𝐍𝐚̃𝐨 𝐮𝐬𝐞 𝐫𝐨𝐮𝐩𝐚𝐬 𝐛𝐫𝐚𝐧𝐜𝐚𝐬 𝐜𝐚𝐬𝐨 𝐩𝐫𝐞𝐭𝐞𝐧𝐝𝐚 𝐬𝐚𝐧𝐠𝐫𝐚𝐫

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Adèle

Se há cinco meses atrás alguém tivesse dito que eu estaria, nesse exato momento, sentada no banco de uma quermesse católica jogando bingo com a minha mãe e a minha namorada serial killer procurada pela polícia

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Se há cinco meses atrás alguém tivesse dito que eu estaria, nesse exato momento, sentada no banco de uma quermesse católica jogando bingo com a minha mãe e a minha namorada serial killer procurada pela polícia...

Eu provavelmente teria gargalhado na cara dessa pessoa. E esse alguém seria Jean.

-Adèle Garrel! -Meu amigo exclama em tom agudo do outro lado do telefone, o que faz com que eu afaste o aparelho do ouvido. -Isso renderia uma ótima fanfic. Elisa realmente levou vocês em um bingo?!

Escondo o riso com a mão enquanto observo minha mãe ensinar Camille marcar os números das colunas na tabela em seu colo. A morena mantém um sorriso amarelo no rosto ao mesmo tempo que Elisa explica como funciona as rodadas e o sorteio das numerações. Minha mãe parece animada, o sorriso jovial exposto no rosto, assim como a voz leve e bem-disposta.

-E você por acaso esqueceu o jeito de Elisa Garrel, Jean?! Ela nos convidou hoje cedo para passearmos no Vale e acabamos vindo parar em um bingo de igreja! -Ouço a risada histérica do meu amigo no outro lado da linha e não sou capaz de segurar a minha própria. Elisa e Camille me olham de forma simultânea com as sobrancelhas arqueadas, tal como outras senhoras do bingo. Limpo a garganta e sussurro contra o aparelho: Preciso ir! Ao retornar de volta à Paris, conto em detalhes tudo o que ocorreu nessa viagem!

E tudo, decerto, não inclui a ameaça do arqui-inimigo da minha namorada.

Busco afastar os devaneios sombrios que  se materializam na mente, resolvendo me juntar a explicação de minha mãe sobre o bingo para a minha namorada.

Namorada.

Como isso foi acontecer?

-Não é difícil, querida. Conseguiu captar tudo?

A morena assente em silêncio, verificando a tabela. Uma caneta esferográfica de tinta preta está posta em sua mão esquerda e ela lança uma piscadela para mim ao levantar o olhar. Sinto as bochechas ruborizarem.

-Tive uma ótima professora. Não tem como errar.

Minha mãe entona uma risada aguda e cruza uma perna sobre a outra. Logo em seguida, põe o óculos de armação quadrada sobre o nariz, direcionando à atenção ao senhor falante no púlpito.

O salão de festas da igreja está decorado com bandeirinhas e outras decorações do dia de Ascensão. Um palco improvisado foi montado no púlpito e vejo caixas amplificadoras ao lado do padre.

Noto as senhorinhas bisbilhoteiras cochicharem ao meu lado, olhando com desdém para Camille sentada entre eu e minha mãe. Ela usa uma calça de couro preta justa, botas Hermés e os braços tatuados estão expostos sob uma blusa branca de algodão. Acrescentando o tecido transparente em contraste com os desenhos que possui na barriga e os bicos dos seios, fazendo com que tudo fique visível. Rio baixo e em seguida entrelaço os dedos nos seus, recebendo um absoluto silêncio dos cochichos anteriores.

𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐌𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora