𝐓𝐚𝐥𝐡𝐚𝐫𝐢𝐊 𝐚𝐚 𝐊𝐚𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐞 𝐬𝐞𝐱𝐚

175 24 0
                                    

Romane

Vários dias da semana se passaram desde o assassinato de Elena Smaine

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Vários dias da semana se passaram desde o assassinato de Elena Smaine. Hanna e eu verificamos as notícias locais de Chartres, descobrindo que a polícia logo foi chamada para a perícia. Entretanto, como Smaine foi uma da lista de mais procuradas da cidade, nenhuma pista foi de fato concreta e as únicas possíveis suspeitas até o momento eram as dançarinas presentes no quarto.

Dias se passaram e ainda penso nela. Me pego imaginando Adèle de todas as formas junta à mim e oh Deus, como eu queria, que fosse apenas no quesito sexual. Porém nunca foi. Jamais será só isso. Adèle resgatou uma parte morta dentro de mim e agora que essa parte acordou, sentiu de novo, se viu livre outra vez, não quer desaparecer tão cedo.

Não existe mais Elena. Ömer desconhece de sua existência e eu continuo temendo por ela. Continuo a desejando e, de fato sei que, faria qualquer coisa por essa mulher. Por conta disso, nesse exato instante, estou presa na cozinha vestindo um avental amarrado ao redor da cintura e cozinhando massa fresca de talharim para uma jovem loira de vinte e três anos que possui um poder absurdo capaz de me destruir da maneira que quiser.

Enquanto Hanna me fita com as sobrancelhas erguidas atrás do balcão de mármore. Seu cabelo loiro está preso em um coque baixo e ela veste uma gola preta até o queixo.

-Porra, você está completamente fodida.

Crispo a testa ao mesmo tempo que sugo o macarrão com a boca. Volk solta uma gargalhada alta ecoando pela cozinha.

-É crime chamar ela para um jantar? Eu assassinei a ex-namorada dela, Volk.

Minha irmã estala a língua e pesca uma fatia de queijo sobre a tábua. Os olhos semicerrados na minha direção.

-Adèle será a sobremesa?

-Só se ela quiser.

-Você está se queimando, Estivalet. Nunca te disseram que um lobo jamais poderia se apaixonar por um cordeiro?

Engulo em seco.

-Não fale besteira. Não estou apaixonada. Nunca estive.

-Você nunca esteve até agora. Você assassinou a namorada dela e agora cozinha receita vegetariana pra uma garota que nunca nem ao menos transou?

Corto os cogumelos e suspiro fundo. Hanna nunca entenderia o sentimento vicioso por Adèle, por mais que tenha vivido metade da vida comigo. Ela nunca de fato conheceu Camille Santiesteban e a sua história.

-A ex-namorada. E porra, você vai ficar aqui me azarando? Eu não posso simplesmente fingir que a vida da nova Romane Estivalet não é apenas torturar e matar criminosos? Não tenho o direito de foder com uma garota bonita e legal? Preciso me agarrar ao sentimento de morte o tempo todo? É isso?

Derrubo a faca na pia e seguro a ponta da bancada com as mãos, desviando dos olhos de Hanna atrás de mim.

-Estou te alertando, Camille. Não fuja do seu objetivo por uma mulher qualquer. Ela não vingará todas as outras que morreram vítimas desses porcos.

Minutos mais tarde, ouço o elevador abrir e em seguida descer. Giro o corpo e encontro a bancada vazia. Hanna se foi, deixando o sentimento terrível de culpa flutuar dentro do meu peito.

Contudo, ele logo desaparece, assim que percebo o relógio de pêndulo marcar 17:20 nos ponteiros. Sinto o coração querer pular para fora da caixa torácica e me encaminho para o banho, ansiosa e até um pouco nervosa em buscar Adèle daqui há poucos minutos.

Por fim, uma vez na vida, me sinto viva de verdade. E volto a enxergar como a Camille enterrada no fundo da alma. Adèle resgatou o que há de melhor em mim. Recuperando, pouco a pouco, a garotinha de oito anos de idade que amava o pai e idolatrava a avó. A garotinha que acreditava na justiça e no amor. Em um amor desaparecido por décadas e que agora, finalmente agora, consigo enxergá-lo outra vez.

𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐌𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora