𝐀 𝐬𝐚𝐊𝐛𝐫𝐚 𝐝𝐞 𝐮𝐊𝐚 𝐝𝐮́𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐧𝐚̃𝐚 𝐞́ 𝐚𝐩𝐞𝐧𝐚𝐬 𝐮𝐊 𝐟𝐢𝐥𝐊𝐞 𝐧𝐚𝐢𝐫

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Adèle

Dobro e guardo as últimas peças de roupa dentro da pequena mala roxa de viagem

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Dobro e guardo as últimas peças de roupa dentro da pequena mala roxa de viagem. E percebo, à medida que organizo, que não usei ao menos três conjuntos de roupas nesses cinco dias nos quais estive aqui.

Só pensava em Camille e em como estava sozinha e vulnerável naquele hospital. Por mais que a ligasse todas às noites e obrigasse Julien retirar quatro horas da sua guarda sobre mim e ir visitá-la, permaneci lutando contra o medo de perdê-la todos esses dias.

O medo de acordar e perceber o semblante frio de Julien, horrorizado com a notícia de que Ömer houvesse colocado as mãos nela.

Falando em tal, sei o suficiente ou o mínimo sobre o rapaz. Possui traços asiáticos marcantes, altura mediana, cabelos negros médios e lisos. Fala um francês carregado e um pouco difícil por conta do sotaque do idioma originário. Gentil, embora seja de poucas palavras. Havia se hospedado no bairro e aparecia vez ou outra na janela do meu antigo quarto.

No qual levei inúmeros mini ataques cardíacos.

Minha mãe não parece ter desconfiado de nada até agora. Menti outra vez para Elisa alegando que a ocupação de Camille no hospital foi em razão de um assalto no banco que ela trabalha como segurança. O vinco entre as sobrancelhas costumava me dizer que não havia acreditado em nenhuma palavra da historinha inventada. Entretanto, permaneci calada durante toda a sua inquietação.

-Tem certeza de que prefere ir sozinha, querida? -Pergunta, encostada sobre o batente da porta de madeira. Segura uma caneca de porcelana entre as mãos com as unhas pintadas de azul e sopra o líquido antes de tomar. -Claude se ofereceu para levá-la até o apartamento.

Nego mais uma vez com a cabeça, terminando de arrastar o zíper da mala. Nesse horário, Julien provavelmente já estaria na esquina da rua me aguardando dentro do seu Spin.

-Não precisa, mãe. Chamo um Uber até a estação de trem. Aproveite o fim de semana a dois. Será bom para vocês, não é mesmo?

Elisa me oferece um sorriso tímido em resposta e anui com a cabeça. O semblante parece cansado, e eu me pergunto se o seu relacionamento com Claude não seja o motivo, mesmo que minha mãe tenha afirmado que viveram uma verdadeira lua de mel nos últimos três meses.

-Adèle! Já está indo? -Seu tom de voz como sempre bem ensaiado. Os olhos azuis sorriem junto dos dentes conforme se oferece para arrastar a mala escada abaixo. -Eu ficaria mais que honrado em levá-la até sua casa, sabe disso não é?

Sorrio em resposta e nego outra vez. Meus dedos congelando ao passo que retiro as luvas de crochê da bolsa.

-Não será necessário! Mas quero a presença de vocês dois no natal, prometem? -Claude sorri e acena em resposta, abrindo um dos braços para minha mãe, que prontamente se junta ao seu peito.

𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐌𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora