— Espero que você continue rindo no fim do dia. Sugiro que comece suas obrigações acendendo o fogão.
— Essa coisa? Ainda funciona?
— Espero que sim. Os japoneses gostam de peixe cru. Não creio que você apreciaria muito.
— Nem você retorquiu Júlio. - Então, se o fogão não for aceso, nós deveremos declarar uma trégua e retornar à civilização.
— Oh, não, matia mou sorriu ele. Porque o fogão acenderá perfeitamente bem, com boa vontade. Então, não tente qualquer tipo de truque, ou você se arrependerá amargamente.Júlio não conseguiu sustentar o olhar dele e, envergonhado, baixou a cabeça.
Alex estava louco, com toda a certeza, mas a loucura não perduraria por muito tempo. Ele tinha crescido na pobreza e falta de conforto, mas isso não significava que gostasse dessa vida. Júlio havia observado como Alex Constantis apreciava certos luxos que o dinheiro podia comprar; então, os dias que passariam em Argoli seriam, para ele também um suplício.
"Fazer-me sofrer é uma coisa", pensava, "passar por sofrimento igual é outra". Ele não aguentaria mais do que dois dias. Enquanto isso, Júlio se esforçaria para não enfrentá-lo.Júlio levantou-se e saiu para dar uma olhada da vila abandonada. À esquerda, a rua estreita e tortuosa, com poucas casas, baixava até um descampado que continha algumas oliveiras abandonadas, suas folhas prateadas brilhando ao sol. Mais além, parecia não haver nada, exceto rochas sem nenhuma vegetação.
Desolação total, como a desolação que Júlio sentia por dentro. Estremeceu, mas, fazendo um esforço, caminhou até o pátio, atrás da casa. Há tempos, teria sido um jardim, mas agora estava abandonado e coberto de mato. Ali estavam as galinhas que Alex mencionara, ciscando no solo. Mais longe, uma cabra pastava, à sombra de uma oliveira.
Júlio mordeu os lábios, enquanto se voltava observando o pátio. Não havia nada de encantador ali: alguns tambores de óleo enferrujados amontoados sobre carretas velhas, alguns sacos de cimento e material de construção. Em um canto, um pequeno quartinho de madeira. Júlio olhou e recuou horrorizado; era o banheiro, ou melhor, um buraco no piso, rodeado de cimento.
Quando decidiu voltar, percebeu que Alex o estava observando.— E então, que tal sua nova propriedade, Júlio mou? – caçoou ele.
— É bastante simples — respondeu Júlio, orgulhoso. – Ainda estou tentando encontrar o depósito de lenha.
— Então vai ficar tentando por muito tempo. Em Argoli, quando você quer lenha, tem de recolher gravetos e galhos que encontrar pelo chão, perto das oliveiras. Acho bom você começar a procurar.
— O quê? – explodiu Júlio. – Você pensa que eu vou sair à procura de lenha debaixo desse sol?Alex franziu o cenho ameaçador.
— Eu já lhe disse o que você vai fazer. Não me faça repetir.
— Ah, mil desculpas. E enquanto eu trago água e busco lenha à moda primitiva, o que você estará fazendo, exatamente? Afinal, aqui não existem os cafés para sentar, conversar e jogar com os outros homens. Não é assim que se divide o trabalho nesta região? — Júlio sendo irônico.
— Se você pensa assim... – Deu de ombros. – Mas não se preocupe, matia mou. Vou estar bastante ocupado. Em primeiro lugar, devo providenciar a nossa comida. Espero que você goste de peixe.
— Imagino que não tenha escolha.
— Agora sim você está começando a entender.
— Mas se somos as únicas pessoas na ilha, como vieram parar aqui as galinhas e a estúpida cabra? Parecem estar muito bem cuidadas.
— O nome da cabra é Penélope, e se você pretende tomar leite aqui, trate dela muito bem, Júlio. No entanto, você está certo. Os animais chegaram há poucos dias de Argoli; eu pedi que os trouxessem especialmente para a nossa lua-de-mel.— Devia estar planejando isso há muito tempo.
— Oh, claro que sim. Desde o momento que decidi me casar com você, Júlio mou, em vez de fazê-lo de meu amante.
— Você acredita realmente que eu faria algo assim? — revoltou-se Júlio. - Deveria ter tentado, kyrio. Eu o teria simplesmente esbofeteado e saído de sua vida; teríamos evitado toda essa farsa.
— Como você gosta de se agarrar a ilusões, agapi mou. Desde o dia em que nos conhecemos, eu poderia tê-lo tido no momento que desejasse, e se você tiver uma sombra de honestidade, vai reconhecê-lo. Durante todo o tempo do nosso noivado, não entendia por que não o beijava, por que não o acariciava como você estava ansiando. Cada sorriso, cada palavra, cada olhar seu me diziam que não podia mais esperar para dormir comigo. Fiquei tentado, pode acreditar. Mas havia umas coisas mais importantes naquele momento.
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UMA VIAGEM SEM VOLTA
Romance" vou comprar a mansão, e você será meu" disse Alexandro, inclinou-se e beijando-o nos lábios. Júlio queria dizer não, tentou resistir, manter os lábios cerrados, mas era luta que não podia ganhar. Alexandro com sua sensualidade, estava o subjugando...