ecoada em meus ouvidos, não entendia nada, apenas o meu nome, via sua boca se mexer, abrindo e fechando como se estivesse falando algo com pressa ou desespero, não sabia o que estava acontecendo comigo, porque não conseguia entender ela, estava surda? Mas como? Apenas fui dormir! Tentei me levantar mas não sentia meu corpo, Jessy parecia gritar, seus olhos mostravam o desespero. Parecia estar presa à algo mas olhei meus braços e minhas pernas e me surpreendi, estava solta. Voltei a revirar meu quarto com minha vista já normal e então reparei a escrivaninha ao meu lado, um quadro do nosso casamento, Jessy estava deslumbrante nesse dia, minha sogra radiava também, e por minha surpresa naquele dia, minha mãe, ela apareceu mesmo não gostando do que estava acontecendo, minha união com Jessy. Mas nesse quadro tinha algo diferente, olhei cada detalhe fixamente em cada canto do quadro mas não reparei nada, voltei a olhar Jessy mas me assustei. Caroline estava na minha frente. Como? Jessy deixou ela entrar? Por quê? Ela ferrou, de certo modo, nosso casamento, mas isso não a faria abrir a porta para a ruiva. Ela abriu um sorriso malicioso, me mostrando o tratamento de branqueamento. Então reparei que ela falava comigo e voltei a escutar perfeitamente.
- Querida! Está bem? Estava gritando como uma louca! Se debatendo na cama! Meu amor está bem?
- Como entrou aqui Caroline? Jessy deixou? Por que está de pijama?
- Amor, quem é Jessy? Eu moro... - interrompi.
- Não me chame de amor! Não namoro você!
- Não namora mesmo! É minha esposa!
- EESPOOSA???? Como? Quando? Por quê? Não! Sou casada com JESSY!!! - olhei o quadro e vi Caroline e eu abraçadas, ambas com um buquê de flores brancas e rosa bebê.
- Amor... Olha na aliança! A data de nosso casamento! - olhei e estava escrito seu nome e uma data ao lado.
- Que dia é hoje? - perguntei nervosa.
- 18 de maio. - faltava dois meses para nosso 'aniversário de casamento'. Consegui me levantar, então fui até a cozinha e procurei por todo o apartamento a Jessy.
- Jessy! Onde você está amor?? Jessy!
- Julis querida! Não existe nenhuma Jessy! É só nós duas e nosso cachorrinho, Greg... Era um sonho! Não tem Jessy!
- Não era sonho! É real! Sou casada com ela! E você começou a nos infernizar quando levou seus alunos não laboratório que trabalho!
- Não sou professora... Sou pianista lembra? E você não trabalha em nenhum laboratório... E sim no hospital! Você é médica cirurgiã!
- NÃO! NÃO.!!! NÃO SOU ISSO! NEM VOCÊ !!! SOU CASADA COM JESSY! E NÃO COM VOCÊ SUA MALUCA! TÁ DOIDA! SAI DA MINHA VIDA! - me sentei no chão, parecia estar maluca, segurei meus cabelos entre os dedos e comecei a falar bem baixo - Nada disso está acontecendo, é um sonho... Nada é real. Não sou casada com Caroline, mas com Jessy! Jessy é real, ela existe! Isso não passa de um sonho! Eu sei que é um son..."
- Amor acorda!!!
- Jessy!!! Você está bem!!! - pulei para fora das cobertas e a abracei com força - Senti saudades!
- Do que está falando amor? Estava aqui o tempo todo, estava sonhando, se debateu e me jogou para fora da cama! Estava gritando!
- Sonho?
- Sim!
- Mas... Mas... Caroline... Ela me sequestrou!
- Sonho! E disse que eram casadas...
- Mas como sabe?
- Você gritou lembra? Eu disse!
- Obrigada!
- Pelo que Julis?
- Me deixar feliz! Por me pedir para dividir o guarda-sol quando nos conhecemos... Por se casar comigo e apagar as chances de algum dia seria capaz de conhecer Caroline antes de você!
Ela apenas me olhou com um brilho lindo em seus olhos e me beijou, deu um abraço tão forte que me esmagou, mas não reclamei, eu queria um assim, estava segura ao seu lado, e insegura pensando em Caroline. Então o meu celular toca, Geraldo me ligando:
- Oi chefe! Bom dia!
- Bom dia senhora Torres! Já está à caminho?
- Não senhor... Vou chegar uns minutos atrasada...
- Julis, não precisa vir, trabalhou muito essa semana! Amanhã você e sua esposa viajam... Fique para arrumar o que for preciso!
- Senhor não precisa fazer isso!
- Você merece Julis! E... Mais uma coisa... Me passa o número da sua conta bancária? - não entendi o por que dele pedir isso.
- Geraldo... Por quê?
- Vou lhe fazer uma surpresa! - passei o número e ele se despediu.
- O que ele queria amor? - pergunta Jessy ansiosa pela resposta.
- Não preciso ir trabalhar hoje... E precisamos ir ao banco mais tarde...
- Por quê?
- Estou com um bom pressentimento... - não quis mencionar o que Geraldo me disse ao telefone.
Jessy ainda precisava ir ao trabalho mas poderia ir embora na hora do almoço, então ela foi se arrumar e me deu um beijo deliciosamente saboroso, menta, acabou de escovar os dentes, mas antes dela se virar a puxei pelos braço e a beijei mais uma vez.
- Amor... Eu te amo muito!
- Vem aqui amor... - mais um beijo rápido - Eu também te amo muito menina! Prepare um almoço bem gostoso! - ela se virou e saiu andando pelo corredor até eu não a ver mais.
Ela saiu e eu senti um vazio em casa, Finick estava ali deitado na caixa de passeio e então eu pensei que deveria arrumar a casa antes de viajar então peguei a vassoura e varri cada cômodo duas vezes e acabei me surpreendendo com a quantidade de pelos de meu felino, tão jovem e já soltando bastante pelo. Depois de varrer tudo comecei a lavar o chão à seco, demorou uma hora mais ou menos, depois de secar tudo ainda se via uns fios d'água que não secou e ainda era nove da manhã. Resolvi verificar as malas e ver se não faltava nada e realmente estava completa. Me sentei no sofá e fiquei sem fazer nada ali, estava um silêncio tão gostoso para dormir mas infelizmente Finick começou a miar e não parava mais.
- Meu bebe o que aconteceu? Está com fome? - fui até o armário e peguei a sua ração e coloquei no pote, então comeu alguns pedacinhos e voltou a miar - Meu amor vem aqui no colo! - o peguei e ele ficou quieto - Seu safadinho queria carinho o tempo todo!
Voltei ao sofá enquanto Finick se debruçava com meus carinhos, estava brincando com meus dedos da mão e depois tentou comer meus cabelos caídos em seu rosto, então viu que não dava para brincar nem comê-los porque eu puxava. Lembrei que eu tinha uma caneta com uma luz fina vermelha então fui até a cômoda ao lado de minha cama e o peguei, cuidadosamente coloquei Finick no chão e liguei a luz na direção de sua pata esquerda e ele começou a tentar pegá-la deu uns pulos que eu chorei de tanto rir. Ele pulava e tentava escalar as paredes só por causa de uma luz vermelha, mas eu tinha esquecido da hora e já era dez e meia.
- Gatinho, já deu né meu bebê? Vou começar a cozinhar o feijão, antes que eu atrase no almoço.
Finick me olhou e deu outro miado, mas um como se estivesse brigando comigo, então resolveu pular na cama e dormir. Peguei o celular e liguei para Jessy simplesmente porque desisti de fazer comida, como teríamos que ir ao banco então almoçaríamos fora. Coloquei um despertador para às onze e meia e tomar um banho fui em direção à cama e deitei com Finick, o abracei e sem perceber dormi. Quando acordei estava Jessy me enchendo de beijos no rosto, meu despertador não havia tocado ou eu realmente não o escutei. Me levantei e coloquei uma roupa apta à sair, e depois de dez minutos fechamos a porta e saímos. No elevador só estava nós duas, encostei minha cabeça no ombro de minha esposa e ela segurou meu rosto e me deu um beijo quente. Quando chegamos no estacionamento do prédio senti um frio tão grande que pareceu me congelar em segundos.
- Por que não disse que estava frio?!
- Não estava quando cheguei.
Ligamos o rádio e começamos à cantar como se fossemos cantoras e o único problema era nossa voz. O ar condicionado do carro me esquentou um pouco, mas não o suficiente. Ao chegarmos no estacionamento do shopping fechamos o carro e subimos um elevado maior que do nosso prédio.
- Quer almoçar primeiro? Ou vamos no banco? - eu pergunto com a esperança de escolher o almoço, minha barriga roncava muito.
- Ah... Não sei, vamos almoçar... Amor... Quero falar com você... - o jeito que Jessy falava não parecia muito legal, talvez com medo, não conseguia saber o que sentia. - Estou nervosa...
- Mas por quê? Aconteceu alguma coisa? - Jessy realmente estava nervosa, sempre que se sentia assim mexia na mecha de cabelo.
- Estou nervosa com a viagem amanhã né! Você não está?
- É claro! Mas sei que vai dar tudo certo e não vai acontecer nada no meio do caminho, então não me preocupo muito, me preocupo em meio termo... - sempre que ela estava assim eu precisava dizer algo que a acalmava e então vi que o que disse fez com que parasse de mexer em seus cabelos.
Seguimos o caminho para a praça de alimentação e paramos em um restaurante, tinha uma fila média, fizemos os pratos e procuramos uma mesa, mas não tinha nenhuma disponível. Disse para ela olhar de um lado enquanto eu olhava do outro, quando ela cutucou meu braço e vi um lugar vago mais à frente, andamos até o lugar e ficamos quase meia hora ali conversando. Nosso voo amanhã era as dez da noite, então combinei de sairmos as sete horas, já que levaríamos um animal teríamos de levar umas papeladas caso ocorresse algo que impedisse isso. Nossa sorte é que Fernanda ia nos levar caso tivéssemos problemas ela ia cuidar de Finick, imagino que, por um lado esteja torcendo para poder ficar com ele já que o ama, mas deve estar torcendo também para que de certo. Quando estávamos procurando o banco por ali fiquei pensando por que Geraldo pediu o número de minha conta. Mas quando chegamos, eu me surpreendi, o que vi na tela do caixa eletrônico me deixou pasma, não consegui nem respirar direito, chamei Jessy e ela não falou nada depois do que viu.
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Love Be Here ( romance lésbico )
RomanceJulis é uma mulher que mora com a esposa Jessy e um gato mantendo uma vida com surpresas, vergonhas e muito romance. Logo planejam uma viagem para Seattle no qual aproveitam de todas as formas possíveis, rindo e se surpreendendo com o que descobrem.