Voltou-se e se afastou bruscamente dele. Júlio permaneceu onde estava. Percebeu que, por um momento, ele tinha sido afetado pela proximidade dele. Era um bom sinal, uma arma que poderia usar contra ele.
Bebeu água e depois mergulhou as mãos e lavou o rosto de toda a fuligem. Sentia-se bem melhor. Quando voltou para casa, havia dois peixes sobre a mesa, ao lado de um facão. Alex estava acendendo a grelha.
— É o almoço? — perguntou ele. Coitados
— Você preferiria passar fome? — perguntou, seco.
— Não, mas há tanta comida enlatada...
— É para ser usada só em caso de emergência, se eu não conseguir pescar. E agora, trate de limpá-los.
— Limpar, você disse? – engasgou.
— Qual o problema?
— Só um pequeno problema. Jamais toquei em um peixe que não estivesse servido em uma travessa.Alex levantou-se.
— Suas habilidades domésticas são praticamente inexistentes, yineka mou - disse ele, rindo. - Imagino que eu deva estar agradecido por você saber ferver água. Observe.
Alex aproximou-se da mesa, tomou a faca e, com habilidade, começou a limpar um dos peixes. Júlio percebeu horrorizado que ele lhe estendia a faca.
— Agora é sua vez.
— Minha vez? - disse, empalidecendo.– Não creio que possa fazê-lo.
— E eu digo que você não tem escolha. Vai fazê-lo, a menos que pretenda passar o resto da vida sendo um enfeite inútil.Júlio segurou a faca, as mãos trêmulas, e começou a tarefa. Cinco minutos depois, mal podia crer em tal desordem: era muito pouco o que restou do peixe.
— Esse vai ser o seu almoço — comentou ele, implacável.
Sob a orientação de Alex, Júlio colocou o peixe cuidadosamente sobre a grelha e espalhou ervas e azeite de oliva por cima.
Enquanto o peixe estava grelhando, Alex ensinou a preparar salada grega, com pepinos cortados e tomates enormes, azeitonas pretas e pedaços de queijo de cabra, temperado com grande quantidade de azeite de oliva verde e pouco refinado e limão, que ela havia colhido de um limoeiro no jardim.— Parece delicioso — confessou ele.
O aroma do peixe e a aparência da salada abriu o apetite de Júlio. Embora a mesa não se parecesse em nada com o luxo da refeição no Clio, ele mal podia esperar para jantar.
— Bom apetite e aproveite enquanto temos comida fresca — preveniu Alex.
Júlio arregalou os olhos quando viu uma garrafa de vinho meio amarelado nas mãos de Alex.
— É retsina – explicou ele. Já experimentou?
— Não, eu só conheço ouzo.
Alex encheu um copo e estendeu-lhe.
— Provar.
— Meu Deus! O que é isso? - perguntou, depois de provar um gole, engasgando-se.
— É a resina dos tonéis onde o vinho é guardado. É forte demais para você?
— Pensei que fosse parte do castigo, que você estava tentando me envenenar.
— Mas claro que não, agapi mou - disse, irônico. - Minha vingança não será completada tão rapidamente.Para sobremesa comeram uvas que Alex havia trazido de um vinhedo do outro lado da vila. Eram grandes e deliciosamente doces.
— Foi uma refeição maravilhosa.
Júlio estava exausto depois de tanto esforço físico.
— Você não vai dormir ainda, Júlio mou. Só depois de lavar tudo e arrumar a sala.
— Está bem – contemporizou ele. - Vou colocar mais água no fogo.Quando terminou, o sol já se punha, mas a temperatura estava quente e não havia brisa. Júlio afastou uma mecha dos cabelos que lhe caía sobre os olhos, sonhando com o banheiro de sua antiga casa. As mãos estavam vermelhas e cheias de bolhas.
Quando Alex voltou para tomar o café, que Júlio havia preparado, Júlio perguntou-lhe:— Não há nenhum chuveiro?
— Não, mas temos uma banheira. Você quer que eu a traga para a sala?Alex voltou com uma pequena banheira, que mal dava para uma pessoa sentar-se. Trouxe-lhe uma toalha áspera e uma barra de sabão grosseiro.
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UMA VIAGEM SEM VOLTA
Romantik" vou comprar a mansão, e você será meu" disse Alexandro, inclinou-se e beijando-o nos lábios. Júlio queria dizer não, tentou resistir, manter os lábios cerrados, mas era luta que não podia ganhar. Alexandro com sua sensualidade, estava o subjugando...