35- Ameaçando uma repórter

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 — Ah, aqui está ele. O campeão número quatro! Entre Harry, entre... Não tem com o que se preocupar, é apenas a cerimônia de pesagem das varinhas, os outros juízes estão chegando... 

— Pesagem das varinhas? — repetiu Harry curioso.

— Temos que verificar se as varinhas estão em perfeitas condições de funcionamento, sem problemas, entende, porque são os instrumentos mais importantes nas tarefas que vocês têm pela frente — disse Bagman. — O perito está lá em cima com Dumbledore, agora. E depois vai haver uma pequena sessão de fotos. Esta é Rita Skeeter — acrescentou, indicando com um gesto a bruxa de vestes carmim —, está escrevendo um pequeno artigo sobre o torneio para o Profeta Diário... 

— Talvez não seja tão pequeno assim, Ludo — disse ela, com os olhos em Harry. 

De primeira Harry já previu que teria problemas com a mulher. 

Os cabelos da repórter estavam arrumados em cachos caprichosos e curiosamente rígidos que contrastavam estranhamente com seu rosto de queixo volumoso. Ela usava óculos com aros de pedrinhas. Os dedos ossudos que seguravam uma bolsa de couro de crocodilo terminavam em unhas de cinco centímetros de comprimento, pintadas de verde florescente. 

— Gostaria de saber se poderia dar uma palavrinha com Harry antes de começarmos? — pediu ela a Bagman, mas ainda com os olhos fixos em Harry. — O campeão mais novo, entende... Para dar um toque pitoresco? 

— Certamente! — exclamou Bagman. — Isto é, se Harry não fizer objeção? 

— Hum... — disse Harry ainda pensativo sobre aquilo. 

— Beleza — respondeu Rita Skeeter e, num segundo, seus dedos com garras tinham segurado com surpreendente firmeza o braço do garoto.

Todavia, Harry não iria permitir tal ato. 

— Não gosto que me toquem, senhorita. — O garoto disse perigosamente pomposo. 

— Ah, claro, claro. Há de se entender a ansiedade de uma doce repórter que anseia por uma história. Não será nenhum incômodo me seguir então, não é?!

A mulher não parecia nem ao menos impactada com a ação defensiva de Harry, o que apenas fez a centelha de raiva no interior dele se alastrar mais. 

— Não, imagina...

Rita Skeeter pareceu não captar o deboche nas palavras do aluno, pois logo saiu da sala indo em direção ao final do corredor onde apenas havia um pequeno armário imundo. 

Harry parou no meio do caminho na frente de uma sala vazia furando os planos da mulher de que ele a seguisse para aquela caixa de lembranças obscuras cheia de aranhas. Demorou um pouco, mas quando viu que o garoto realmente não iria segui-la, Rita deu meia volta com a postura intacta, como se sempre fosse parte dos seus planos entrar na sala e não no armário.

— Vejamos... Ah, sim, aqui está bom e aconchegante. 

Harry quase não conseguiu segurar o ímpeto de revirar os olhos. Em vez disso apenas se sentou com uma postura impecável em uma cadeira longe o suficiente da mulher.

 — Vamos querido, certo, ótimo — repetiu outra vez sentando-se também — Vejamos agora... Você não se importa, Harry, se eu usar uma pena de repetição rápida? Assim fico livre para conversar com você normalmente... 

— Uma o quê? — perguntou Harry não familiarizado com o apetrecho jornalístico, mas o sorriso que Rita abriu em seguida quase fez o menino voltar atrás e negar o pedido. 

Em vez de responder, a mulher meteu a mão na bolsa e tirou uma pena comprida verde ácido e um rolo de pergaminho, que abriu entre os dois em cima de uma das mesas. Ela levou a ponta da pena verde à boca, chupou-a por um instante com cara de quem estava gostando, depois colocou-a em pé sobre o pergaminho, onde a pena ficou equilibrada tremendo ligeiramente. 

Harry Potter e o Lord Slytherin / DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora