𝐒𝐞 𝐦𝐞 𝐚𝐦𝐚, 𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐩𝐨𝐫 𝐦𝐢𝐦

142 23 7
                                    

Adèle

Corro sobre as canelas assim que zarpo, como um furacão, do táxi estacionado à frente do enorme edifício de cor escura

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Corro sobre as canelas assim que zarpo, como um furacão, do táxi estacionado à frente do enorme edifício de cor escura. Desatendendo ao simpático cumprimento de Luigi, avanço como uma gazela em direção ao elevador no fim do hall.

Meus cabelos voam como chicotes ao redor do rosto e me mantenho indiferente ao semblante ambíguo do senhor chinês ao lado.

Batuco a perna direita em angústia no mesmo tempo que observo a troca de andares pelo visor digital do elevador. Logo ao chegar na cobertura, volto à correr como uma louca pelos orbes do apartamento de Camille. Inspeciono a cozinha. A sala. O banheiro. E me encontro resmungando chegando em seu quarto. Avisto os cabelos escuros por trás da cortina prateada e premedito os xingamentos presentes na ponta da língua.

Porém, no minuto em que nossos olhares se cruzam, estaciono o corpo e suspiro com a visão da mulher machucada a poucos metros de mim.

Camille possui um corte profundo próximo ao supercílio, e por mais que estivesse parcialmente hermético, continua feio. Muito feio. Noto manchas roxas e esverdeadas ao redor do olho direito, assim como em seu quadril e clavícula. Meus olhos abrem-se ainda mais em puro desespero ao observar um ferimento já suturado na costela e arranhões em suas bochechas bonitas.

As pupilas escuras me esquadrinham. O semblante parece cansado e me pego segurando o choro ao vê-la dessa maneira, nesse estado. Aquele porco havia feito isso. Aquele monstro machucou a minha mulher. A mulher que não demonstra medo por nada. Que consegue imobilizar um cara com quase dois metros de altura apenas lhe dando um mata leão.

Despenco diante dos seus joelhos. Minhas mãos vagam por suas pernas e não posso conter as lágrimas quentes que logo em seguida escorrem pelos olhos. Camille ergue os lábios carnudos para cima, me oferecendo um sorriso forte e ao mesmo tempo cansado.

-Estou bem, meu amor. -Sua voz soa rouca e eu a puxo contra o rosto, tomando cuidado com os ferimentos. -Estou aqui. Estou viva.

Me vejo sufocando um soluço ao especular sua face. Toco superficialmente o corte próximo a sobrancelha e o arranhão sobre a maçã do rosto. Camille se contrai.

-Você tem noção que poderia ter morrido?! -Grito. Meu peito dói assim que faço e mais lágrimas resvalam pelas bochechas. -Você sumiu. Me deixou maluca. Eu pensei que estivesse morta!

A morena afaga meus cabelos com os dedos. Em meio ao toque, enxergo um corte visível no lábio inferior. Um soco, talvez?

-Não tem como morrer duas vezes, Ojitos. -Seus lábios pousam contra o topo da minha cabeça e eu arquejo mediante ao toque. -Aliás, a partir de agora serei uma mulher religiosa. Vale a pena se converter após estar diante de uma figura divina.

Seus dedos deslizam por toda a extensão da minha coluna e eu desgrudo a cabeça do seu tronco, encarando seus olhos ao mesmo tempo que me perscrutam.

-O que aconteceu?

𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐌𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora