Seattle, Washington – 2011
Todos nós ouvimos as palavras modernizar, otimizar, integrar, adaptar. Todo dia alguém vem com uma nova estratégia, ferramenta ou tecnologia pra aumentar a nossa eficiência. A ideia é tornar a nossa vida mais fácil.
Mas a pergunta é: realmente funciona?A reunião da noite anterior havia sido perturbadora em muitos sentidos. Além dos cortes drásticos e das novas regras absurdas, Alana Cahill tinha assinado a sentença final: o fechamento oficial da emergência do Seattle Grace Mercy West. O hospital, antes referência em trauma e atendimento rápido, perderia sua identidade.
Na penumbra de um dos quartos da UTI cardíaca, Alina, Meredith e Cristina estavam reunidas. Seus olhares fixavam a pequena câmera instalada no alto da parede. O brilho vermelho da luz indicava que ela estava ligada. Elas sussurravam entre si, como se o próprio dispositivo pudesse ouvi-las.
— Instalaram câmeras? — Meredith perguntou, franzindo a testa.
— Colocaram em toda a UTI. — Cristina respondeu, os braços cruzados, a impaciência transbordando em cada palavra.
— Primeiro, querem fechar a emergência. Agora colocam câmeras pra nos vigiar. — Alina soltou um suspiro irritado, balançando a cabeça. — Qual o próximo passo? Fechar o hospital e demitir todo mundo?
— Daqui a pouco vão estar em todo lugar: nas salas de cirurgia, nos corredores, até nas salas de repouso... — Cristina resmungou, lançando um olhar desconfiado para o teto.
— Estamos sendo espionadas. — Alina concluiu, a voz carregada de frustração.
— Será que ele relata pra Cahill tudo que vê? — Meredith perguntou, observando a câmera como se tentasse enxergar além da lente.
— Quem sabe que mal se esconde por dentro daquele olho eletrônico? — Cristina inclinou a cabeça, os olhos semicerrados.
O silêncio foi quebrado por um som metálico.
"Bom dia, Doutora Yang."
A voz eletrônica ecoou pelo quarto, fria, mecânica.
Cristina arregalou os olhos, levando um instante para responder.
— O espião sabe o meu nome. — Ela sussurrou, olhando as amigas.
— Tá escrito no seu crachá. — Meredith disse, apontando para o crachá da amiga.
Alina apenas suspirou, dando um último olhar para a câmera antes de se virar.
— Vamos...
Sem mais uma palavra, as três saíram do quarto, mas a sensação incômoda permaneceu. Elas sabiam que, a partir daquele momento, cada passo, cada movimento, cada sussurro estava sendo observado.
[...]
A atmosfera dentro da sala de cirurgia recém-reformada estava pesada. Os médicos titulares se reuniam ao redor de Alana Cahill, a médica conselheira, ouvindo suas palavras com expressões que variavam entre ceticismo e desconfiança. As luzes frias refletiam no chão impecável, e o ambiente parecia mais asséptico do que nunca, não só pela esterilidade do local, mas pela frieza da mudança imposta.
Alana, de postura rígida e tom controlado, mantinha o olhar afiado sobre os cirurgiões à sua frente.
— As câmeras não foram instaladas para espioná-los, e sim para ajudá-los. — Sua voz era firme, quase mecânica. — O médico remoto estará do outro lado da tela, um par de olhos extras para reduzir erros, maximizar seu tempo e, claro, minimizar riscos. Isso responde às suas perguntas?
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Código Azul
FanfictionAlina Koracick sempre teve um destino claro: ser médica, seguir os passos de seu pai como neurocirurgiã. Mas quando ela deixa para trás sua vida em Baltimore e o conforto do Hospital Johns Hopkins para ingressar na residência cirúrgica do Seattle Gr...