1- O herdeiro de Slytherin

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Se ao dizer aquelas palavras Harry soubesse que o seu mundo nunca mais seria o mesmo, ele não sabe ao certo se as teria pronunciado. 

Não, quem ele quer enganar? Por mais que soubesse das consequências, ele ainda teria sangue Potter correndo em suas veias, e por mais que na época ele não soubesse o significado disso, ainda seria um ímpeto lhe conduzindo a fazer a coisa certa, conduzido a salvar Gina Weasley. 

Então sim, Harry olhou para as tão impressionantes e cobras esculpidas na câmera e ordenou que a porta abrisse em um sibilo grave e fraco. 

Mesmo que extremamente certo. 

Harry tentou muitas vezes durante aquele ano se conformar que seu dom era algo... inadequado. Falar com cobras, todos achavam, era algo impróprio e extremamente maligno. A história dizia isso, todos diziam isso... 

Mas então, por que parecia perfeitamente certo e natural para ele ao ponto de quase não notar a diferença?!

Deixando esses pensamentos de lado, Harry viu as cobras se separarem e as paredes se afastarem fazendo assim que, no momento seguinte, ele estivesse, mesmo que tremendo dos pés à cabeça, adentrando em seu próprio futuro. 

Mesmo que não parecesse assim ao seu ver. Na verdade, para o pequeno moreno apavorado ele apenas estava parado no fim de uma câmara muito comprida e mal iluminada. Altas colunas de pedra entrelaçadas com cobras em relevo sustentavam um teto que se perdia na escuridão, projetando longas sombras negras na luz estranha e esverdeada que iluminava o lugar. Era um lugar grande e impressionante, Harry não podia negar. 

Com o coração batendo muito depressa, Harry ficou escutando o silêncio ansioso e quase que convidativo. Será que basilisco estaria à espreita num canto sombrio, atrás de uma coluna? E onde estaria Gina? 

Ele puxou a varinha e avançou por entre as colunas serpentinas. Cada passo cauteloso ecoava alto nas paredes sombreadas. Manteve os olhos semicerrados, pronto para fechá-los depressa ao menor sinal de movimento. As órbitas ocas das cobras de pedra pareciam segui-lo. Mais de uma vez, com um aperto no estômago, ele pensou ter surpreendido uma delas se mexendo. E certamente ele estava a lutar com a curiosidade de olhar tudo ao redor. 

Afinal, não era todo dia que alguém adentrava a câmara mais misteriosa e escondida do castelo, mesmo que as circunstâncias não fossem das mais adequadas (sério, estava pique filme de terror). Deste modo, uma parte dele queria desbravar o lugar, conhecer suas nuances e calar aquele pequeno silvo dentro de si que o atraia sempre mais para frente. 

Todavia, esse chamado era quase que completamente abafado pelo medo. Harry estava apavorado por não saber como lidar com a merda de um basilisco. Mesmo se na escola tivessem ensinado alguma magia que o ajudasse nessa situação... ele nunca foi bom aluno o suficiente para ter se aperfeiçoado nessa técnica. 

E nesse momento, Harry se culpou por isso. 

Em seu primeiro ano quando soube que o mundo mágico não era apenas palavras em um papel refletindo imaginações gloriosas de pessoas tentando escapar das cruéis realidades da vida, Harry ficou inebriado com todas as possibilidades da magia. 

Sério, é magia! Claro que é fantástico! 

E, a princípio, ele realmente quis aprender tudo quanto possível sobre esse novo mundo. Harry não era um aluno medíocre na escola primária, apenas tinha se adaptado para passar despercebido. 

Isso é o que acontece quando se cresce como ele cresceu. Enquanto os pais e parentes vibram quando uma criança chega com nota alta em uma prova, seus tios apenas o tratavam com mais desprezo e crueldade por ser melhor que seu querido Dudinha. Então sim, ser excepcional não era uma escolha em casa, mas em Hogwarts... 

Harry Potter e o Lord Slytherin / DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora