Não havia nada a temer, tentou se convencer. Nada. Dirigiu-se à porta da entrada, observando-o enquanto Alex saía do carro. Era um Aston Martin, último modelo, pôde notar:
Alex Constantis caminhou até a porta, sorrindo enquanto ele o observava.— Kalimera- cumprimentou, gentil. Dormiu bem?
"Não vou ficar vermelho", decidiu-se Júlio. "Definitavamente, não vou!"
— Otimamente bem – mentiu ele, com frieza.
— Você tem muita sorte, Júlio, mou. Cada vez que eu fechava os olhos, sonhava que você estava a meu lado e tentava trocá-lo sorriu Alex. Foi muito frustrante, pode acreditar!
— O senhor pode considerar esses comentários muito divertidos, sr. Constantis - repreendeu-o friamente. Para mim, são embaraçosos e degradentes.
— Você sempre considera a verdade algo insultuoso? Ou seria eu o primeiro homem suficientemente corajoso para admitir que gostaria de ir para a cama com você?
— Bem, mas acontece que eu não quero o senhor - ele o interrompeu. Acho melhor que se vá.
— Só depois de visitar o resto da propriedade. Seu pai assegurou-me de que você ficaria encantado em servir-me de guia.
— Esse foi o primeiro erro dele, hoje –bufou. Espero que seja o último, desde que ele vai discutir a venda com seus advogados. Podemos dar uma volta rápida pela propriedade. Sinto não poder convidá-lo para almoçar...
— Não espero que o faça – comentou com toda a suavidade –Trouxe um piquenique para os dois. E a volta vai demorar todo o tempo que for necessário. Afinal, você é um especialista. E também não estou interessado em estatísticas de produção por hectares, thespinis. O que desejo é ver essas terras, essa casa, através de seus olhos, está me entendendo?
Abriu a porta para Júlio.No princípio, ele ficou tenso, sentindo a proximidade dele no carro; mas pouco a pouco começou a relaxar, vendo que alex estava mais preocupado em dirigir.
Ele imaginara que poderia explicar o funcionamento da propriedade em poucas palavras, mas logo descobriu seu erro. As perguntas de Alex eram inteligentes e objetivas, demonstrando grande perspicácia. Júlio teve de reconhecer que fazia grande esforço para acompanhar o raciocínio rápido dele.
Com as perguntas de Alex, Júlio, sem querer, começou a falar sobre Águas Belas, como havia sido no passado, os planos que ele teria para o futuro, a voz suavizando-se quando identificava um ponto de referência, os lugares que ele amava desde a infância. Cada cerca viva, cada bosque parecia ter um significado profundo, percebeu, cada vez mais, angustiado.— Creio que deveríamos comer algo, disse ele. Onde pensa que seria um bom lugar?
Júlio engoliu em seco, recompondo-se.
— Se o senhor seguir a trilha da esquerda, chegará ao lago. Mas pode me deixar aqui. Na verdade, já devo voltar a casa...
— Depois de almoçarmos — disse suavemente, mas sem admitir contestação.Banhadas de sol, as águas do lago brilhavam como ouro
— Tem algo a ver com a sedimentação — explicou Júlio
— São cristalinas e o lago tem grande quantidade de peixe. É dessa coloração que vem o nome do lugar. Águas Belas.
— É claro — concordou ele, estendendo-lhe uma manta. Coloque sobre a grama, por favor, enquanto eu trago a cesta do piquenique.Júlio obedeceu, inseguro. Nesse momento, ele gostaria de ter organizado um almoço em casa. Um piquenique à beira do lago tinha todas as conotações que queria evitar. A sala de jantar seria um ambiente muito menos íntimo do que esse tipo de lugar.
O conteúdo da cesta foi uma revelação. Havia salmão de fumado, fatias de torta de frango, saladas, pãezinhos frescos. Como sobremesa, havia nectarinas, uvas e morangos com cereja.
Júlio ficou surpreso ao ver Alex abrir uma garrafa de champanhe com toda a naturalidade.— Não é muito luxo para um dia simples no campo? ironizou Júlio.
— Você quer dizer... um tanto vulgar? Mas o que poderia esperar de um camponês? E, de qualquer modo, você se esqueceu de que tenho algo a celebrar.
— O senhor está equivocado, sr. Constantis - disse ele, com a garganta apertada. – Não me esqueci absolutamente de nada.
— Você é muito formal. Será que não conseguiria me chamar de Alex?
— Penso que é preferível a formalidade nas atuais circunstâncias.
— Como queira. Vamos brindar... por Águas Belas e seu futuro. Asseguro-lhe, thespinis, que tem um futuro.

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UMA VIAGEM SEM VOLTA
Romance" vou comprar a mansão, e você será meu" disse Alexandro, inclinou-se e beijando-o nos lábios. Júlio queria dizer não, tentou resistir, manter os lábios cerrados, mas era luta que não podia ganhar. Alexandro com sua sensualidade, estava o subjugando...