𝐍𝐮𝐧𝐜𝐚 𝐪𝐮𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐜𝐚𝐥𝐚𝐜𝐚𝐫 𝐣𝐮𝐢́𝐳𝐚 𝐧𝐚 𝐜𝐚𝐛𝐞𝐜̧𝐚 𝐝𝐞 𝐮𝐊 𝐥𝐚𝐮𝐜𝐚

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Camille

Mordo os lábios até sentir o gosto metálico inundar a boca

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Mordo os lábios até sentir o gosto metálico inundar a boca. Olho para baixo, conforme Hanna retoma a costurar o ferimento aberto na costela esquerda. Infelizmente, a porra daquele infeliz possuía uma das facas a qual rasguei a garganta dos seus soldados. Por sorte, o queimei vivo antes que pudesse perfurar o meu coração.

-Estou quase terminando. -Avisa Volk, enquanto busco ignorar seus dedos habilidosos remendarem mais uma vez a carne.

Suspiro fundo e tomo outro gole de conhaque. Observo pelo espelho da estufa, cortes e hematomas por todo o corpo. Matteo sabia lutar como um bom garotinho do FBI, de onde saiu aos 22 anos e resolveu se filiar a Ömer e toda a sujeira da organização.

-Visitou Adèle?

Percebo Hanna engolir e em seguida responde sem me olhar nos olhos. Embora reprove seu gesto, permaneço calada.

-A vi na cafeteria. Disse o que precisei dizer. -Dá o ponto no ferimento e em sequência gruda os olhos azuis nos meus. As pupilas ferozes como as de um gato selvagem. -Onde está com a cabeça, Camille?

Camille. Isso não parece ser bom.

-Não sei do que está falando.

-Você sabe bem. Está deixando toda a nossa história para trás. Nossos objetivos por causa dela? Por causa de uma mulher?

Tensiono o maxilar e entorno novamente o resto do conhaque que desce queimando a garganta. A fito de esguelha, os ferimentos no corpo pulsando de forma fulminante. Entendo que Volk reprova a minha conduta quanto à Adèle. À me apaixonar por ela. Mas eu não me importo. Não consigo me importar com mais nada a não ser com a mulher que se tornou a dona da minha vida.

-Não terei outra discussão com você, Volk. Se deseja continuar matando porcos, faça. Mas isso não é para mim. Não mais. E você sabe muito bem disso, então por que voltou a tocar na porra do assunto?!

Hanna permanece com o semblante impassível. O maxilar travado e os músculos dos braços se movimentam sob a camiseta preta enquanto desenrola a gaze.

-Pretendo colocar juízo na sua cabeça, Camille. Está disposta a nos sacrificar por uma mulher? Sobrevivemos por conta de Edmund! Ou você esqueceu disso?

-Que porra está dizendo? Tudo o que fiz durante esses 13 anos foi vingança, Hanna! Vingança. Por você. Por Ed. Julien, meu pai e minha avó. -Me aproximo e ponho um dedo contra seu rosto. -Você não tem esse direito. Não jogue baixo comigo, Volk. Eu sou a sua irmã e sempre fiz o que pude para nos proteger e agora acabou! Acabou! Você não compreende? Eu a amo! Não consegue amolecer esse coração fodido nem por um minuto? Nem por um minuto?!

Por um momento, cogito que falará algo mais. Gritará outra vez o quanto estou errada ou pegará uma de suas facas, atirar contra mim e consequentemente me matar. Porém, minha irmã abaixa a cabeça, devolve a gaze ao kit de primeiros socorros e funga o nariz. Levanta o olhar até o meu e passa as mãos pelos cabelos.

-Você será a responsável pela morte dela. E após isso, será pela nossa também.

𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐌𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora