Júlio acordou com a luz forte que o cegava. Abriu os olhos lentamente sentindo a cabeça latejar. Ficou imóvel por algum tempo, tentando recordar onde estava.
Surpreso, notou que não se encontrava mais na cabine. A luz forte era o sol penetrando por uma janela aberta e refletindo nas paredes brancas do quarto minúsculo. Estava deitado em uma cadeira dura e estreita, coberto por um velho cobertor e, quando se movia, as molas rangiam, protestando.Sentou-se rapidamente, tentando descobrir o que aconteceu. Chocado, percebeu que estava nu. Deu uma olhada no quarto. Além da cama, havia pouca mobília; uma pequena cadeira, uma cômoda com o tampo abaulado. Nada que reconhecesse ou que lhe pertencesse. Nenhuma de suas coisas e, com certeza, nenhum de suas roupas.
Júlio colocou as mãos sobre os olhos, tentando entender o que havia ocorrido. Estava à espera de Alex, lembrou-se, quando mergulhou no sono. Mas era muito antes da meia noite e, pela posição do sol, já era mais de meio-dia. Será que ele havia dormido doze horas ininterruptamente? E como ele havia chegado em tal casebre, quando na noite anterior estava na luxuosa cabine do Clio? De repente, começou a sentir-se terrivelmente assustado.
Lembrou-se de um artigo que havia lido recentemente sobre a pirataria moderna. Será que o Clio fora atacado durante a noite por piratas que a haviam sequestrado, enquanto dormia? Se isso fosse verdade, o que aconteceu com o capitão e os outros? E Alex, onde poderia Júlio encheu- se de determinação e enrolou o lençol no corpo, antes de colocar os pés no chão de concreto. Levantou- se e sentou-se em seguida, sentindo a tontura voltar enquanto esperava que o mal-estar passasse, escutou passos subindo a escada.
Buscou freneticamente algo com que pudesse se defender, porém, não havia nada, exceto a cadeira, mas não haveria tempo para alcançá-la. Encostou-se na parede, o terror dominando-o, quando viu despontar na porta um rosto escuro.
Assim que o reconheceu, Júlio emitiu um grito de alívio.— Alex! Ah, graças a Deus! Eu estou apavorado. O que aconteceu? O que estamos fazendo aqui? Que lugar é esse? Pelo amor de Deus — Júlio com os nervos à flor da pele.
— Você estava dormindo, disse ele. E eu estava esperando que acordasse.Alex puxou a única cadeira do quarto, virou-se ao contrário e sentou-se, os braços apoiados no encosto.
Júlio olhou-o, sentindo remorsos. Havia estragado a noite de núpcias deles.— Oh, Alex. Sinto muito.
— Mas não deveria. Era minha intenção que você dormisse tanto.
— Sua intenção? - Júlio ficou atônitoJúlio sentou-se melhor e encarou-o. Outra vez, lembrou- se daquela horrível tortura que o deixou tão fraco.
— O suco de frutas... havia algo nele? - perguntou - Mas por quê, Alex? Por quê?
Júlio está ficando indignado com essa situação.
— Porque pensei que meus planos para a nossa lua-de- mel talvez não fossem do seu agrado - respondeu, lacônico. — E eu quis evitar qualquer tipo de cena.
— Não estou compreendendo nada. Onde está o Clio? E que lugar horrível é esse?
— O Clio já partiu. E esse "lugar horrível" é a casa onde eu nasci.
— Oh, sinto muito — tentou se desculpar. Eu não sabia. Foi o choque de acordar em lugar estranho.
— Era exatamente o que eu havia planejado.
— Planejado? Alex, pelo amor de Deus! – essa foi a gota d'água para ele, — O que significa tudo isso? Por que estamos aqui?Júlio já estava sem paciência, não queria levantar a voz para Alex, já estava frustrado suficiente para aturar enigmas que Alex estava fazendo.
— É bastante simples. Você se casou com um camponês, agapitós. Agora vai descobrir como é a vida de um camponês. Vai ser muito... instrutivo, não é mesmo?
Permaneceram em silêncio por algum tempo. Júlio cobriu os olhos com as mãos.— É alguma brincadeira?
— Não.
— Você espera que eu passe a lua-de-mel aqui, nesta casa?
— Espero muito mais do que isso, retrucou ele, autoritário. — Você vai cozinhar para mim, lavar minhas roupas, limpar a casa e cuidar do jardim. Vai alimentar as galinhas e tirar leite da cabra.
Júlio começou a rir de nervoso.— Haa meu Deus, será que eu choque pedra na cruz. Você ficou louco? Só pode ser, sou seu marido, seu companheiro não algum tipo de escravo doméstico e...
— Não, você não é meu marido nem companheiro. Ainda não. É só um homem com quem me casei. Mas você não tem lugar nem na minha cama, nem em meu coração.
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UMA VIAGEM SEM VOLTA
Romance" vou comprar a mansão, e você será meu" disse Alexandro, inclinou-se e beijando-o nos lábios. Júlio queria dizer não, tentou resistir, manter os lábios cerrados, mas era luta que não podia ganhar. Alexandro com sua sensualidade, estava o subjugando...