Romane
Direciono inúmeros socos contra o saco de pancadas diante de mim. Vejo os vultos ininterruptos, mas sem contar os movimentos. Posso enxergar a ponta esfolada dos dedos contra o tecido encorpado do equipamento, porém não me importo.
Nada disso importa no momento.
A porra daquela filha da puta beijou a minha garota.
Ela simplesmente beijou Adèle e poderia provavelmente ter feito sei lá mais o que se eu não tivesse intervido. E por mais que eu esteja ciente de que Vilde Falch é a escolha ideal para aquela mulher, nunca permitiria isso. Jamais poderia aceitar que ela fosse de outra.
Foda-se se pareço egoísta, embora saiba que estou sendo. Estou completamente cega por ela a ponto de enviar a porra da colega de trabalho para uma fazenda no interior da Noruega e não, caralho, Vilde decerto não estará viajando para a sua almejada vaga na porra da CNN.
Contudo, é melhor do que a alternativa.
Poderia facilmente estourar os miolos da sua cabeça apenas por ter tocado nela. Encostado em seus lábios, segurado o seu pescoço e dito coisas para Adèle.
Meu Deus, a MINHA ADÈLE!
Vocifero alto ao socar pela última vez, fazendo com que o saco de pancadas rasgue ao meio. Ofego, com os joelhos flexionados, ignorando o chamado de Hanna do outro lado da estufa.
As gotas de suor pingam sob o tatame azul, misturando-se com as dos sangue nos dedos machucados.
-Pensando ainda no seu cordeirinho, Estivalet? -Debocha e eu balanço a cabeça, buscando suavizar a raiva cegante que me consome no momento.
-Não fode, Volk.
Ouço seus passos atrás de mim e em seguida ela estende uma garrafa à frente do meu rosto. Aceito, entornando metade do conteúdo garganta abaixo.
-Por que você simplesmente não transa logo com essa garota? Porra, tá parecendo um cachorrinho no cio. -Soca o meu ombro, sobe no tatame, e para diante de mim. -Todas as mulheres te querem, Romane. Sabe disso, não sabe?
Bufo alto, descendo do ringue e recolhendo uma toalha limpa da mesinha ao lado. Enxugo o rosto vermelho e em seguida junto as sobrancelhas.
-Ela não é nada disso, Volk.
Minha irmã junta os lábios e arremessa alguns socos contra o equipamento defeituoso, lançando um olhar sério na minha direção.
-É o que ela deve ser, Estivalet. Não se apaixone, ok? Não possuímos esse luxo e você sabe disso, certo?
Balanço a cabeça, sorrindo duro. Desvio o olhar e tensiono a mandíbula, verificando as mãos escoriadas. Sei que está completamente certa e arrastar Adèle para a minha vida é um puta erro, mas porra, eu não consigo me afastar.
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Lãng mạnEm meio às ruas sinuosas de Paris, uma série de assassinatos brutais de ex-presidiários deixa a cidade em pânico. A jovem jornalista AdÚle, determinada à investigar e documentar os crimes chocantes, se vê envolvida em uma teia de mistério e perigo. ...