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Uma família inesperada
Sinopse:
Narrada por Pedri, meio-campista do Barcelona, esta história desdobra-se em um dia inesquecível que muda sua vida para sempre. Durante uma vibrante partida no Camp Nou, Pedri, um jovem tal...
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PEDRI
O eco do apito final ressoava pelo Camp Nou, quase abafado pelos rugidos triunfantes da multidão. Havia algo elétrico no ar aquela noite, uma carga que só se sente quando um jogo duro termina em vitória. Nós, o Barcelona, havíamos acabado de arrancar uma vitória suada de 2 a 1 sobre o Girona, e a energia do estádio era palpável. Eu andava pelo campo, trocando cumprimentos calorosos e tapas nas costas com meus companheiros, cada um de nós marcado pelo suor e pela satisfação da luta bem-sucedida.
Enquanto acenava para os fãs e sentia o calor do momento, uma cena fora do comum capturou minha atenção. No canto da minha visão, um vulto pequeno e solitário se movia contra a corrente da multidão. Um garotinho, com uma chupeta presa entre os lábios e segurando um paninho, corria entre as pernas dos adultos, seus soluços quase inaudíveis sobre os clamores da torcida.
Algo dentro de mim estremeceu. Ignorando os chamados dos meus colegas de equipe, desviei meu caminho em direção ao garoto. À medida que me aproximava, a celebração ao meu redor desvanecia, substituída por uma sensação crescente de urgência. Ele estava claramente perdido e em pânico, seus pequenos ombros tremendo a cada soluço contido.
"Ei, pequeno! Está tudo bem? Qual o seu nome?" Minha voz era um sussurro suave comparado ao caos ao redor. Ele olhou para cima, seus olhos castanhos se arregalando ao ver minha figura suada e uniformizada. Por um momento, ele parou, como se tentasse decidir se deveria correr ou ficar.
"P-Pablo," ele gaguejou depois de uma pausa, sua voz abafada pela chupeta.
"Oi, Pablo, sou Pedri. Você está perdido? Vamos encontrar sua família," falei, estendendo minha mão com cuidado. Ele recuou inicialmente, mas algo em seu olhar mudou, uma centelha de esperança talvez, e ele deu um pequeno passo em minha direção.
Observando ao redor e vendo nenhuma sinal de adultos procurando por ele, meu coração apertou. Não havia ninguém. Ele estava completamente só. Eu me agachei para ficar no nível dos olhos dele, tentando oferecer algum conforto. "Vamos sair dessa confusão, tá bom? Vamos achar um lugar mais tranquilo e tentar resolver isso."
Confiando em mim, ele colocou sua pequena mão na minha. Conduzi-o delicadamente pelo campo, afastando-nos do tumulto das celebrações e em direção à relativa calma dos corredores internos do estádio. Cada passo parecia carregar o peso de uma decisão não verbalizada. Ao chegarmos a um espaço mais silencioso, nos sentamos num banco do vestiário vazio.
"Pablo, você sabe onde sua família está?" Minha voz era gentil, tentando sondar sem assustá-lo ainda mais.
Com um trêmulo balançar de cabeça, ele murmurou, "Eles foram embora." As palavras foram entregues com tal simplicidade, mas carregavam um peso devastador. Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, cada uma parecendo corroer a barreira que eu tentava manter contra a emoção bruta do momento.
Naquele instante, segurando aquele pequeno garoto choroso em meus braços, senti uma mudança irreversível dentro de mim. Uma sensação de dever surgiu, forte e clara. Pablo precisava de alguém. E algo dentro de mim, talvez uma parte que eu nunca soubera que existia, estava pronto para ser esse alguém.
Eu não sabia o que o amanhã traria. Eu não sabia como eu, um jogador de futebol em ascensão com uma vida já complicada, poderia assumir a responsabilidade de cuidar de uma criança. Mas enquanto ele se aconchegava contra mim, respirando mais calmamente, eu sabia uma coisa: estávamos juntos nisso agora. E de alguma maneira, eu garantiria que ele nunca mais se sentiria tão perdido e sozinho novamente.