continuação 28

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Recolheu a roupa em um balde plástico e levou- a para secar ao sol.
Voltando para casa, parou para observar Alex trabalhando a madeira com toda habilidade.

— Onde você aprendeu a fazer isso? quis saber Júlio.

— Aqui e em alguns outros lugares.

—  Era nisso que trabalhava antes de...

— Antes de me apoderar dos milhões da família Constantis?
completou ele, seco. Não, Baby. Aprendi porque deveria ser feito, e eu era o homem da casa.

— E por que está consertando as janelas?

— Porque estão estragadas.

— Mas se ninguém vive aqui e não há possibilidade que voltem tão cedo, e também não tem nada pra ser roubado, "quem vai querer roubar coisas velhas também" - pensou Júlio - Porque tá fazendo isso?

— Nós vivemos aqui, Júlio mou.

— Mas só temporariamente.

— E posso saber o que o faz pensar assim? - perguntou, sardônico.

— É óbvio. Você é o presidente de um sem-número de companhias em todo o mundo. Cedo ou tarde terá de voltar ao verdadeiro mundo.

— Mas, para mim, em certa época esse era o verdadeiro mundo. Vamos dizer que eu me cansei de tantas viagens, das cidades grandes e decidi que prefiro esse estilo de vida. Ainda mais, que tenha decidido que desejo ver o meu filho crescendo aqui. Isso o surpreende, não é mesmo? Você estava certo de ter sua própria vida e criar seus filhos em Águas Belas e que tivesse seu próprio nome, não? Mas não será assim, meu adorado esposo.

— É esse seu sonho então, kyrios Alexandros? Manter-me aqui de pés descalços e cuidado de criança.

— E se for? — provocou-o. O que você faria? Pediria clemência?

— Não acredito em você. Agora que já provou do gosto do poder, dificilmente vai abdicar dele. Trazer-me aqui e obrigar-me a esse tipo de vida é um exemplo perfeito. você voltou porque quis, mas jamais poderia voltar a ser o desconhecido Alex de antes, mesmo que assim o desejasse. E não creio que o quisesse.

— Com que autoridade você fala! E, no entanto, mal me conhece. Devo lembrá-lo, agapi mou, que você ainda não conquistou um lugar nem em meu coração, nem em minha cama.

— Por enquanto — respondeu Júlio, tentando não se rebaixar. - Mas isso não continuará assim, se você realmente quiser ter filhos comigo.

— Eu quero um filho. O que ainda não decidi Júlio mou, é se você será o outro pai dele.

Júlio sentiu uma dor profunda, como se ele o tivesse esbofeteado. Deu um grito abafado e correu em direção ao mar as sandálias resvalando- se nas pedras.

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