Adèle
Victor Gómez está morto.
Por minha causa.
É justamente o monólogo que continuo repetindo desde a última ligação de Henri na tarde de ontem.
-Isabel encontrou o avô desmaiado no beco dos fundos atrás da loja e chamou a ambulância. -Contou ele. –Foi um ataque cardíaco.
-A polícia pretende investigar?
-Eles só sabem que Victor foi uma testemunha sem uso, Adéle. Desconhecem a verdadeira espectadora da pista. Como darão início à uma investigação sem fundamento? Além disso, Victor era um homem velho e o atestado de óbito aponta como infarto fulminante. Isso basta para os tiras.
Agito a cabeça até que chegue ao ponto de me sentir nauseada.
-Victor estava ótimo mais cedo, Henri. Fez tortas para a padaria, trabalhando com a neta...Como alguém morre assim tão de repente?
Henri suspira.
-Isso não é com a gente, Adèle. Nós nos preocupamos com a notícia, com a matéria. -Em seguida, vejo a hesitação e sua voz se torna hesitante e dramática.–Porém, estarei questionando mais uma vez. Pode ter acontecido de alguém escutar a conversa de vocês duas hoje mais cedo?
Nego outra vez, engolindo em seco.
-Não. Não havia ninguém além de nós no local.
-Então vamos torcer para que tenha sido apenas um infarto.
Os domingos na rua do meu prédio costumam estar sempre quentes e agradáveis. Croissants frescos na mesa de madeira rústica da cozinha prontos para serem devorados junto ao chá de hibisco com canela.No entanto, esse se tornou um domingo fora do habitual.
A chuva avança de forma torrencial do lado de fora. Não existem croissants e nem chá de hibisco dentro da chaleira de porcelana. E à princípio, permaneço enrolada entre os lençóis mesmo após às nove.
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RomanceEm meio às ruas sinuosas de Paris, uma série de assassinatos brutais de ex-presidiários deixa a cidade em pânico. A jovem jornalista AdÚle, determinada à investigar e documentar os crimes chocantes, se vê envolvida em uma teia de mistério e perigo. ...