𝐀 𝐨𝐛𝐬𝐞𝐬𝐬𝐚̃𝐨 𝐞́ 𝐮𝐦 𝐩𝐫𝐚𝐭𝐨 𝐜𝐡𝐞𝐢𝐨 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐨𝐬 𝐬𝐨𝐜𝐢𝐨𝐩𝐚𝐭𝐚𝐬

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Camille

Solto uma lufada de ar ao mesmo tempo que observo os nós dos dedos ficarem brancos ao redor do volante

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Solto uma lufada de ar ao mesmo tempo que observo os nós dos dedos ficarem brancos ao redor do volante. Viro uma esquina e em seguida outra há 100km em uma pista de 50km e dou de ombros sabendo que a última preocupação que tenho é a guarda rodoviária atrás de mim.

Após deixar Adèle no trabalho, que ainda se encontrava claramente nervosa e assustada, digo que estará segura com Henri e seus colegas durante a entrevista. Infelizmente conheço Ömer bem o suficiente para saber que não é doente e burro a ponto de iniciar um tiroteio diante das câmeras. A faço jurar ligar para mim assim que for liberada. Nesse instante, me encontro dirigindo em direção ao apartamento de Hanna, acima da galeria de Artes Laurence Esnol. Por mais que prefira encerrar nossa história no túmulo, preciso descobrir o que sabia sobre Ömer. Se estava em contato com ele ou ganhado qualquer outra pista ou presente secreto como a caixa de fotos hoje de manhã.

Adèle.

Ainda recordo do semblante assustado e mudo ao se deparar com o conteúdo horrendo de dentro. Suas sobrancelhas arqueadas em espanto e os lábios rosados em um O perfeito. Admiro meu próprio esforço por ter mantido o controle diante dela, quando na verdade, me segurei tempo o suficiente para não atirar contra a minha própria cabeça ou quebrar a parede inteira da cozinha em meio aos socos.

Minha Adèle.

Me faz querer morrer o fato de ter chegado tão próximo dela. Tocado-a. Sentido seu cheiro, a textura do cabelo e a maciez da sua pele. Apesar de estar presente na maioria das noites após conhecê-la, em seu quarto, sentada sobre a poltrona de Antony ou me escondendo como um gato no canto do cômodo, Ömer esteve lá.

Trinco os dentes e soco o volante até os dedos se esfolarem. Viro mais uma esquina sem indicar a seta para o veículo de trás e por pouco não causo um acidente.

Como se me importasse com isso.

Sou estúpida. Me sinto como uma ao perceber que sempre tive conhecimento de como Ömer me conhece. Os meus sentimentos. Pensamentos e ações. Sou uma parte dele assim como ele é de mim. E me odeio por isso. Ter se aproximado de Adèle. Tê-la colocado em risco.

Relembro da expressão apavorada no instante que abri a porta do Jeep no estacionamento, após limpar o sangue, apagar as filmagens e infelizmente me descartar do cadáver de Luigi. Foi um homem bom em vida e um dos poucos colegas de confiança que fiz na vida de Romane Estivalet.

Decerto, a polícia investigaria sua morte. Entretanto, não teria ligação entre eu e Adèle e o corpo desaparecido dele. Não tenho certeza se possuía família ou algum parente próximo e me forço a não pensar no assunto conforme estaciono bruscamente ao lado da calçada da galeria.

Aperto o sobretudo contra o corpo, por conta do clima rigoroso de 10º graus no meio do mês de novembro. Caminho com a cabeça baixa ao passo que inspeciono os orbes à procura de algum segurança ou coisa do tipo no saguão ao lado. Uma senhora sai no exato instante em que pretendo ativar todos os interfones a procura de um que atenda e me deixe subir com a desculpa de alguma entrega de flores. Ela segura a porta para mim e agradeço com um enorme sorriso convincente. Subo o primeiro lance de escadas e em seguida o segundo. Paro diante do apartamento 201 e finjo apertar a campainha no mesmo instante que estudo o ângulo das câmeras de segurança.

𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐌𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora