— Quanto luxo! – comentou, irônico.
— Não demore muito – respondeu Alex, antes de sair e fechar a porta.Por sorte, ainda sobrara água suficiente para se lavar.
Júlio lavou todo seu corpo e a cabeça, sentindo-se muito melhor. Quando terminou, arrastou a banheira até a porta para esvaziá-la; Alex não estava em parte alguma.Sentia-se relaxado e tão cansado que se dirigiu para o quarto. Colocou as roupas sobre a cadeira, as sandálias no piso
e subiu na cama, que rangia sob o peso dele. Estava quase dormindo quando escutou passos na escada. Sentou-se imediatamente. Alex surgiu no quarto e dirigiu-se a ele, quase gentil.— Então, você ainda está acordado.
Enquanto Júlio o olhava, apreensivo, ele despiu a camisa e deixou-a cair no chão. Era a primeira vez que o via sem camisa. Como que hipnotizado, viu-o tirar o jeans, deixando-o cair junto à camisa: fez a mesma coisa com a cueca. Júlio nunca havia visto um homem nu anteriormente, exceto em filmes ou estátuas. Alex pareceu-lhe um deus ex grego.
Apontando para o monte de roupas no chão, Alex explicou.
— Para ser lavado, amanhã de manhã - disse, um sorriso irônico nos lábios. - Boa noite, meu belo esposo. Durma bem.
Desceu as escadas, silenciosamente.
No dia seguinte, Júlio despertou com ruído de machadadas. Pensou que fosse reflexo de alguma dor de cabeça de cansaço. Levantou-se, vestiu outras roupas, jogando as usadas junto às roupas de Alex, que ele tão cinicamente despira na noite anterior. Colocou as sandálias e desceu.
Encontrou Alex no pátio, trabalhando nas molduras novas para as janelas da casa.
— Kalimera — saudou-o Júlio.
— Metade da manhã já passou - respondeu seco. - Quero café e ovos para o café da manhã. E hoje Penélope deve ser ordenhada.Parecia que o pesadelo não teria fim. Júlio recolheu lenha para o fogão e foi procurar as galinhas; teve certo trabalho em retirar os ovos e levou algumas bicadas enquanto corria para a casa.
Penélope estava pastando pacificamente. Parecia mansa, mas Júlio não tinha nenhuma experiência com cabras. Em Águas Belas, ele havia visto as vacas serem ordenhadas, mas por processo mecanizado, ultramoderno. Pensou em não fazer e mentir para Alex, mas sabia que Penélope sofreria se não fosse ordenhada. Aproximou-se cautelosamente; a cabra não demonstrou nenhum interesse e continuou pastando. Tentou colocar o pequeno balde embaixo dela. Recebeu um coice no joelho. Estava ficando mais complicado do que imaginara. Demorou uma hora, mas finalmente conseguiu um resultado razoável. Voltou mancando para a casa, carregando, vitorioso, o pequeno balde com o leite.Preparou uma omelete com cebolas, tomates, pimentão e batatas. Serviu-o em dois pratos, acompanhado de dois pedaços de pão amanhecido.
Alex lavou as mãos na pia e sentou-se. Comeu em silêncio, sem um elogio.
— Estava boa a omelete? — perguntou Júlio.
— Eu estava com tanta fome que nem sequer reparei. Amanhã você deverá estar de pé à mesma hora que eu. Além de suas obrigações, vai ter de fazer pão.
— Ter de fazer o quê? — indignou-se – Você acha que vou aguentar até quando esse seu tipo de tratamento?
— Vai aguentar até quando eu quiser, disse ele, levantando-se. Quando você tiver aprendido seu lugar, Júlio mou, quando tiver aprendido a ser submisso, aí então eu talvez possa mudar de idéia.
— Eu odeio você — murmurou.
— Verdade, agapi mou? caçoou Alex. No entanto, algo me diz que só tenho de beijá-lo, como naquele dia do lago, para que você se derreta todo. Gostaria de fazer um teste agora?
— Não — murmurou Júlio.Sentia-se extremamente vulnerável. Lavou a louça e demorou mais de uma hora para lavar a roupa. As bolhas que tinha nas mãos se romperam, deixando-as em carne viva. Jamais havia pensado como eram maravilhosas as máquinas de lavar e de secar que tinham em sua antiga casa. Não que ele jamais as tivesse utilizado. Toda a roupa que ele usava, graças à sra. Socorro, voltava miraculosamente limpa e passada, para o armário.
VOCÊ ESTÁ LENDO
UMA VIAGEM SEM VOLTA
Romance" vou comprar a mansão, e você será meu" disse Alexandro, inclinou-se e beijando-o nos lábios. Júlio queria dizer não, tentou resistir, manter os lábios cerrados, mas era luta que não podia ganhar. Alexandro com sua sensualidade, estava o subjugando...