Júlio abraçou-a, os olhos cheios de lágrimas.
— Obrigado, sra. Maria, eu também sentirei sua falta.
Argoli estava bonita no calor da tarde, notou Júlio, enquanto percorria suas ruelas desertas. Nenhuma brisa movia as folhas das oliveiras e o único ruído era o cantar das cigarras.
Yannis deveria buscá-lo dentro de três horas e levá-lo diretamente para Pireus. Assim que chegasse em Atenas, deveria passar a noite em um hotel e, no dia seguinte, partiria para a capital de Águas Belas.
Felizmente, com suas roupas havia encontrado dinheiro e cartões de crédito.Mas antes tinha de voltar onde seu breve casamento, um misto de tragédia e comédia, começou.
Quando chegou à casa de Baraskevi, estacou e deu uma boa examinada nela. Os trabalhos de reparação que Alex empreendera fizeram uma grande diferença na casa. E ainda havia bastante terreno nos fundos, se quisessem construir um ou dois...
Parou de repente. Não havia sentido fazer quaisquer planos.
O que ele deveria fazer era confiar na carta que deixou para Alex. Baseará todas as suas esperanças em algo muito frágil, mas era sua última cartada. "Sou um jogador, tal qual meu pai", pensou Júlio. Mas havia muito mais em jogo: era toda sua felicidade, toda sua razão de viver.
Entrou na casa. A poeira já começava a se acumular no piso. Pensava se os planos de Alex para que os antigos moradores retornassem à ilha dariam certo, e se ele voltaria a usar a casa. Maria Xanthe havia sido muito franca contando toda a brutal verdade sobre os motivos que a fizeram deixar Alex na ilha, aos cuidados de Baraskevi. Por outro lado, para Júlio, não poderia haver lugar melhor para se criar um filho.
Era por isso então que Alex apresentava esse comportamento. Aquela vulnerabilidade que pressentia era muito mais profunda do que ele jamais poderia imaginar. Nem mesmo a devoção de Baraskevi conseguira protegê-lo do fato de que sua mãe realmente o abandonara. Confrontar-se com essa realidade abalara-o tanto a ponto de fazê-lo questionar sua própria existência.
"E eu só contrubui para piorar a situação", lamentou-se Júlio.
Lembrando-se da época em que o conheceu, Júlio pensava como havia tido oportunidades de mudar a opinião que ele tinha dele. Porém, naquela época; ele ainda era um menino tolo, orgulhoso e mimado.
Subiu lentamente a escada que conduzia ao seu antigo quarto. Estava igual, exceto que não via em nenhum lugar as velhas roupas a blusa no tom de verde desbotado e a calça na cor de areia de linho, que queria levar como lembrança, talvez a única que teria da vida em comum com Alex.
Afinal, não havia nenhuma garantia de que ele lesse a carta. Talvez a jogasse no lixo, sem ao menos abri-la, aliviado com a partida dele.
Com um suspiro, desceu e saiu para o sol. Talvez tivesse sido erro voltar a Argoli. O melhor teria sido ir direto para Pireus, sem reviver lembranças que só lhe causavam dor.
Decidiu ir até a fonte para tomar um pouco de água fresca. Recolheu uma garrafa velha do pátio e, depois de lavála repetidas vezes na água cristalina, encheu-a até a borda.
Alex estava de pé há alguns metros, olhando-o, e quando Júlio se deu conta, foi tão inesperado, tão evocativo, que ele gritou, deixando cair a garrafa que se espatifou nas pedras.
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UMA VIAGEM SEM VOLTA
Romance" vou comprar a mansão, e você será meu" disse Alexandro, inclinou-se e beijando-o nos lábios. Júlio queria dizer não, tentou resistir, manter os lábios cerrados, mas era luta que não podia ganhar. Alexandro com sua sensualidade, estava o subjugando...