continuação 15

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Ele levantou um pouco o corpo para colocar sua perna musculosa entre as coxas de Júlio.

— Continue lutando, agapi mou dizia, rindo. Gosto disso.
A pressão tão íntima de seu corpo contra o dele não deixava dúvida sobre a que ele se referia e a vergonha deixou ainda mais furioso.
— Seu porco! Seu... seu...
— Bastardo? - caçoou. Por que você não diz?

Os dedos dele moviam-se lentamente para baixo, puxando- lhe a blusa para fora da calça. O peito dele encontra-se descoberto, Júlio percebe os raios do sol tocando sua pele pálida. Suas areolas rosadas destacam- se na visão de Alex.
Alex sorri sensualmente pelo privilégio.
  Júlio sentiu que lhe faltava a respiração. O sol cegava seus olhos semicerrados, provocando total escuridão enquanto ele se inclinava sobre ele. Seus dedos passaram a acariciar-lhe um dos mamilos, segurando-o para beijá-lo. Um gemido, metade rejeição e metade desejo, escapou da garganta de Júlio, quando, pela primeira vez, sentiu-lhe os lábios na carne nua. Uma onda de calor, de excitação e de vergonha percorreu o corpo quando a boca de Alex fechou-se sobre o bicho róseo de seu peito ereto.
   A língua dele rodeava-lhe o bico langorosamente, brincando, tocando delicadamente a ponta morna até que a mescla de dor e prazer fez com que ele soltasse um grito surdo, o corpo contorcendo-se, mas dessa vez por uma tumultuosa sensação desconhecida de abandono.
  Ele voltou a cabeça e começou a beijar o outro mamilo.O núcleo secreto da sua masculinidade se contraiu de intenso prazer ao sentir-se correspondido.
A mão dele começou a se mover lentamente para baixo, explorando-lhe o torso e o ventre reto, até a cintura, e parou. Como se não tivesse mais nenhum controle sobre o próprio corpo, Júlio sentiu sua pele ficar arrepiada com os toques de Alex, os próprios quadris se levantavam, arqueando, empurrando de encontro à perna que estava o imobilizando.
Alex levantou a cabeça e olhou Júlio diretamente nos olhos. Tinha a respiração ofegante e, de repente, moveu-se para o lado suavemente, deixando-o livre.
  Por um longo momento, Júlio permaneceu imóvel, o corpo tenso, enquanto a mente tentava compreender o que acabara de acontecer com ele. De muito longe, escutou a voz de Alex, zombeteira.

— Se você só sente indiferença por mim, Júlio mou, então, o homem que for capaz de despertar alguma paixão em você deve ser realmente invejado.

Como um soluço, Júlio virou-se para o lado oposto, tentando abotoar a blusa com os dedos trêmulos.
Ele não podia acreditar no que acabara de acontecer. Como Ele havia permitido que Alex lhe fizesse aquilo e ainda se entregará completamente? Queria sumir dali, correr para algum lugar onde ele jamais o pudesse encontrar, onde nunca tivesse de encará-lo novamente.
Deu uma rápida olhada cheia de humilhação para onde ele estava, e viu que guardava a cesta, com toda a naturalidade.
Era evidente que o acontecimento recente não afetaria de forma alguma Alex, diferente do que Júlio pensou, extremamente infeliz.

Ele provocou Alex e recebeu uma reação, agora teria que conviver com a ideia de que, se Alex desejasse, ele poderia tê-lo possuído, ele, o distante, o inatingível.
"Oh, meu Deus! Não pode ser verdade! Não pode!", pensava, horrorizado.
Quando olhou para cima, viu que Alex estava de pé perto dele, com as mãos na cintura. Com a boca seca, olhou-o, protegendo-se do sol com a mão.

— Quer ir para casa? perguntou-lhe Alex.
— Prefiro ir sozinho -respondeu-lhe com uma voz rouca que parecia não lhe pertencer.

Júlio estava certo de que ele  iria discutir, insistir, mas ele só deu de ombros, repôs a cesta no carro e partiu.
Ele permaneceu, onde estava por muito tempo, olhando fixamente as águas cor de âmbar do lago, sem vê-las. Então, finalmente, pôde se levantar e começou a caminhar em direção ao bosque, onde estavam acampados os ciganos. Ele tinha de falar com a Vó Pasqual mais uma vez. Queria perguntar-lhe algumas coisas, coisas que ele tinha necessidade de saber. Casa, a Torre atingida pelo raio; e Alex Constantis, o Rei de Espadas, vindo para humilhá-lo.
   É claro que era tudo só uma grande coincidência, mas tão horrivelmente certeira, que ele tinha de saber. Mas quando chegou à clareira, não havia mais ninguém, só as manchas escuras no chão onde os ciganos costumavam acender o fogo. Eles haviam partido!
Júlio gritou, as lágrimas rolando-lhe pelas faces.

— Vocês não podem me abandonar assim, não podem! Quero que retirem a profecia. Quero um destino menos cruel!

Mas os Pasqual já haviam ido embora. Só Deus sabia quando e se voltariam algum dia.
Caminhou lentamente para a casa, com a cabeça baixa.
   Em seu quarto, sentindo-se seguro, começou a tirar a roupa que estava com cheiro de grama, então foi para o banheiro, e  abriu o chuveiro. Deixou a água escorrer por seu corpo por muito tempo,como se ele pudesse apagar as lembranças das mãos e dos lábios de Alex. Queria pertencer-se outra vez, não permitindo que seu corpo voltasse a traí-lo.
     Vestiu-se sobriamente, com uma calça de linho verde-água e blusa branca de mangas largas. Penteou os cabelos molhados, passou uma fragrância suave. Mirou-se no espelho, vendo a mesma figura discreta, mas só ele sabia que era tudo uma grande mentira. Se Alex  tivesse o despido, possuído, ele não faria nenhum movimento para impedi-lo. Ele sabia disso, e era o que mais a aterrorizava até então; mais ainda do que     a perda da casa.
Ele havia sido dele e foi ele quem decidiu parar. Teria de conviver com isso para o resto da vida.
Desceu as escadas, quase tropeçando na  governanta.

— Desculpe, - sorriu-lhe. Você estava à minha procura?
— Há alguém à sua procura, seu Júlio. Pensei que fosse uma visita para sr Philip, mas ele perguntou pelo senhor.

Júlio manteve-se calmo, mas seus instintos diziam-lhe para correr de volta ao quarto e trancar-se lá.
Não perguntou quem era, já sabia. Sabia também por que ele estava ali. Dirigiu-se à sala de estar. Alex Constantis tava de pé em frente à lareira. Ele também havia mudado de roupa; vestia um terno escuro, camisa de cambraia branca e gravata de seda.
Por um momento que parecia não ter mais fim, encararam-se sem dizer nenhuma palavra.
Então ele falou, bruscamente:

— Quer se casar comigo?

Palavras de repúdio povoavam a mente de Júlio; mas foi uma voz que não lhe pertencia que acabou respondendo. 

— Quero.

Alex assentiu com um movimento de cabeça.

— Amanhã virei falar com seu pai.

Então passou por ele sem se despedir e partiu.
Júlio arrastou-se até o sofá, deixou-se cair no meio das almofadas tremendo violentamente.

" O que foi que eu fiz meu Deus? O que eu fiz?" Pensou aterrorizado

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