Júlio retirou tudo da gaveta, buscando suas roupas finas de seda e de linho; nada. Nem mesmo um par de sapatos, nem seus perfumes e cremes caros.
— Ainda não está pronto? rugiu ele.
Júlio não havia escutado passos e voltou-se assustado.
— Não estou e nunca vou estar — reclamou ele, furioso, apontando para a cômoda. Estas não são as minhas roupas.
— Considere-as como um empréstimo.
— Não usaria isso nem para limpar o chão. Gostaria de ter minhas roupas de volta, por favor.
— Ainda tão arrogante — comentou ele, calmo. — Mas vai aprender.
— Duvido. Onde estão minhas roupas?
— A bordo do Clio, que, nesse momento, deve estar a muitas milhas de distância daqui.
— Você está querendo dizer que o iate foi embora deixando-nos aqui? Não acredito.
— Veja por você mesmo.
— Sem roupas? Como eu poderia?
— Estas são as suas roupas agora. Devo admitir que não são do tipo com as quais você está acostumado, Júlio mou, ou do tipo que você esperava que eu comprasse para meu adorado esposo, mas são perfeitamente adequadas para este lugar e para o tipo de vida que teremos aqui.
— Se não fosse por um detalhe insignificante. Você se esqueceu de incluir a roupa íntima.
— O tempo está quente e essas roupas o cobrirá suficiente
mente disse ele, dando de ombros.Júlio encarou-o.
— Você realmente crê que vou andar na frente das pessoas usando só um vestido e um par de sandálias? Pois está completamente louco!
— Calma disse Alex, sem levantar a voz, mas com uma nota de ameaça. Não há ninguém aqui, exceto nós.
— Ninguém? E por quê? Que diacho de lugar é esse?
— É uma ilha chamada Argoli. Ninguém mais vive aqui. Estamos completamente, totalmente a sós, agapi mou. Exatamente como você ansiava.
— Eu disse isso? Eu deveria estar louco, desajuizado só pode! E ainda não acredito em nada disso.Júlio foi até a janela, tropeçando no lençol; observou as redondezas.
— Vejo uma rua, diversas casas e mais adiante uma igreja...
— Todas desertas. Os habitantes dessa ilha mudaram-se para o continente, há cinco anos. Um dia, espero poder fazer algo para retornarem, mas, por enquanto, a ausência deles serve perfeitamente aos meus propósitos.Do outro lado, Júlio podia ver o mar de um azul intenso, mas sabia que o Clio não estaria ancorado lá. Parecia que ele estava condenado a permanecer ali sofrendo todos os caprichos daquele homem, como vingança por tudo o que dissera.
— Vista-se e desça — disse Alex, seco. Você vai preparar a refeição.
— Eu não sei cozinhar — protestou ele.Não era exatamente verdade. Sabia preparar omeletes e outros pratos leves, mas viver em uma casa onde a governanta era a sra. Socorro reinando como uma rainha na cozinha da mansão não incentivava ninguém a desenvolver habilidades culinárias.
— Então vai aprender, a não ser que queira morrer de fome.
— E como vou descer essa escada? Se eu cair e quebrar o pescoço, existe algum hospital por aqui?
— Se você cair e quebrar o pescoço, Júlio mou, duvido que algum hospital pudesse fazer algo para salvá-lo. Aconselho tomar bastante cuidado.Júlio vestiu-se, sentindo vontade de chorar quando se viu dentro das quelas roupas. Desceu as escadas e deparou-se com uma sala tão simples quanto o quarto. Em um canto estava um antigo fogão a lenha, escurecido pelas cinzas, aparentemente ali deixadas havia muitos anos. No meio, uma mesa quadrada recoberta por restos de fórmica e duas cadeiras de plástico. No outro canto, uma cama de armar, onde, provavelmente, Alex passara a noite. Havia também uma pia velha e encardida, que tinha um cano de drenagem atravessando a parede. Era a única concessão ao conforto em todo o casebre.
Júlio engoliu seco.
— Não há torneiras — conseguiu dizer.
— Para que torneiras, se não há água corrente? comentou Alex.
— Mas então, como se...
— Existe um balde — explicou Alex - com o qual, o Gios mou você pode trazer água do poço da rua. Atrás da casa existe uma nascente; é de lá que você deve trazer a água para ser bebida.
— E isso é tudo? — perguntou Júlio, sem poder acreditar em seus olhos
— Exato.
— No entanto, é totalmente fora de cogitação. Uma verdadeira piada! — comentou Júlio sentando-se em uma das cadeiras.
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UMA VIAGEM SEM VOLTA
Romance" vou comprar a mansão, e você será meu" disse Alexandro, inclinou-se e beijando-o nos lábios. Júlio queria dizer não, tentou resistir, manter os lábios cerrados, mas era luta que não podia ganhar. Alexandro com sua sensualidade, estava o subjugando...