Júlio serviu a bebida da mesa lateral, furioso consigo mesmo ao ver como as mãos estavam trêmulas.
"Vamos, Ju, controle-se", murmurou para si mesmo.
Tinha a sensação de que ele havia percebido seu nervosismo e estava se divertindo à sua custa.— Você não me acompanha? perguntou-lhe, quando ele lhe entregou o copo.
— A noite será longa, desculpou-se
— Neste caso, ergueu o copo e brindou ele. - então conte-me mais sobre sua antepassada. Ela foi amante do conde de Valença, não é mesmo?
— O senhor parece estar muito bem informado.
— Há uma pequena livraria perto do hotel onde estou hospedado na cidade. Comprei um pequeno guia local e foi nele que li sobre o assunto.
— O que mais o senhor deseja saber? falou Júlio com ar de deboche.
— O marido dela, o primeiro barão. Que tipo de homem era ele?
— Frequentava o círculo do príncipe, contou Júlio, relutante. - Mas não era amigo muito íntimo. Era um jogador.
— Ah, então é daí que vem a tendência. Ele tinha tão pouca sorte quanto seu pai? falou com desdém
Júlio indignou-se, aborrecido com o tom de crítica em sua voz.
— Acredito que não é um tópico que gostaria de debater com o senhor.
— E, no entanto, tem muita importância. Se seu pai tivesse mais sorte em suas especulações financeiras, então sua casa não estaria à venda e não estaríamos juntos nesta noite.
— Tem gente que é mais indesejada que segunda-feira e ainda se acha, disse Júlio pra si mesmo.
— O que disse
— Não me recorde sobre isso por favor - Júlio com uma expressão de tristeza.
— Nossa trégua não durou muito, thespinis. Mas não importa. Meus instintos me dizem que será muito mais interessante fazer a guerra com você do que a paz.
— E, logicamente, seus instintos estão sempre corretos, ironizou Júlio.
— No que se refere a pessoas como você, sempre! Comentou ele com um sorriso no rosto. —Outro comentário desnecessário! "Pensou Júlio!
— Poderíamos mudar de assunto, por favor?
— Claro que sim. Vamos falar sobre o tempo. Ou então sobre como você se vê lindo nessa roupa e quanto eu pagaria para vê-lo sem elas?Júlio sentiu raiva e vergonha; era como se ele o estivesse despindo com os olhos. Se ele tivesse um copo na mão, não hesitaria em jogar o conteúdo naquele rosto arrogante. Queria responder, agredi-lo. Era muito o que ele lhe estava cobrando por havê-lo chamado de camponês.
— O senhor me daria a casa, sr. Constantis? riu ele
A pergunta, sem dúvida, havia-o tomado de surpresa que certamente o surpreendeu.
— Não, respondeu, o cenho franzido.
— Neste caso, não há acordo, disse ele, dando de ombros .O senhor terá de se conformar.
Seu sorriso se espalhou por seu rosto.
— Não conte com isso, sr. Júlio de Araújo.Por muito tempo, seus olhos ficaram fixos nele . Júlio sentiu-se subitamente aterrorizado, consciente de que não podia se mover nem falar e que sua pulsação disparara.
Queria dizer "não" para assegurar sua rejeição, o horror que ele lhe causava, mas sua garganta não obedecia. Foram vozes e ruídos de passos que finalmente quebraram o feitiço. Júlio sentia-se gelado.
Enquanto Alex Constantis se voltava para cumprimentar seus pais, ele atravessou a sala, olhando fixamente para a lareira, tentando se acalmar.
Lídia foi amigável com seu convidado inesperado, mas muito diferente da gentileza habitual com que tratava seus amigos. Júlio percebeu que ela também estava sob as ordens do pai.
Sr Philip parecia o mesmo, exuberante e conversador, tratando Alex como se ele fosse um velho e querido amigo, mas Júlio podia perceber as linhas de tensão em seu rosto. Parecia um pesadelo.
Pensou que o ambiente se desanuviaria quando comentários os outros convidados, mas entre os primeiros chegaram os Rodrigues, e Vinícius Rodrigues ou como gostaria de ser chamado de viny, logo arrastou Júlio para outra sala mais afastada dos convidados.— Ju, que história é essa que desde que cheguei estou ouvindo as pessoas comentando por aí que seu pai vendeu a propriedade para algum grego milionário. Não pode ser verdade?
— Esperamos que o acordo seja fechado — disse Júlio, corajoso.
— Ah, não tente me enganar Júlio. Nós nos conhecemos bem demais para isso. Eu sei que você preferiria perder o braço direito do que a essa casa.
O sorriso de Júlio desapareceu por completo.
— Oh, Viny, a casa será vendida de qualquer modo, mas sinceramente não sei se Alex irá ou não comprá-la –Engoliu em seco. - O que sei é que preferiria ver a casa incendiada e destruída a estar nas mãos daquele homem.
É o tipo mais odioso que encontrei durante toda minha vida!
— Ju, querido, nenhum homem com todo esse dinheiro pode ser odioso. Viny passou-lhe o braço pelos ombros. Não há nada que eu possa dizer para fazer com que você se sinta melhor, mas quero previni-lo. Minha madrasta está com o diabo no corpo, hoje. Durante todo o caminho para cá ela sorria e isso é sempre um mau sinal.
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UMA VIAGEM SEM VOLTA
Romance" vou comprar a mansão, e você será meu" disse Alexandro, inclinou-se e beijando-o nos lábios. Júlio queria dizer não, tentou resistir, manter os lábios cerrados, mas era luta que não podia ganhar. Alexandro com sua sensualidade, estava o subjugando...