continuação 33

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Era óbvio que ele estava comparando as roupas dele com as que usara naquela noite sofisticada quando haviam jantado juntos, há algum tempo atrás.

— Não exatamente... - tentou explicar.  É dificil dizer...
— Não - interrompeu Alex. É muito simples.

Alex se aproximou  sem que ninguém se desse conta. Júlio sobressaltou-se e Paul Constantis deu um passo para trás.

— Alexandros - gaguejou Paul. Você aqui?
— E por que não? Júlio mou, conte ao meu primo Paul como você veio parar aqui e por quê. Ele está ansioso para saber e estou certo de que achará a história fascinante.

Paul olhava um e outro, intrigado. Tentou dar risada.

— Há algum mistério? Eu... eu nem sabia que vocês se conheciam. Devo estar sendo inconveniente...
— Na verdade, você está sim, Paul - afirmou Júlio, o rosto altivo. Então, Alex e eu estamos passando aqui nossa lua-de-mel.

Houve um longo silêncio pesado e em seguida Paul começou a rir ruidosamente.

— É uma brincadeira? Faz apenas algumas semanas que nos encontramos, Júlio, e você quer dizer que neste meio tempo ficou conhecendo meu primo e se casou com ele? É muito difícil de acreditar!
— Mas é verdade – assegurou Júlio, colocando-se ao lado de Alex — Alex e eu nos casamos há dez dias, não é, querido?
— É verdade - confirmou Alex, sem demonstrar nenhuma emoção.
— Mas não pode ter acontecido! Deveria ter saído alguma nota nos jornais. Não deixariam escapar um acontecimento como esse - insistia Paul, nervoso. — Por que a família não foi comunicada?
— Minha mãe foi — respondeu Alex, gelado. - Pensei que ela lhe daria a notícia. Como você está aqui, presumo que estão hospedados na casa dela, não é?
— Sim, todos nós. - confirmou Paul, contrariado. - Ela nos convidou; disse que seria uma reconciliação e que tinha Uma surpresa para nós. Pensamos que... quer dizer... não podíamos imaginar...
— Entendo - disse Alex, irônico. E agora você sabe.
— É, agora eu sei - murmurou Paul, mordendo os lábios. - Mas por que vocês vieram para cá? Isso não é lugar para lua-de-mel, po po po. Nenhum casal faria isso. Nenhuma pessoa aceitaria isso...
— Você nunca ouviu falar de lua-de-mel de trabalho?
interrompeu Júlio, sereno.

Todos os lugares nos pareceram tão comuns que quando Alex comentou que pretendia restaurar essa casa em uma ilha deserta, eu me entusiasmei com a idéia; pareceu algo extraordinariamente romântico. E tem sido maravilhoso. A casa está ficando linda e será um lugar perfeito para um dia trazermos nossos filhos.

Houve uma pausa, como se Paul estivesse tentando compreender o que se passava.

—  Você é muito corajoso, Júlio mou, e muito leal para aguentar tal situação. No entanto, quando passei com o veleiro por aqui há alguns dias, tive a nítida impressão de que um rapaz estava pedindo socorro, embora me parecera uma alucinação. Não é estranho?

— Totalmente absurdo - contestou Júlio, passando o braço pelo braço de Alex.
— Em vez disso, você é o companheiro de Alex, e bem real. E quando pretendem deixar essa reclusão idílica?
— Agora que nosso segredo foi descoberto, não há razão para continuarmos - respondeu Alex, brusco. Quando pocê chegar em Lymnos, por favor peça à minha mãe para mandar Yannis nos buscar imediatamente.
— Com o maior prazer assentiu Paul, já sorridente, Ela sabe que vocês estão aquí?
— Não. Ela tem consciência de que a lua-de-mel é algo privado.
— É claro concordou Paul. E sua mãe é especialista em guardar segredos, não é mesmo? Será uma surpresa formidável, não só para ela como para toda minha família. Todos vão adorar o Júlio.

Com isso, Paul se despediu, subindo no veleiro sem olhar para trás. Assim que ele sumiu, Alex se afastou bruscamente de Júlio.

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