𝐍𝐚̃𝐚 𝐪𝐮𝐞𝐫𝐚 𝐯𝐢𝐯𝐞𝐫 𝐮𝐊𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐝𝐞 𝐊𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫𝐚 𝐬𝐞𝐊 𝐯𝐚𝐜𝐞̂ 𝐧𝐞𝐥𝐚

169 26 5
                                    

Adèle

Estico os braços acima da cabeça, bocejando ainda sonolenta

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Estico os braços acima da cabeça, bocejando ainda sonolenta. Olho para baixo e noto o tecido fofo e quente envolto nas pernas. Estou na casa de Romane. Mais precisamente em sua cama, com a mulher deitada em sono profundo ao meu lado.

Inclino o corpo, apoiada sobre um dos braços, afundando o cotovelo no colchão enquanto a admiro em silêncio. As pálpebras fechadas e os cílios enormes curvados como os de um bebê, os lábios carnudos e rosados, os diversos cachos negros que invadem seu rosto e a fazem parecer quase vulnerável. Deposito uma das mechas atrás da sua orelha pequena e vejo Romane suspirar de forma suave. Sorrio e logo em seguida enrugo as sobrancelhas, lembrando dos acontecimentos da noite anterior. A briga e o incêndio contado por ela.

Havia passado por tantas coisas, relatado que não falava mais com o pai e nem a irmã depois do ocorrido e toda a família que possui agora é Hanna Volk. E eu tinha razão em ter desconfiado do sotaque russo da mulher.

Em meio a olhares admirados e suspiros ofegantes ao nota-lá, recordo que estou sem tomar banho e isso me faz parecer não muito agradável. Romane continua à cheirar como um bebê, tendo Dolce Vita da Dior exalando do pescoço, me deixando inebriada como de costume.

Em confronto ao meu Love Story da Chloé, que por sinal, foi evaporado há horas apenas com o suor do nervoso que passei ontem.

Estendo as pernas para fora da cama bem devagar, tomando todo o cuidado para não acorda-lá. Caminho na ponta dos dedos em direção ao corredor branco atrás da sala, procurando por um banheiro onde possa tomar um banho ou ao menos me refrescar.

Indo em direção à uma das três portas que existem no local, verifico a primeira e percebo que seja um tipo de closet. Constato, embasbacada, os milhares de cabides, tendo ainda mais certeza sobre a situação financeira de Romane. Os conjuntos passados a ferro dos blazers, calças de alfaiataria e coletinhos tweed se encontram perfeitamente alinhados um atrás do outro por ordem de cor. Por um instante, me sinto mal em ser tão desorganizada e recordo do guarda-roupa minúsculo abarrotado de peças diferentes no meu apartamento.

Enquanto fuxico outras portas presentes, sendo que a do final do corredor se encontra trancada, mantenho um semblante intrigado no rosto. Giro a maçaneta da segunda e me deparo com um enorme banheiro arquitetado em mármore preto. Enxergo uma banheira próxima ao box e diversas toalhas brancas empilhadas na mesinha ao lado da pia, inalando o aroma de eucalipto e canela. Em seguida, giro o trinco da porta, retiro as roupas, dobrando-as sobre a tampa da privada. Rodeio os dois registros de temperatura da banheira e aguardo encher até a metade, medindo o estado da água vez ou outra com a mão.

Conforme esfrego o shampoo nos cabelos, que por sinal possui o aroma exato do de Romane, por mais que eu nunca pudesse adivinhar que ela possa usar baunilha, me pego pensando em seu closet. Se torna inevitável cogitar que ela é no mínimo uma mentirosa, pelo menos em relação ao cargo profissional. Só essa banheira deve custar no máximo nove mil euros. E eu até posso comprar uma semelhante caso trabalhe 1 ano inteiro sem direito à folgas semanais e incluindo os finais de semana.

𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐌𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora